Como o buffet está em reforma, nesses 5 meses fizemos poucas festas, somente para clientes muito antigos, ajudados pelo buffet da Maria Pena e do Demian e da Pila. Agradeço muito aos dois que me permitiram atender a festas já programadas antes.
A última das festas foi o brunch de casamento da Luiza e do Gui, a noiva filha da Suzana Galvão, florista. Festa que tem a Suzana por perto não é para se preocupar, sai sempre linda.
Suzana, (mãe da noiva) e eu não brigamos por causa da comida de um brunch. Temos exatamente o mesmo conceito, aliás, as mudanças que fiz no menu foram mínimas, já chegou pronto.
Achamos que no brunch as pessoas estão com fome – e é a hora que querem comer aquilo que gostam – comida de conforto, comida de alma. Comida de costume.
Na hora do jantar somos capazes de traçar um torta de siri mole com molho de algas, mas de manhã? Misericórdia, onde está meu pãozinho com manteiga?
E, com simplicidade, afogada na beleza dos arranjos, também simples, deu-se a festa com grande sucesso. (Sem comentários para a dificuldade tremenda que é fazer uma festa para 230 pessoas que pareça muito “simples”)
local – Jardim da casa, totalmente livre
Horário, 12 h de um sábado
Convidados- Parentes e amigos de longa data, gente que viu Luiza crescer. Mais uns dias e haverá outra festa, uma balada. (Foi assim que Suzana resolveu ao casar as filhas. 3 festas pelo menos.)
O que me encanta na família toda é a falta de frescura, ou espontaneidade. Isto é, não são nada nervosos e encanados para casar, quase um milagre.
Já fiz o casamento de Victoria, a mais velha, e agora da Luiza que fundou a Bothaniqueta, junto à mãe. Trabalham nos próprios casamentos , sem parar, fazendo de tudo, carregando peso, até meia hora antes, senão menos.
Ao verem a hora, sobem a escada correndo, mães e filhas e descem lindas de morrer a tempo de receber o primeiro convidado. Victoria faz as maquillages, Suzana os buquês e arranjos de cabelo, e vapt vupt, é enfiar os vestidos e aparecerem, lindas.
(Os maridos e os noivos são os mais aflitos, mas assim mesmo, pouco)
Bom, vamos à comida da festa:
Tipo de serviço – buffet americano com algumas mesas postas.
Mesas de apoio, grandes e pequenas.
Menu-
Pirulitos de massinha e pignoli
Espetos grelhados de tomatinho, abobrinha, pó de azeitona.
Mini sanduíches ingleses de pepino
Pães variados
Tostex variados
Ovos mexidos feitos na hora
Gravlax e salmão escocês com creme azedo
Panquequinhas americanas com seus acompanhamentos:
Maple, geleias, favos de mel, manteiga.
Ragoût de cogumelos
Salada caprese
Pernil assado e presunto de Parma acompanhados por cebolinhas brancas caramelizadas, sálvia, ameixas pretas, castanhas portuguesas.
Sopa de abóbora.
Arroz de bacalhau
Pasta oriental
Sobremesa –Doces e queijos brasileiros.
Menu – Nina Horta
Cozinha- Nalva e Ricardo Siginore
Buffets – Maria Kalili e Nina Horta
Agora vamos explicar melhor:
Logo na entrada, mesa com chás, café, leite, chocolate.
Samovares para água quente, e aparelhos de chá menores para serem levados pelas copeiras até as pessoas que não queriam se levantar.
Nessa mesa sanduichinhos ingleses de pepino, clássicos, refrescantes. E pequenas rabanadas de brioche e amêndoas feitas por Renato Blinder, grande pâtissier e padeiro.
Quem quisesse tomar o café da manhã, já começava por aqui e quem chegou mais tarde já podia se dirigir imediatamente para um pequeno almoço. Buffet com salada, burratas muito frescas sobre grossas fatias de tomate momotaro.
Vejam que não havia nenhum ingrediente exótico ou diferente. Tudo que as pessoas gostam e comem quando podem, ie ingredientes muito frescos.
Os pães também eram personagens principais e de honra.
