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Nina Horta

Perfil Nina Horta é empresária, escritora e colunista de gastronomia da Folha

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O prêmio Nobel de literatura tem um nome fácil. Mo Yan. Ainda bem.

Por ninahorta
14/10/12 17:43

Mo Yan ganhou o Nobel de literatura. Os chineses chegaram! Li um livro de Mo Yan na sexta e no sábado. Red Sorghum. Sorgo vermelho. Muitos assistiram o filme. É bom? Não vi.

Claro que não é um livro de culinária. Fiquei procurando, por deformação profissional, as comidas. O sorgo, a plantação de sorgo aparece descrita umas 3 vezes em cada página. Quando eu era pequena meu pai contava para eu dormir a história de 3 galinhas perdidas e esfomeadas que a certa altura encontram um pacote de…milho…. do amarelinho. E era tamanha a sensação de fartura ao ouvir as galinhas matando a fome, a barriga estufada, felizes, completas.

Acho que o sorgo que faz o pano de fundo do romance representa alguma coisa, nesse sentido, o grão que serve para tudo, o grão antigo, fálico, vermelho, o patriarcado, a coragem, o esconderijo, o cemitério, aquilo que dá de comer e de beber.

Fui reler Faulkner e Garcia Marques, influências dele. Os dois autores prendem mais a atenção, têm personagens dos quais queremos saber mais. E sinto uma sensação esquisita de ler coisas que aconteceram na China com o estilo de Garcia Marques. Com Cortazar não achei parecido. Será? É um livro bom para quem ainda tem tempo de ler um livro devagar e ler e voltar e aproveitar tudo que está escrito. Eu não tenho mais tempo. E gostei de ter lido isso, fico muito ansiosa quando ganha um prêmio de literatura do qual jamais ouvi falar, imagino que possa estar perdendo um Shakespeare. E ler toda a obra é mais elucidador do um livro só, como fiz.

 

 

 

 

Prêmio Nobel de literatura, um chinês de nome fácil. Mo Yan. Nunca estive tão por fora do assunto, mas não há mal que sempre dure. Leio num dia, Red Sorghum. O Sorgo vermelho, em inglês, um livro pós-Mao.  (Novos assuntos e novos estilos. Escritores começam a questionar a ideologia política imposta por cerca de 30 anos, e tentam examinar com outros olhos sua cultura, história, identidade.)

Um dos autores de maior sucesso na China é Mo Yan, nascido em 1955, e que apareceu em 1980. Influenciado, adivinhem por quem? Gabriel Garcia Márquez, Julio Cortazar, Henryk Sienkiewicz, James Joyce D.H Lawrence, Faulkner e, Lu Xun.

O nome do primeiro livro é A Família do Sorgo Vermelho, um romance passado na pequena cidade onde nasceu. É a história de uma família de camponeses de 1923 a 1976.      Adaptado para o cinema ganhou o Urso de Ouro em 1988, no festival de Berlim.

Narra a resistência chinesa contra os invasores japoneses em 1939, durante a Segunda Guerra mundial. Os protagonistas são pessoas do povo inseridos num romance entre histórico e ficcional e a linha do tempo se move entre passado e presente (para mim um pouco cansativo ter que ficar prestando tanta atenção em quem é quem e quando)“ O herói, que é o bisavô é complexo: trabalhador, assassino, adúltero, bandido e herói nacional lutando contra os invasores japoneses.

O enredo é mais ou menos esse tirado do livro A Subversive Voice in China: The fictional World of Mo Yan  De Shelley Chan.

O Avô Yu Zhanao é um homem bem diferente com um temperamento explosivo. Aos 16 anos, mata o monge que tem um caso com sua mãe viúva e foge da cidade para se tornar um carregador de liteiras. Ao transportar uma noiva (a avó do narrador, no dia de seu casamento,) Yu mata um assaltante que pedia dinheiro aos carregadores e que tentara sequestrar e estuprar a noiva. Três dias depois desvirgina a avó e mata o marido legal dela, mais o sogro.

Mais tarde vive com essa mulher com a qual não é casado. A certa altura, o avô urina num tonel de vinho, um ato de rebelião que ironicamente faz com que o vinho se transforme num vinho de muito melhor qualidade. Mais tarde recruta tropas e transforma-se no celebrado Comandante Yu, que de fato é um bandido líder. Comanda suas tropas pobremente armadas para lutar contra os japoneses sem se submeter nem aos comunistas nem às forças nacionalistas. Nas sua próprias palavras “Quem é bandido? Quem não é bandido? Qualquer um que lute contra os japoneses é um herói nacional.”

Esse tipo de leitura é totalmente novo para os chineses. E de certo modo muda também o modo de ver a literatura chinesa que por acaso tenhamos lido.

É mais ou menos o que posso recomendar para vocês, do blog – Tanto o livro Red Sorghum, de Mo Yan, como um estudo sobre o autor “A Subversive Voice in China. The fictional World of Mo Yan, de  de Shelley Chan. Podem ser comprados na Amazon, Kindle Books.

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  1. Erwin Maack comentou em 21/10/12 at 8:06

    Existe um outro chinês premiado com o Nobel, há doze anos. Chama-se Gao Xingjian. Graças a sua leitura entusiasmada do Sorgo Vermelho, vi o filme e lerei o livro. Obrigado. Deixo uma sugestão , como troca, para você ler a Montanha da Alma, livro daquele autor(Gao). E lá, ele fala bastante de comida. Escrevo um dos trechos que me fez lembrar de você e sua coluna: “Porém meu irmão mais moço e eu tínhamos provado os deliciosos pratos que nossa avó cozinhava, e o que nos deixava a impressão mais forte era o camarão bêbado, cuja carne ainda tremia quando a gente punha na boca. Antes de comer um, era preciso tomar coragem, agarrando-o com as duas mãos “. Pág. 187. Lembro que ele fala e muito de outras coisas também. É magnífico. Fica a sugestão e o agradecimento pelas suas colunas, gostosas de ler. Felicidades. Erwin

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