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Nina Horta

Perfil Nina Horta é empresária, escritora e colunista de gastronomia da Folha

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Por Nina Horta
27/11/14 21:06

Arroz da Meeta.
Receita de arroz é impossível, por causa da qualidade, da quantidade, da panela, do tempo, de tudo. Essa da Meeta é uma que dá certo apesar das dificuldades.

ARROZ INDIANO
6 grãos de pimenta
1 pau de canela
1 folha de louro
4 cravos da india
100 g de manteiga
Derreter a manteiga na panela de pressão, jogar as especiarias, 2 copos de requeijão de arroz lavado e bem escorrido, seco, sal a gosto. Refogar o arroz na manteiga, acrescentar a água fervente até cobrir o arroz na espessura de um dedo, 1 cm mais ou menos. Tampar e quando der pressão contar 5 minutos. Desligar. Não abrir até acabar a pressão. Abrir e está pronto.
Delicioso, um dos melhores que já comi.

ARROZ GRUDENTO
Só comecei a gostar de arroz, de verdade, sentir o gosto, quaundo comi esse.

O arroz a ser comprado é o moti, japonês. Tem um amido, uma cola, que faz com que os grãos grudem uns nos outros e apresentem uma textura leve de goma de mascar.
Como fazer:
Ponha duas xícaras de arroz moti de molho numa tigela de água fria, por três horas pelo menos. Escorra e deixe em peneira para ficar completamente seco, por umas 4 horas.
Forre com fralda ou gaze o fundo de um cuscuzeiro ou a grade de um “steamer” para que o arroz não caia pelos buracos. Coloque aí o arroz, bem tampado, sobre uma panela com água, sobre o fogo médio. O vapor vai cozinhar o arroz sem que a água encoste nele, só com o vapor. Tempo, 35 minutos.
O resultado final é um arroz branco, durinho, grudento, com muito gosto, que pega um pouco no dente. Pode ser comido quente, morno ou frio. Pode-se fazer bolinhas com a mão e mergulhá-las num molho apimentado, ou passar no gergelim torrado, ou, ou, ou…
Combiná-lo com quê?
Com todos os ensopados de curry, tudo que tenha algum molho, de preferência pungente, como gengibre, pimenta etc. Nunca experimentei, mas tenho certeza que é delicioso com feijão.
Não contente em ser salgado, é a sobremesa preferida dos tailandeses. Faça o arroz como ensinado e, na hora de servir, despeje por cima dele um leite de coco puro, concentrado, e sirva com manga bem doce cortada em talhadas.
Os acompanhamentos para o arroz grudento são tantos que é permitido inventar mais algumas. A minha preferida é a manga e, vá lá, o leite de coco.
Para encontrar o “steamer”, que é a panela de bambu para cozinhar no vapor, um bom lugar é o bairro da Liberdade, em São Paulo. Em Londres e Manhattan essas panelas são vendidas a preço de descartáveis, mas não sei por que aqui não são vendidas a preço de banana.
São peneiras altas, de bambu, que se encaixam perfeitamente umas sobre as outras, com uma tampa, também de bambu, que as veda perfeitamente.
É só colocar no vapor, e temos a comida pronta mais depressa que na panela de pressão. E como é fácil. Nas prateleiras de baixo, os legumes, um filé de peixe mais acima e por último uns camarões.
Enquanto isto, prepare um molhinho arretado. Procurando bem, você pode encontrar um molho tailandês, também na Liberdade, já pronto. E temos uma refeição leve, sem gordura, como pede a moda e o figurino da saúde e da beleza.

marilia comentou em 25/07/12 at 20:31

Nina, amei a receita sou estudante de gastronomia e sempre admirei os seus artigos,não esqueça nossas receitas de arroz.
beijos e muito axé

E o arroz cateto? O que pode nos dizer dele, em termos de sabor, “grudância”, parentesco com o moti?
Daniela Franco comentou em 25/07/12 at 9:33

Nina: Adorei sua coluna na Folha de hoje e me identifiquei, pois tbem não gosto de arroz e muita gente acha estranho que como feijão sem arroz! Tbem acho um absurdo comer arroz com bacalhau e batatas ou arroz com gnocchi! O único arroz de que consigo gostar é o gohan e por isso vou experimentar o grudento. Beijos!
isa fonseca comentou em 25/07/12 at 7:38
Olá, Nina, há tempos queria saber do arroz japonês. Minha preferência para deixar tudo molinho é o leite de coco, vou tentar! Um bom dia e grata, gratíssima! Beijim!

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É tanto arroz, tanto!

Por folha
26/11/14 02:00

Não sei o que me dá quando vou escrever aqui sobre comida. Poderia transcrever uma receita, o mais adequado. E eu lá consigo? Quando preciso saber sobre o gosto brasileiro me informo no Facebook, onde sempre há gente pronta para conversar sobre o que se come ou não.

Depois os livros que só dão o pano de fundo, talvez até se deixem ver como essas figuras chinesas atrás do palco, mostrando sombras. Por exemplo, o arroz. É tanto arroz, tanto! Impossível transformar uma pesquisa em crônica. Nem cabe.

Fui parar no Vietnã, no Camboja e quanta coisa eu não sabia sobre a guerra, o povo, e daí ninguém me segura mais. Tenho de ir até o fim, lendo Graham Greene, Ho Chi Minh, franceses, americanos e nenhum deles fala de arroz nem de receita de arroz. Mas atrás de todas as palavras está ele lá, o principal, o motor, o mais necessário, o propulsor.

Quem come arroz com boca muito boa é o Anthony Bourdain, que adora passear por Burma, Malásia, Coreia, Filipinas, Tailândia, Vietnã. A introdução ao “A Cook’s Tour” dá uma bela ideia sobre o Vietnã de hoje e desperta lembranças.

E uma coisa que ele conta é que Ho Chi Minh foi cozinheiro de verdade, como nós, de ficar na cozinha com a barriga no fogão. Trabalhou no Carlton, de Paris, adivinhem para quem? Escoffier, o próprio. Foi saucier, pâtissier, um profissional da cozinha e ainda arranjava tempo de “correr mundo, escrever manifestos, agradar chineses e russos, driblar os franceses, lutar contra os japoneses, ajudar a criar uma nação, perder a nação e ainda organizar um tipo de guerrilha vitoriosa contra os americanos”. Como diz o Bourdain: “O comunismo pode ser uma droga, mas era difícil um cara tão prendado como o tio Ho”.

Não acreditei muito na história, mais provável que tenha servido em cozinha de navios para poder viajar. Não era sopa fazer revolução e alta cozinha ao mesmo tempo. Perdendo terreno por décadas, liderando aquela gente miúda vestida de preto, wok de palha na cabeça, pisoteando campos encharcados de arroz, búfalos, terrenos cheios de capim, de mato, de cipó, de bananeira, de taioba, de perambeira, de helicóptero, igualzinho a Paraty.