Pela primeira vez fizemos pães na própria festa, ie assamos na própria festa. O padeiro-cozinheiro- boleiro, Renato Blinder entregou os pães crus e levamos ao forno na hora de servir, o que faz uma grande diferença.
O mesmo com os pães de queijo, daqueles pequenos. Confesso que gosto dos grandes, crocantes por fora e borrachentos por dentro, com uma boa manteiga por perto.
Outro ponto muito concorrido foi o do TOSTEX. Quem é que não se mata por um tostex bem feito?
Compramos uma máquina industrial, não era nada feia, geralmente essas coisas funcionais e profissionais não são feias. Ela cumpriu exemplarmente sua tarefa, nem foram necessárias aquelas tostequeiras individuais, antigas, que também funcionam muito bem.
Toda essa parafernália de máquinas era justamente em frente da cozinha do pai da noiva, cozinha externa, no quintal, com fogão, grelha, forno, chapa, geladeira, que ele orgulhosamente estreava naquele dia, ou melhor, que estreávamos naquele dia.
Agora , o peixe. Bem sabemos que o peixe defumado não é costume brasileiro. Mas, já nos acostumamos e gostamos. Combina bem com os ovos mexidos, com creme azedo, a cebolinha, o ragoût de cogumelos e com pão quentinho saído do forno.
Para completar, já pendendo para o lunch do brunch, o pernil já cortado, muito bem remontado. O acompanhamento era de cebolinha branca caramelada com ameixas pretas e castanhas portuguesas.(Por quanto tempo o pernil foi relegado ao setor de comida brega! Demorou quase 30 anos para se reabillitar. Vejam como somos irracionais em matéria de comida! A nossa carne mais saborosa e não podíamos comê-la!)
Os chefs, atualmente servem o pernil entremeado com fatias de presunto de Parma. Novidades.Já fizemos muito isso, é bom pois salga bem o pernil, fica bonito, mas dessa vez servimos separados. Cada um que misturasse no próprio prato, se quisesse.
Já ia me esquecendo de uma mesinha que estava meio de escanteio meio de escanteio com uma sopa de abóbora. Não sabíamos como estaria o dia. Quente demais, frio demais? A sopinha era para o frio, fez um dia glorioso e assim mesmo tomaram a sopa toda. Era uma panela de cobre com uma sopa creme com tempero de zimbro. Quando servimos sopas em brunches nunca é alguma coisa com muito caldo de carne, gosto de tutano, fundo forte. Era abóbora com creme, mesmo, fragrante.
Talvez seja o substituto do antigo mingau… forra o estômago, permite que as pessoas bebam mais.
Foram passadas em 200 cumbucas antigas, francesas,aquelas onde os franceses da Provence tomam seus café au lait, pela manhã.
Bem, bem mais tarde,beeeeeem mais tarde, ainda comeram um arroz de bacalhau ou uma massinha com tempero oriental.
Acho que já chega, não?
Mas, ninguém contava com o esparramo da sobremesa. Era a sala de jantar da casa, com um armário antigo cheio de prateleiras, e as prateleiras cheias de bolos e biscoitos e compotas e toetas e rocamboles, e chocolates em lindas compoteiras.
Compota de figos, de goiaba, de abóbora no cal, doce de leite, etc e tal, e outro móvel de gavetas abertas cheias de bem casados, paçoquinhas, pés de moleque e uma mesinha só para morangos com chantilly e suspiros.
Ah, sem esquecer os queijos mineiros da Serra da Canastra, do Reino…
Entenderam? Lambuzamento geral. Pecado da gula.
Foi uma tarde linda e no fim da festa, a lua já aparecendo ainda havia gente pelos bancos do jardim, lagarteando, casamento doce, tranquilo, feliz, marcando uma data muito preciosa.
Essas fotos são de Silvia Ribeiro. Quem quiser ver o casamento inteiro entre no blog da Suzana Galvão “Cultivando elegância”). Roubei delas essas fotos só para poder explicar o cardápio. O menu, lido assim, nu e cru, sem explicações, às vezes parece absurdo. Acho que as comidas deveriam sempre ser explicadas na sua sucessão, como uma narrativa.