COZINHA E IMPÉRIO
25/08/14 03:08Um livro novo que juro não é maçante. Cuisine and Empire: Cooking in the World History/ Rachel Laudan/University of California Press. Esses livros abrangentes demais são quase impossíveis de serem lidos, servem mais para consulta. Não foi o que achei deste. (Vamos ter que dividir em dois posts, mas o livro vale a pena. )
Rachel Laudan mostra que as inovações em cozinha apareceram quase sempre através da elite e através da religião das elites. Cozinha e religião são seu tópico preferido. Podemos dar como exemplo as cozinhas teocráticas de Buda,, dos judeus e dos católicos.
Como foi que começou a escrever o livro? Ela morou no Havaí . Antes da chegada dos humanos no lugar, as ilhas havaianas não tinham nada comestível a não ser umas aves que não voavam, uma samambais,algas, peixe e duas espécies de frutas vermelhas. A cozinha animada e variada que ela encontrou lá havia sido criada por 3 ondas de imigrantes. Cada um trouxe sua trouxa de estilos e paladares Os primeiros a chegar, os havaianos, vieram da Polinésia e trouxeram nas suas canoas umas 12 plantas comestíveis, incluindo o inhame com o qual qual faziam uma pasta que era o acompanhamento de peixe ou porco. Salgavam com sal e algas.
Depois chegaram os ingleses e americanos que trouxeram gado e farinha de trigo . Faziam pão branco, churrasco, e usavam fornos fechados Comiam em pratos, usavam talheres, temperavam a comida com sal e molho.
A terceira onda foi da Ásia, do leste da Ásia, , China, Japão, Coreia e Okinawa – que vieram no fim do século 19 para trabalhar na lavoura. Plantaram arroz e cozinhavam nas woks e ao vapor várias variedades de rroz. Gostavam de comer em tigelas e temperavam os peixes com molho de soja ou outro molho qualquer com base de peixe.
Sem nos esquecermos que cada estilo dessa cozinha tinha uma filosofia que refletia as crenças do seu povo. Sua religiosidade, sociedade, seus próprios corpos.
Segundo Rachel Laudan os havaianos reverenciavam o taro como um presente dos deuses, tinham muitos tabus para diferenciar os nobre e o s camponeses, homens s e mulherew e usavam as plantas para se manterem saudáveis. Os imigrantes de língua inglesa eram protestantes na sua maioria, davam graças pelo pão de cada dia, não davam importância às divisões sociais e achavam que pão e carne eram os melhores alimentos .
Os budistas gostavam de arroz e tentavam se manter saudáveis equilibrando a comida quente e fria (no sentido antigo desses adjetivos)
Nos meados do século 20 criaram uma idéia de comida fusão, das 3 mencionadas, que eram usadas pelo rurismo, mas em casa as diferenças se perpetuavam.
Rachel Laudan estranhou essa evolução que lhe parecia diferente das evoluções padrão de outras terras, que começavam om cozinhas camponesas e evoluiam para alta cozinha bem devagar.
As cozinhas do Havaí haviam vindo de milhas e milhas de distãncia, e se mantiveram quase intactas nas ilhas.
Quem sabe, imaginou ela,que outras cozinhas tivessem sido forjadas do mesmo jeito, vindas de terras distantes, e se tornado indistintas pela construção de outras histórias regionais e nacionais?
Se o caso fosse esse , as cozinhas, as filosofias, as transferências poderiam construir uma historia mais ampla, pois se até a cozinha do Havaí mostrava esses traços, imagine cozinhas de partes mais isoladas do mundo?
O restante vai no próximo post que ponho amanhã, certo?