E os camponeses queriam mais era a paz, paz para plantar arroz, sossego, plantar arroz é complicado, plantam pelo gosto bom, pelo prazer. Arroz, arroz, arroz, tão simples na nossa mesa, na boca da China, Tailândia, Índia, África.

E as gentes aprendendo qual arroz se dava melhor naquela terra, ou naquela água, cozinhando-o de um jeito diferente conforme a espécie, toda uma sabedoria de milhares de anos.

E aqui no Brasil, pelo que tudo indica, eram os escravos que tinham a técnica de plantá-lo. Até nos quilombos encontravam-se plantações de arroz. No século 18 um grupo rebelde negociava a volta ao trabalho contanto que pudessem plantar quanto arroz quisessem, no lugar que quisessem, sem ser preciso pedir permissão.

Acostumados a comê-lo na África e com desejos aqui, desejo ainda acrescido pela saudade da terra.

Comida é como linha de costura. Escondida, vai juntando tudo, moldando, dando o formato final.

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Rabanetes

Por Nina Horta
23/11/14 19:54

rabanete

Esta é a foto para a próxima matéria sobre rabanete.

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Pão de Ló !

Por Nina Horta
23/11/14 18:21

Estou compartilhando esse vídeo que achei dentro das postagens da Ciça Silva Ramos. Obrigada, Ciça.

https://www.youtube.com/watch?v=IkACgSJdJ_g

 

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Arroz, arroz, arroz !!!!

Por Nina Horta
19/11/14 16:06

tigela de arrozBibliografia para o arroz.
Não sei quantos desses livros estarão traduzidos. No momento não tenho como averiguar. E são os livros que li, sem outro motivo de terem sido escolhidos.

Rice and beans- A unique dish in a hundred places – editado por Richard Wilk e Livia Barbosa.  Ensaios sobre o arroz e feijão no mundo. Excelente. Um dos artigos é do sociólogo Carlos Alberto Dória.

A Cook´s Tour – Anthony Bourdain – Interessante, leve, bem informado. Se tivesse continuado a escrever tenho a impressão que seria um senhor escritor. Mas, andando pelo mundo e fazendo propaganda da comida também nos presta um bom serviço. Vi um vídeo dele na Croácia que só não me fez arrumar as malas e sair correndo por motivos de força maior. Quando quer passa o recado do melhor jeito possível. Olhem que sou bem exigente para com os escritores de cozinha. E acho o Bourdain ótimo.

Os livros abaixo são todos bons. Prefiro a Sri Owen, talvez por tê-la conhecido e entendido que é muito séria. Mas podemos nos divertir muito com todos os outros livros. São bons de ler, sem ser necessário sair cozinhando imediatamente. Procurando-os na Amazon terão uma boa ideia de que tipo de livro são.

Arroz-Aromas e Sabores da Boa Lembrança – Danusia Bárbara e Sérgio Pagano

Seductions of Rice- Jeffrey Alford and Naomi Duguid

Indonesian Regional Food and Cookery – Sri Owen

Indochine –Baguettes e bánh mí: Finding France in Vietnam – Luke Nguyen

My Vietnam – Stories and recipes– Luke Nguyen

Rice Talks – Nir Avieli

Black Rice- Judith A. Carney

The food of Vietnam – Luke Nguyen

Cuisine, Colonianism and Cold War< – Katarzyna J, Cwiertka
Cambodian Cooking – Kelly Chan
The Vietnam War-The Best One –Hour History- Robert Freeman. É uma coleção de pequenos livros, concisos, mas altamente inteligentes para quem precisa de um esclarecimento rápido.

The Slanted Door: Modern Vietnamese food—Charles Fasn

The Rice Book- Sri Owen

The Songs of Sapa.  Stories and Recipes from Vietnam/Luke Nguyen

……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….
Receita de arroz
Nasi Gurih
É simplesmente arroz cozido no leite de coco. Mas é muito difícil receita de arroz. As diferenças entre o próprio arroz, a espessura do leite de coco, tudo vai influir. Já percebi que nosso leite de coco de garrafinha é bem mais grosso do que o de muitas receitas. Junto água aos poucos, até sentir que o arroz está se cozinhando como o nosso arroz diário, daqui do Brasil. É meio a olho, mas fica sempre gostoso.
O arroz absorve muita água ao cozinhar. 2 xícaras de arroz cru absorvem mais ou menos 2 ½ xícaras de água. Para arroz como acompanhamento, dá para 4 pessoas.
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Historinha sobre a autora Sri Owen que conheci em Oxford.
Durante o recente Simpósio Gastronômico de Oxford, no meio do bando de acadêmicos moços e velhos, mais velhos do que moços, é verdade, distraídos todos, brilhou Sri Owen, que pôs a mão na massa. Owen é de Sumatra, uma mulher de meia idade, rosto redondo como a Lua, dentes separados, sorriso pronto, cara de mãe. Está em seu terceiro livro, “Rice”, que vende como pão quente.
Logo na primeira hora foi avisando que iria fazer o almoço do dia seguinte para os cem participantes de Simpósio de Oxford. O prato estava em extinção, é claro, e chamava-se Bebek Betutu. Pedi uma prévia, olho no olho.
“E o que é Bebek Betutu”, perguntei.
“Bebek Betutu é um modo de cozinhar um pato inteiro recheado com uma mistura de folhas e temperos. Conheci este prato em 62, quando fazia pesquisa para um livro, em Bali. O dono da casa chegou com tudo pronto, feito pela mãe, uma balinesa aristocrata e tradicional. Eram 12 patinhos pequenos, cada um embrulhado em seu pacote de folha de bananeira e recheado com folhas de mandioca rasgada. Temperadíssimo. A panela, uma casca de coqueiro, enterrada por horas nas brasas já quase extintas de uma fogueira. Quando abrimos os embrulhinhos a carne do pato estava escura e úmida e tão macia que desgrudava do osso só de encostar. Uma das coisas mais gostosas que já comi.”
“E você pediu a receita na hora”, perguntei.
“Pedi. Não o modo de fazer, que não tem segredos. Pedi a receita da mistura de temperos que era a alma do negócio. E todos me respondiam sempre a mesma coisa: `baso gede’, que quer dizer tempero completo. E não foi fácil achar quem ainda soubesse fazer Bebek Betutu. Nem em Bali as pessoas têm tempo. É a novela, o trabalho, a casa nova de concreto, o pão branco da padaria. A lista de ingredientes de `baso gede’ é grande, o cozimento dura horas. Custei para montar a receita.”
“E como você vai conseguir preparar o Bebek Betutu para cem pessoas?”
“Inventei um jeito novo. Se a gente se apega demais às velharias acaba não fazendo nada. Quem ainda pode fazer uma fogueira no fundo do quintal? Quero mais é aproveitar o processador, até o microondas… Em vez de usar o tempero completo, uso `bumbu setengah’, que significa tempero pela metade, na Indonésia. `Seludang moyang’, que é a casca do coqueiro como panela, nem pensar. Mas não abdico das folhas de bananeira ou de uva pra embrulhar o pato, mesmo que ponha as folhas de papel de alumínio por cima.”
Por um minuto fiquei com medo que Sri Owen não descolasse sua receita. Afinal, ela tem um restaurante em Wimbledon, e segredos do ofício são segredos do ofício.
“Owen, passa para cá essa receita de Bebek Betutu para os leitores da Folha. Pode ser com `bumbu setengah’ ou `baso gede’. Lá nós damos um jeito. Passa logo prá cá.”
Sri ainda filosofou, rindo com os olhos miúdos e sacudindo os ombros.
“Tenho cá minhas suspeitas que técnicas e pratos mudam muito mais depressa do que pensamos, sem deixar traço nem pista. Daqui a cem anos esta receita pode muito bem aparecer como típica do Brasil e ninguém vai desconfiar de nada…”
No dia seguinte, o pato de Sri Owen arrasou. Estava realmente muito saboroso, servido com arroz branquinho, uma salada de vagens e milhos bebês e outras misturinhas que não identifiquei. Só que ela já havia inovado, e era feito só com o peito do pato.
E sabem qual era a entrada? Pastel frio, este nosso pastel de cada dia, com o apelido de Martabak, quem diria, e que os indonésios acham que é uma comida de rua, inventada lá mesmo.
Já Sri Owen, que é a maior especialista em cozinha asiática, diz que o pastel pode ser um derivado do burek do Oriente Médio, levado para a Indonésia pelos mercadores muçulmanos ou recebido do sul da Índia, onde vendem coisas muito iguais na rua. Vai saber…
A receita
Um pato limpo de 2 kg e uma xícara de folhas de mandioca ou uva ou espinafre.
Para a pasta de marinada servem duas cebolas, quatro dentes de alho, cinco pimentas vermelhas sem sementes, duas nozes macadamia (opcional), duas colheres (chá) de sementes de coentro levemente tostadas, uma colher (chá) de sementes de cominho, dois cravos, dois cardamomos, meio pau de canela, uma pitada de noz moscada, meia colher (chá) de curcuma, 1/4 de colher (chá) de galingale (um tipo de gengibre, mas mais suave), pimenta-do-reino branca, a parte branca da raiz de erva-cidreira, pasta de camarão seco, três colheres (sopa) de suco de tamarindo ou de limão, duas colheres (sopa) de óleo de amendoim, duas colheres (sopa) de água e uma colher (sopa) de sal.
Para fazê-lo, bata todos os ingredientes no liquidificador. Leve ao fogo brando de seis a oito minutos, mexendo sempre. Deixe esfriar. Corrija o tempero. Misture com a metade da xícara das folhas rasgadas. Passe esta pasta por dentro e por fora do pato. Embrulhe com folhas de banana e três camadas de papel de alumínio.
Deixe então na geladeira por uma noite. Asse em forno médio de três a quatro horas. Abra o pacote. Transfira o pato para um prato e separe os sucos e o óleo. Coe, adicione a outra metade da xícara de folhas, aqueça um pouco e sirva como molho sobre o pato. Acompanhe com arroz branco. Se o pato for muito gordo, retire o excesso de gordura do molho.

 

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Educação e arroz

Por folha
19/11/14 02:00

O prêmio Nobel de literatura deste ano, Patrick Modiano, sabe que simplesmente com palavras evocativas como nomes de ruas pode trazer às nossas mentes uma cidade. Ele se especializa em Paris, a lista de endereços pode virar um romance se você for imaginativo o bastante e com um certo baú de referências lidas ou vividas.

Para mim, por exemplo, a Inglaterra pode ser descrita num mapa só de palavras, “ups and downs”, Boroughs, Hearths, Grosvenor, Shoreditch, Tottenham, Dickens e Austen, reis e rainhas, raposas e lordes, Oliver Twist pedindo mais sopa.

Aqui na coluna falo muito mais em feijão do que em arroz. Feijão, fubá, farinha me saciam e aos leitores também. Arroz, menos.

Se penso nele, me aparece na cabeça imediatamente uma tigela, arroz tem que ser de tigela. Depois é só soltar um pouco as rédeas para esquecer o arroz asiático não temperado e passar para os pratos como o risoto, a paella, inteiros, fazendo a refeição. O que há de arroz e receita de arroz nesse mundo não tem medida.

Achei uma reportagem de Antonio Callado descrevendo sua visita ao Vietnã do Norte, em 1968¸ lugar impossível de se chegar na época. Queria saber dos vietnamitas, olho no olho, como haviam conseguido derrotar grandes potências como a França, os Estados Unidos. Como? Como? E Callado comenta que não iria ser difícil achar a resposta, ainda que fosse ali, ainda em guerra, pois se sentia em casa, a paisagem era meio Belém do Pará e Campina Grande, meninos nas ruas vendendo pitombas e banana, coco-da-baía, jaca, pinhas, licor de laranja.

“Uma revolução banhada por um rio irmão do rio Chico e feita à base do arroz e da banana-d’água é um fato que tem explicação. Deve ter.” E começa a perguntar.

Uma jovem, veterana em derrubar aviões, pensa muito e diz que a primeira vez que atirou com vontade foi depois dos jatos passando sobre sua cabeça e acabando com sua aldeia. Lembrou-se dos velhos e das crianças e do arroz da cooperativa. Foi o que lhe deu coragem.

Um secretário responde meio obliquamente que no dia 2 de setembro de 1945 não havia arroz no Vietnã. Ho Chi Min fez um discurso e pediu que cada vietnamita se desdobrasse em três: um guerreiro, um aluno ou professor e um produtor de alimentos. Era a única esperança de um país sem dinheiro e sem comida. O Vietnã tinha que sair daquele buraco puxando-se pelos seus próprios cabelos.

Numa casa sobre palafitas um administrador local conta que o arroz antigamente só dava para três meses no ano. O resto do tempo a gente tinha que encontrar comida na floresta. “Hoje vendemos ao governo a cota de arroz e ainda sobra para comer e vender no mercado. Também tem mandioca e muito peixe.” Ganharam as guerras aprendendo a ler e cultivando o arroz. Educação e arroz.

Tanta coisa atrás de um nome! A palavra aparentemente tão simples pode trazer um mundo à baila. Talvez seja por isso que as palavras da cozinha andem soltas pela TV, pelos livros e jornais, na boca de todos. Estamos opinando de tudo um pouco quando falamos de comida. Arroz e feijão não são detalhes.

 

  • Maria Silvia Scavone, Jussara Voss, Giselda Pistelli and 60 others like this.
    Marina Pipatpan, Pedro Rui Botelho, Elvis Campello and 84 others like this.
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  • Richard Cury bravo!
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  • Teresa BerlinckGenia!
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  • Thaïs ChavarryMuito bom, parabéns!
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  • Regina FariaLinda crônica, Nina – Ninoca.
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  • Christina Cupertinoadorei, Nina Horta.
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  • Nina HortaObrigada, obrigada!!!!
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  • Isa FonsecaLi ontem cedo, estava na correria, não comentei, mas gostei muito dessa crônica. Vou reler com calma e volto aqui pra comentar mais. Um bom feriado!
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  • Maria Emilia Cunalieeehhhh Nina parabéns como vc escreve gostoso…
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  • Jussara VossÓtima! Como sempre! Um grande abraço
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  • Maria Silvia ScavoneVc eh demaissssss

    Claudia Ferraz shared Nina Horta‘s post.
    4 hrs ·

    Arroz é bom demais. E salva. Valeu, Nina Horta.

    Linda Ebert shared Nina Horta‘s post.
    6 hrs ·

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Comer é sexy

Por folha
12/11/14 02:00

O prédio ainda está lá, azul e branco, enorme, no Jardim Europa, e tinha fama de ser a melhor escola para meninas no Rio de Janeiro. Duvido. Em São Paulo, a pior do mundo com freiras espremidas em roupas medievais, saias em camadas, rodadas, e o toucado triangular na cabeça, prestes a levantar voo.

Mère Maria da Glória, linda, contava que no dia de receber o véu e se consagrar a Jesus, depois de lhe terem raspado a cabeça, foi levada para a cerimônia onde encontraria a família, já vestida de pinguim. Sentia uma dor aguda no crânio e imaginava, resignada, quantas almas salvaria do purgatório dedicando a elas aquele sofrimento.

À noite, já longe dos pais e da festa, diante do crucifixo e do catre, uma outra freira foi lhe ensinar a se despir, peça a peça, uma substituindo a outra para que o corpo não ficasse exposto ao ar nem por um minuto. Ao retirar-lhe da cabeça o véu triangular, a irmã de hábito encontrou um alfinete espetado diretamente no seu crânio careca, sob a pele. Tanto pior para as almas do purgatório.

Durante os oito anos que passamos lá até essa história íntima escutamos, mas jamais, jamais vimos as freiras comendo. Não sei onde era a cozinha, provavelmente ao lado do refeitório das internas, mas nunca vimos um fornecedor com uma alface na mão ou alguém cuidando de panelas. O que não nos preocupava nem um pouco atarefadas em subir à alta torre proibida para apreciar a paisagem, tentar invadir a clausura, pular o portão da frente quando chegávamos atrasadas.

Uma vez quase fui admitida ao segredo da comida ficando lá para almoçar. Tínhamos freiras de todas as partes do mundo, de Jacarezinho à França e à Irlanda. Parece que o menu foi escolhido pelas bochechas vermelhas de Mère Fintan, a irlandesa, que me deu um prato fundo de batatas ensopadas com salsichões.

Num piquenique, a mais jovem das freiras caiu em pecado na nossa frente. Vermelha, colheu uma ameixa amarela e a comeu, boca tampada por um grande lenço de linho. À medida que mastigava o seu rosto caía e acabou a comilança quase chorando.

Não que fossem santas de altar. Mère Maria da Cruz, olhos verdes faiscando, se lançava sobre nós quando tomávamos água no mesmo bebedouro, as internas só podiam tomar banhos de camisola, notava-se uma ciumeirinha em torno de algumas alunas, separavam as melhores amigas no fim de cada ano.

As aulas práticas não eram de cozinha e, sim, de bordado, enfim o maior pecado era mesmo comida. Também não comungavam na nossa frente. Pelo visto comer era sexy demais. E como o marido ou noivo delas era Jesus, e um só para todas, a parte sexy sobrara para o comer.

Gostaria de acabar o artigo falando sobre o sagrado e a comida, sobre o viver desapegado dos bens materiais, da carne, do prazer, mas, de verdade, o que acho é que tinha muita freira doida nos anos 1950.

Nos anos 1960, elas meteram perucas na cabeça e foram trabalhar, dançar, cantar, beber e brincar. E comer muito, com certeza. De minissaia. O que frustrou totalmente a minha pesquisa que já ia alentada em torno da atitude delas junto ao alimento.

  • Rosa Maria Colugnatti, Vera Lúcia Amaro, Maga de Moraes and 63 others like this.
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  • Wanda NestlehnerEita, Nina, boa de ler!
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  • Vera Lúcia AmaroComo sempre, muito lindo !
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  • Ely Horta OrnellasMuito bom,não senti saudades,seria impossível,mas a descrição das freiras foi perfeita,só faltou Mère Tereza,que eu adorava!
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  • Nina HortaAcho que não era do meu tempo. Quem era mesmo a mère Françoise Therèse? Acho que era uma de óculos que dava bordado, será?
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  • Nina Horta

Nina Horta
19 hrs ·

Tô prestando atenção aos arrozes….

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  • Alexandre Bertolasse, Isa Fonseca, Melissa Ferraz Manfrinato and 24 others like this.
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  • Isa FonsecaArroz doce (com muito leite condensado, se for aguado não tem graça) e o arroz no baião de dois, comida cearense maravilhosa, inesquecíveis!
    4 hrs · Edited · Like
  • Silvana Cicivizzo GoesGosto do nome e do resultado: Roscovo (arroz com ovo), arroz e ovo frito, misturadinho, hummm, delícia simples e quando somada ao feijão virava outro nome: Reboque (!), tudo isso na minha infância!
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  • Maria Helena CamargoAdoro! com ovo frito ou brócolis! De qqr jeito e com qqr coisa; bolinho de arroz com milho verde; Arroz doce com canela.
    2 hrs · Like
  • Charles Jabbour“M’jadra” com muita cebola tostada,ou com grão-de-bico e frango desfiado(claro,com pimenta síria).
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  • Nina Horta

Nina Horta
Yesterday at 15:06 ·

Vamos falar de arroz? Qual seu jeito preferido de comer arroz? Suas manias?

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  • M Luiza Santana, Eva Ocougne, Ulisses V. Arnoni and 51 others like this.
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  • Sonia Franco Do Amaral Da Silva PradoPrato famoso aqui em Hakone!
    7 hrs · Like
  • Vania Toledoarroz sem óleo ,só com aqua e sal, fresquinho com algumas gotas de limâo,,,hummmm
    5 hrs · Like
  • Katia ShaabanNina Horta, o takigohan ou takikomi gohan é como a Marisa Tiemi Ono postou acima, uma receita caseira que se faz com o que se acha na geladeira. O original se cozia no vapor, mas hoje em dia a maioria faz na panela de arroz elétrica. O arroz egípcio ou…See More
    4 hrs · Like
  • Vanêssa Rochha RêgoAqui chamamos de : Arroz Colorido”- para as crianças e pasmem – integral daquele bem cheio de 07 coisas e que foi “sobra de ontem”. Ai juntamos nele frango desfiado; cenoura ralada; brócolis e acelga bem picadinha. Se tiver milho vai também! Mas tudo …See More
    2 hrs · Like
  • Nina Horta

Malu Abib‎Nina Horta
Yesterday at 11:17 ·

Sim, ‘comer é sexy’… Adorei a coluna! Bjs.

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  • Melania Ludwig likes this.
  • Nina Horta

    Adoro que vocês me leiam no facebook, mas entendo o que dizem os jornais. Eles pagam pelo conteúdo que vai para as redes. Que tal ler os artigos do blog no próprio blog da Folha? É complicado, não é? Complicado até para mim que sou cadastrada. Param no meio da leitura e perguntam a toda hora se sou cadastrada. Eles ainda vão achar um jeito para que a leitura seja feita e que eles, ganhem um pouo pela quantidade de gente que entra. Mesmo um real por mês seria compensador! E veriam como vcs são os melhores leitores do mundo…

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    • Zenaide Rodrigues, Cris Amaral, Sebastião Miguel and 14 others like this.
    • Terezinha De Almeida NevesAaaaaaaggggggggghhhhhhhh……odeio arroz!
      1 hr · Like
    • Terezinha De Almeida NevesPs: te amo desde que nasci e Arthur me viu pelada…….kkkkkkkk….
      1 hr · Like
    • Nina HortaComo se eu não tivesse visto você pelada e ainda por cima com algodão no ouvido.
      3 mins · Like
    • Nina Horta

    Nina Horta
    19 hrs ·

    Comer é sexy
    Folha de São Paulo – Nina Horta
    12/11/14 02:00

    O prédio ainda está lá, azul e branco, enorme, no Jardim Europa, e tinha fama de ser a melhor escola para meninas no Rio de Janeiro. Duvido. Em São Paulo, a pior do mundo com freiras espremidas em roupas medievais, saias em camadas, rodadas, e o toucado triangular na cabeça, prestes a levantar voo.

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    • Bettina Fiuza, Elza Galdino, Alberto Taurisano Nascimento and 68 others like this.
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    • Renata Reis FavaroNina Horta escreve tão bem e tão gostoso que mexe com as lembranças de todos! Leio na Folha também, mas aqui tem a troca. A memória de um que evoca a do outro… Divertido!
      1 hr · Like
    • Rosane Luz Bukme lembrou as freirinhas do Giulietta dos Espiritos
      1 hr · Like
    • M Cecilia De Castro CunhaIiiiicha fui interna lá
      49 mins · Like
    • Elza GaldinoQuem achava mastigar muito feio era Carlota Joaquina. Já sexo, achava lindo e acreditava poder-se fazer em público. Comer em público? Jamais!
      47 mins · Like
    • Nina Horta

    Nina Horta
    21 hrs ·

    Tô prestando atenção aos arrozes….

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    • Alexandre Bertolasse, Isa Fonseca, Melissa Ferraz Manfrinato and 24 others like this.
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    • Isa FonsecaArroz doce (com muito leite condensado, se for aguado não tem graça) e o arroz no baião de dois, comida cearense maravilhosa, inesquecíveis!
      6 hrs · Edited · Like
    • Silvana Cicivizzo GoesGosto do nome e do resultado: Roscovo (arroz com ovo), arroz e ovo frito, misturadinho, hummm, delícia simples e quando somada ao feijão virava outro nome: Reboque (!), tudo isso na minha infância!
      5 hrs · Like · 1
    • Maria Helena CamargoAdoro! com ovo frito ou brócolis! De qqr jeito e com qqr coisa; bolinho de arroz com milho verde; Arroz doce com canela.
      4 hrs · Like
    • Charles Jabbour“M’jadra” com muita cebola tostada,ou com grão-de-bico e frango desfiado(claro,com pimenta síria).
      1 hr · Like
    • Nina Horta

    Nina Horta
    Yesterday at 15:06 ·

    Vamos falar de arroz? Qual seu jeito preferido de comer arroz? Suas manias?

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    • M Luiza Santana, Eva Ocougne, Ulisses V. Arnoni and 51 others like this.
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    • Vanêssa Rochha RêgoAqui chamamos de : Arroz Colorido”- para as crianças e pasmem – integral daquele bem cheio de 07 coisas e que foi “sobra de ontem”. Ai juntamos nele frango desfiado; cenoura ralada; brócolis e acelga bem picadinha. Se tiver milho vai também! Mas tudo …See More
      4 hrs · Like
    • Rosane Luz Bukcom curry à indiana, ao forno com frango,palmito, tomate e milho.
      1 hr · Like
    • M Cecilia De Castro CunhaNina querida ainda adoooro arroz de puta rica ..Se e pra enfiar o pé na jaca e com ele mesmo.Na banha….ave!,,,
      57 mins · Like
    • Inez VillaventuraArroz quentinho e o mais simples possivel, saído do fogo com um fio de azeite!!!!
      18 mins · Like
    • Nina Horta

    Malu Abib‎Nina Horta
    Yesterday at 11:17 ·

    Sim, ‘comer é sexy’… Adorei a coluna! Bjs.

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    • Melania Ludwig likes this.
    • Nina Horta

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Franceses-estrelas?

Por folha
05/11/14 02:00

A maioria das pessoas mais velhas “entendeu” pela primeira vez na vida o que era a boa comida quando foi à França. Julia Child, Elizabeth David, M.K.Fisher, Bourdain, Alice Waters, a brasileirada que tinha um dinheirinho para viajar, todos tiveram o seu primeiro susto lá, seja com uma ostra, um escargot, um ovo pochê, um doce da Fauchon. De repente, a Espanha surgiu e roubou a cena.

Ferran Adrià, Ferran, como foi que você aprontou isso? Que golpe certeiro! Afinal, a França nunca havia perdido o seu lugar de primeirona do mundo das comidas.

Mas de certo modo ela se calou, não houve muita briga. Como se achasse justo que alguém tomasse a sua coroa por um tempo. Blasé. Tudo como dantes no quartel d’Abrantes, e parece que não se importam por terem sido desbancados.

Muitos criticaram os chefs franceses achando que descansam sobre seus louros, sem criatividade. Que a França se acabava com maus governos, com a crise, com a falta de dinheiro e que os cozinheiros estavam indo juntos, acomodados, grande pena. Perderam a criatividade ou nunca tiveram, e blá-blá-blá. Muitos restaurantes antigos de fama inabalável perderam estrelas, mas a reação dos franceses não era a que eu esperava, de competitividade, de querer alcançar os primeiros lugares em listas inglesas. Não. Parecia que não estavam nem aí.

Os jovens começaram a perceber que o mar não estava para peixes. Não queriam fazer estágios de sabedoria ganhando uma miséria. Queriam namorar, casar, ter família e curtir os filhos. Viajar. E cozinhar muito bem sem precisar de arrancar todo o dinheiro do bolso do cliente. Sem toalhas de linho.

A impressão que tenho é a de que esses jovens olharam o passado, miraram as estrelas do Michelin brilhando convidativas com um olhar frio e cruel. Olhar de matadores de aluguel. Valeria a pena gastar a vida subindo uma escada de espinhos atrás das tais estrelas?

Não. Os tempos modernos não permitiam isso. Sabiam que a profissão é feita de perfeccionistas que uma vez na corrida não sabem parar. Então vamos fazer alguma coisa que caiba dentro da felicidade e do divertimento. Dentro da paixão que invade um cozinheiro bom. E que baste para fazer feliz também o cliente esfomeado.

O cozinheiro do Le Comptoir confessa que não é contra a evolução, a arte de viver e de comer, agastronomia. Mas é que alguns chefs querem imitar os espanhóis e ele fica se perguntando por que fazem isso.

“Acham que a cozinha francesa não tem personalidade própria? Por que abandonar tudo que a cozinha francesa nos deu? Quem está interessado numa comida globalizada semelhante no mundo inteiro? E se muita gente começar a imitar os espanhóis, aí sim estamos em risco de perder a nossa tradição. Quero usar minha cozinha para manter a comida francesa viva e ensiná-la aos outros. E não sou só eu, tem muita gente voltando para o básico, para os valores antigos, e sem formalidade excessiva.”

Além de tudo, boa comida e diversão e tradição e inventividade, por incrível que pareça, não são conceitos que se excluem. Estou com eles e não abro, mas com o Ferran, também. Cada um na sua!

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Menu de noiva vegetariana- 2

Por Nina Horta
04/11/14 01:22

Todos os cardápios que ponho aqui são de noivas mais ou menos imaginárias. Um pedacinho de uma, um pedação da outra. O que elas têm em comum são as perguntas.

Mais abaixo tem o cardápio da noiva que mora na India e é vegetariana. Foi simpática e colocou algumas dúvidas, que na verdade são as dúvidas de todas as noivas. Ela imagina que se os convidados não tiverem dois serviços, um de finger food e outro de mesas, que vão comer muito depressa e a festa acaba, voltam para São Paulo.
Nada, nadinha disso. Quem está sem almoço , às 7 horas da noite, está comendo até as flores dos chapéus da vizinha. Quanto mais depressa aparecer tudo na mesa mais felizes vão ficar, pois não dependem dos garçons, podem ir direto à mesa. Além disso ninguém vai a casamento para comer e sim para serem os testemunhos dos noivos, e comemorarem com alegria. Para isso é preciso que os noivos estejam bem felizes, receptivos, mostrando a todos a felicidade por recebê-los. E aí a festa pega que é uma loucura.
Mas, podemos separar um pouco os dois serviços. O da entrada, salada, frios, peixe, e o segundo, da comida quente. É o que vou tentar fazer. Estou sempre de olho nos custos, pois estaremos aumentando toda uma lavada de louça, talheres, serviço, guardanapos, para parar de comer uma comida e sair para outra, ok? Vejam abaixo a carta dela e se quiserem ajudar acho que ela não fará objeções. Qual noiva faria com 5000 sugestões para o seu menu?
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Carta resposta da noiva
Querida Nina,
Fiquei muito contente de ler a sua mensagem à minha mãe. Gostei muito das suas sugestões e fiquei feliz de ver a sua apreciação pela comida indiana! No Brasil ela ainda é muito incipiente e a cada dia por aqui estamos fazendo novas descobertas da culinária local, que é tão variada.
Concordo plenamente que o menu deve ser enxuto. Sobre a carne, apesar de a noiva só comer peixe, o noivo é carnívoro fanático, então as coisas se anulam e acho que tudo bem termos uma carne “mais carne” mesmo. A família do noivo é do interior de São Paulo, com mistura de Minas e Mato Grosso, e cozinha muito bem (a mãe do noivo faz a melhor goiabada do mundo, em 3 variedades, a puxa, a cascão e o doce de goiaba que chamamos de “orelhinha”, feito com meias goiabas, vc precisa provar!).
Sobre o coquetel, adorei a ideia de coisinhas fritas e de forno, que não precisam de muita montagem. O noivo, que gostaria de ter nascido baiano, queria muito que tivessem mini-acarajé, apesar de que imagino que isso daria mais trabalho para montar. Estamos pensando em fazer o casório em setembro, então talvez algum caldinho fosse bom também (eu amo feijão preto, mas poderia ser abóbora também, ou se quiséssemos dar um tom mais asiático, talvez um caldo de milho e leite de coco, com um pouquinho de caranguejo e muita cebolinha). Nas coisinhas de forno, talvez também uma casquinha de siri?
Adorei a imagem dos arrozes! E o curry de castanhas portuguesas, as abóboras!! Algumas dúvidas: você acha que a gente tem que ter uma comida mais simples que sirva para alimentar as crianças e as pessoas que acharem a comida muito diferente, tipo uma massinha? Ou então algum risotto? Além disso, você acha que já ter a mesa pronta depois da cerimônia apressa o ritmo da festa? Esse é o meu único receio sobre o timing da festa.
Sobremesa, uma das minhas partes preferidas! Gosto muito de ter os arranjos de frutas! E pode ter fruta nas sobremesas feitas também, talvez alguma coisa com maracujá ou cupuaçu. Talvez incorporar farofa de paçoca em alguma prato. Não sei, as possibilidades aqui são tantas… Ou um sorvete diferente, como vc fez de cardamomo no casamento da Camila.
Enfim, muito obrigada por estar disposta a brincar de cardápio conosco! É realmente uma pena que vocês não possam participar como buffet.
Vou contatar os buffets que você sugeriu.
Grande abraço,
Maria
P.S. Quando eu voltar para o Brasil, espero que a gente possa tomar um café para eu te levar a goiabada da sogra para você provar.
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Minha resposta à noiva
Maria,  entendo o seu problema que é o problema de todas as noivas. Que ela tenha se matado para a festa e que as pessoas jantem e voltem correndo para casa. Não se preocupe, se os noivos estiverem se divertindo, a músicas e a bebida forem boas, todos vocês vão ver o sol surgir.
Então vamos às suas perguntas.
Muito vai depender do buffet que vocês escolherem. Cada um tem sua especialidade e o melhor, sempre, é dar o esqueleto do que queremos e eles prenchem com o que fazem melhor.

Por exemplo, vamos filosofar sobre carnes. Cada década tem uma carne adotiva para casamentos. Nos 70 eram o escalopinhos de vitela, e o haddock. De tão fora de modas já estão na moda de novo. O stroganov. Tenho loucura para emplacar um estrogonofe, mas jamais consegui, bem gostoso, com batatinha palha, cogumelos frescos…. Pegou pecha de brega que acho que ele vai morrer carregando. É injusto, pois as pessoas adoram, e precisam comer em casa, escondidos.
Nos últimos 5 anos comidinha brasileira, picadinho com acompanhamentos, e depois recomeça todo o círculo.

Você já se deu conta de que temos pouquíssima carne para um jantar de 400 pessoas, onde pensamos ter obrigação de agradar a todos? Quando me pedem alguma carne muito interessante e jamais vista tenho que me comportar sobremaneira para não encarar o cachorro da família, que geralmente é o primeiro a ser encarado na Coreia e último a ser mencionado por aqui.
Temos carne bovina, o vitelo, o filet mignon, o cabrito, o coelho e o pato. Jamais, nunca, dirá a noiva. Os bichos fofos não podem ser comidos.Com a fofura excluída, as saídas vão rareando. Podemos surgir com a galinha de Angola, mas em caldo, pois seca muito nos réchauds.E além de tudo é fofíssima.

Eu acho que a melhor carne que temos no Brasil é o porco. Fazemos um pernil extremamente macio, já cortado e montado de novo e a diferença simpática que fazemos com o nosso pernil é entremear cada fatia, com uma camada fina de presunto cru. (Duas vezes porco). E arrasamos no acompanhamento, fazendo-o também meio tradicional, agri doce, com cebolinhas carameladas, ameixas, farofinhas frescas, farofinha de amendoim, chutneys, recheio de pão e nozes, então quem não come carne já fica bem feliz com os acompanhamentos. Os nossos chutneys, com arroz, já são uma refeição, passo a receita para quem vier a fazer seu casamento. Pensando bem para seguir um menu mais fiel a um indiano juntariamos um cordeiro, não é? O cordeiro daqui não é tão bom, mas às vezes faço de panela, em pedaços pequenos e fica gostoso.

Bom, sentiu o drama? Poucas bichos para muitos desejos. Peixe, colocamos o gravlax, mas pode ser ceviche, tiradito, o que vc quiser. Peixe, ninguém tem pena, não é? Será por que? Mais burros? Não gritam?

Gostei da ideia de um sirizinho nas conchas, com leite de coco. Se você conseguir que não fique muito folclórico tem uma senhora aqui em SP, que faz um mini acarajé para festas muito gostoso, leva umas baianas vestidas de renda que ela talvez recrute no Bom Retiro pois a maioria é branquela e magra. Acabada a primeira sessão acarajé, elas somem, serviço executado. Se o buffet escolhido não puser empecilhos eles mesmo fazem o acarajé na cozinha. A divisão de serviços é só para que os cozinheiros fiquem mais focados no jantar, propriamente dito. E também pela graça que os gringos acham destas novas baianas sem bunda, e de óculos.

A segunda mudança seria tirar a comida quente da primeira mesa e deixar só os grãos e saladas e peixe frio. Quando ninguém aguentar mais a parte fria, entram os arrozes, as abóboras, que tal a carne ser uma carne de pilão, solta e fina, temperadinha, semelhante a uma farofa e acompanhada de todos aqueles chutneys. Não fique preocupada de uma festa ter só um peixe e uma carne. Basta! A diversificação só faz com que cada um coma um pouquinho de tudo e sobre a festa inteira, pois não se pode fazer um pouquinho disso e daquilo, quando fazemos, fazemos para todos.

Sua sogra poderia trazer do interior uns bons docinhos brasileiros que poríamos em pouquíssima quantidade em cuiazinhas negras, feitas pelos índios. Cada uma dá umas 3 bocadas, tem sempre um queijo ralado ao lado como se comia doce antigamente no Brasil e fica lindo de morrer. O doce brasileiro, às vezes é doce demais, por isso servir em pequenas quantidades para que todos compartilhem de todos. Uma bicadinha aqui, outra ali. Eu tinha acesso a uma moça de Uberlândia que fazia compotas de figo verde, só que colhia o figo quando ele estava do tamanho de uma unha do mindinho, bem verde! Delicioso e bonito e ao lado nozes.
O pior é que essas doceiras somem, de vez em quando, acho que são internadas. A minha está no período”Procurada!”
Há também os doces de ovos, como barrigas de freira, (um pastelzinho de hóstia recheado com doce de ovos. ). São deliciosos para quem gosta.

Fazemos também uma mesa só de chocolates belgas, de vários modelos e formatos,incrustados de nuts variadas, mas o mais interessante são as barras que o próprio convidado quebra com um martelinho.

Os doces indianos são até parecidos com os nossos e doces demais, também. Sabe que não eram tão doces nem aqui nem na India, foi a Nestle que fez a campanha mais milionária dela para nos acostumarmos com o leite condensado.
O sorvete pode ser de doce de leite (KULFI), em formato de pirâmide, com umas folhinhas de vark coladas neles, afinal é casamento, precisa de um brilhozinho. Pode trazer um pouco de vark daí, não o prateado, que fica preto, mas o dourados.

Vc conhece a Vera que casou uns filhos conosco? Ela comprou umas toalhas indianas, inacreditáveis, pequenas, para as mesinhas dos convidados. Vou ver se ela me arranja o endereço.

Podemos por o que vc quiser no sorvete mas acho que vc se enganou, o que fazemos, bem fresquinha, para quando a pessoa entra na festa, acalorada, com sede, é um lassi de cardamomo. Delicioso, eu passaria a festa bebendo aquilo.
Bom, então montemos outra estratégia:
Na entrada, chegada dos convidados:
Água bem fresca
Suco geladíssimo de abacaxi sem açúcar
Lassi de cardamomo.

Menu de casamento.
Mesas com toalhas, modernas, com cores vivas. Pães interessantes que serão assados na fazenda pouco antes da cerimônia. Saladas bem coloridas, em vidros e cerâmicas coloridas:
• Radicchio roxo cortado bem fino, levemente caramelado, com queijo de cabra e nozes
• Alface macia com avelãs e caqui duro
• Mini batatas com casca, com ovos de codorna de gema mole e um pouquinho de pesto
• Tomatinhos de todas as cores cortados ao meio com croûtons e sal defumado
• Quinoa com fatias grandes de abacate polvilhados com pistache bem fresco.
Berinjelas assadas em pequenos cubos, com casca.
• Lindos arranjos de frutas, já arrumados de jeito que possam ser comidos. (Mangas muito doces, em fatias, maracujás doces sem o tampo com colherinhas, tudo bem brasileiro.)
É gostoso comer as frutas com as saladas ou sozinhas, sem a obrigação de serem comidas só na sobremesa. |E embelezam muito a mesa, também, cuidadas todo o tempo. Ficam na mesa mesmo na hora da comida quente. (Fiz uma pesquisa no facebook e aprendi que na Bahia comem feijoada com melancia bem gelada. Ainda não experimentei, mas deve dar uma boa refrescada. )

Enquanto as pessoas se servem das saladas e grãos, os garçons passam com coisinhas fritas quentes:
Pasteizinhos de queijo
Pasteizinhos de palmito (Ou deixamos o palmito para uma saladona?)
Concha de siri com leite de coco
Samosa de couve-flor
Acarajés mini, feitos na cozinha ou pelas baianas lá fora.
Gravlax muito bem cortado, com creme ao lado
Chega, senão as pessoas não jantam.

 

Jantar quente:
Deixar uma mesa com as saladas e o peixe
E as outras como havíamos pensado no menu anterior
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Dois tachos grandes com:
Num deles uma pirâmide de arroz basmati com alho negro cortado ao meio
No outro
Uma pirâmide de arroz negro com lascas branca de coco:
Ao lado, morangas assadas ao forno com muitas especiarias, inteiras, e cortadas em fatias, na hora.
Pernil de vitela ou de porco remontados, tendo entre as fatias uma fatia finíssima de presunto cru, cebolinhas inteiras, sálvia, ameixas pretas.
(Se eu pudesse escolher eliminaria os pernis e escolheria como carne uma paçoca bem brasileira batida em pilão,como uma farofa muito leve.)
Curry de castanhas portuguesas, apimentadinho, com ou sem galinha. A galinha não faz falta nenhuma, mas o fundo pode ser de caldo de galinha para os não vegetarinos. (Estou achando uma bobagem essa coisa de não vegetariano, poderia ser vegetariano, só com paçoquinha de carnes, o curry de castanhas, sem pernil algum. )
Batata roxas doce gratinada com creme de leite
Purê de mandioca com ghee,(pouco)
Chutney de tomate
Chutney de coco
Chutney de grão de bico
Coentro
Farofa de amendoim

SOBREMESAS

Não sei se você vai querer os docinhos tradicionais de casamento, mas já poderia acionar alguém para ir fazendo as várias goiabadas que serviríamos em cuias negras, bem pequenininhas, com desenhos dos índios, perfeitas, uma diferente da outra, . Ao lado muito queijo curado ralado como se comiam doces antigamente.
Para mim seria o bastante como sobremesa, com alguns sorvetes de frutas, também, que serviríamos em cones, e vc traz daí um pouco de vark dourado. Por falar nisso o que é que vc está fazendo na INDIA, Ó NOIVA?
(Pode ser que sua sogra saiba de uma fonte de gente que faça doce de abóbora, de casquinha dura e mole por dentro, e etc, e aí, poderiam ficar só esses doces.)

Cafezinho junto aos doces
Criança não come em casamento, só corre entre as pernas dos garçons. Se quiserem que elas comam de verdade, é fazer pastel e batata frita e bolinha de queijo. Quem come bastante são as babás, ou são incluídas na comida de todo mundo ou fazemos para elas um belo macarrão, uma galinha assada.
Sorvetes de Ilha Bela em bonitos carrinhos na pista de dança. Chicabom.
Se for preciso – Tostex

Bom, continuamos a conversa na hora que você quiser. Sua mãe, se quiser, fala comigo sobre buffets. Eu estou saindo de uma gripe atroz, de cama e ontem ela veio me trazer um temperinho do Cambódia, para a sopa. Até sarei. Beijos. Nina

PS – Lembre-se que ainda há tempo de mudar tudo, isso aqui é só um exercicio prévio para vocês conversarem com o cozinheiro do buffet, qualquer que ele seja.

 

 

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O pretzel-croissant e o cronut

Por Nina Horta
29/10/14 14:57

 
Minha nora foi passar uma semana em NY e voltou chateada por não ter provado o Cronut de Dominique Ansel. Atualmente segundo o New Yorker (Adam Gopnik) há uma guerra entre o pretzel-croissant de Maury Rubin e o cronut de Dominique Ansel. Bobagem, as duas novidades coexistem , uma no Rubin’s City Bakery, e a outra na padaria que leva o nome de Ansel, no Soho, e também porque o pretzel já foi aceito e faz parte do cotidiano enquanto o cronut tem filas diárias, um fenômeno, filas que começam ás cinco horas da manhã.
Duas grandes novidades em Nova York! Vejam só!. O pretzel-croissant e o cronut. Maury Rubin era um produtor de TV. A certa altura resolveu ir para a França e aprender a fazer pão. Coisa de doido pois não sabia francês e a ideia nunca lhe passara antes pela cabeça.
Rubin voltou e abriu uma padaria.Acha ele que as coisas se descobrem por serendipity, às vezes por estarem uma perto da outra, às vezes por uma fortuita mistura. O caso do pretzel-croissant foi o seguinte. Uma senhora alemã , designer, veio para NY e não deu certo. Sem dinheiro e sem emprego ela resolveu então experimentar fazer uns pretzels e pediu uma mesa emprestada na padaria de Rubin. Ficou ali, apertada, junto com as mesa dos croissants. Uma padeira pegou um pouco do sal que a outra jogava por cima dos seus pretzels, polvilhou no croissant padrão e cruzou duas perninhas no croissant para ficar com cara de pretzel. Uma nova coisa fora inventada. Salve. E era bom e todo mundo gostou.
O segredo, primeiro, foi terem reconhecido que era bom, e mais ainda foram as sementes de gergelim que deram um gosto de noz, e mais o sal, a manteiga, o doce e salgado ao mesmo tempo.
E tem outros motivos, também. Com a crise você talvez não possa comprar uma casa, então vai lá e compra um muffin bem grande. Um substituto.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Dominique Ansel trabalhava com Daniel Boulue mas um dia quis ter sua própria casa e fazer coisas diferentes.
Nada, no entanto o tinha preparado para sua nova criação. Deram a ideia a ele de fazer um doughnut. De jeito nenhum, respondeu. Nem morto. Sou francês, doughnut é coisa de americano. “Acontece que eu fazia croissants. Posso tentar fazer um doughnut com masssa de croissant.” Não dava certo, experimentaram por dois meses até que um dia tiveram a ideia de fritar a coisa. Em óleo de semente de uva. Resolveram experimentar para o dia das mães. Acontece que havia uma blogueira na escuta que chegou em casa e e pôs no blog. Tornou-se viral e já famoso antes de ser feito de verdade.
Foram fazendo, 50, 100, 300, não há cronut que chegue até hoje. Resolveram limitar a quantidade. Ansel não sabe o motivo do sucesso a não ser que são duas coisas boas juntas em uma só. Os americanos adoram doughnuts, e adoram croissants. Só poderia dar nisso.
Mas teve que tomar conta da quantidade para não matar sua galinha dos ovos de ouro. Não quer transformar sua loja numa loja de cronut. Tem muitas coisas gostosas para vender. Distribui chocolate quente e madeleines para a enorme fila que acontece diariamente. Tem até seguranças para que os clientes não sejam incomodados, mas a certa hora para de fornecer e ainda mais, ninguém, nem um rei pode desobedecer a fila. Ah, o cronut custa 5 dólares.

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