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Nina Horta

Perfil Nina Horta é empresária, escritora e colunista de gastronomia da Folha

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Como Fazer o Restaurante Funcionar ?

Por ninahorta
26/06/12 15:49

O que se faz para que o restaurante funcione bem.

 Procurando uma idéia

Lendo livros, cultura alimentar, arte, história, cultura em geral, ciência.

Design

Experiências, viagens

Pesquisa de produtos e fornecedores especiais. ( locais e distantes.)

Novas maneiras de interagir com o cliente, jogo, provocação, lembranças, humor, emoção

Pesquisar mecanismos fisiológicos envolvendo o uso de órgãos sensoriais (por analogia e harmonia ou oposição e contraste ou sinestesia (harmonia e contradição entre as mensagens sensoriais recebidas pelas pessoas durante as partes diferentes da degustação)

Comparação.

Os integrantes da parte de pesquisa de receitas se junta para debater a potencialidade das receitas e trocarem idéias.

 O desenvolvimento da receita.
Achar o fornecedor

Pesquisa, adaptação ou criação de técnicas para desenvolver a fórmula da receita

Trabalhar na execução das idéias em relação ao objetivo daquele prato, a aparência, os utensílios a serem usados, proporção

Passar para a produção do prato na cozinha, métodos, desenvolvimento de técnicas, desenho do sistema de produção, execução e controle

Testar, experimentar.

 Definindo a idéia

Juntando todos os testes iniciais, receita, execução, serviço, história, contextualização.

Provar de novo, ensaiar o serviço

Cálculo inicial do budget necessário para soltar o prato. Salão, cozinha, os drinks, mise em scéne das idéias baseadas naquele prato específico

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Toc, Toc Na Porta da Ciência

Por ninahorta
26/06/12 15:47

Quando Andoni esteve aqui há uma década se não me engano, já sabia cozinhar o ovo perfeito. O que demorou um pouco nas experimentações. Ele já sabia fazer o ovo, mas não sabia porque ele ficava daquele jeito tão bom. Experimentaram centenas de vezes e foi por tentativa e erro que chegaram a uma conclusão.

Mas daí, perceberam que não dava para ficar experimentando tanto. Era uma cozinha, eles precisavam de um laboratório. Acharam o AZTI TECNALIA, um centro tecnológico especializado em comida marinha e comidas em geral. No começo a colaboração foi difícil pois nenhum dos lados sabia bem o que queria. Afinal foram cooperando e não vivem mais um sem o outro… O que um não sabia o outro sabia, e se deram muito bem.

Os bons cozinheiros sempre usaram o método da repetição. Fazem a mesma coisa tantas vezes até que ela seja introjetada.  Agora, depois que a ciência oferece ao Mugaritz uma novidade, acontece o mesmo de antigamente. O chef vai experimentar até que aquilo se torne feijão com arroz para ele.

Foi o contato com a ciência que fez com que o Mugaritz errasse muito menos do que antes. Incorporaram rotinas à atividade, tanto na preparação dos pratos como na organização da cozinha, do movimento dos cozinheiros à racionalização do trabalho de todo dia. As rotinas os ajudaram a chegar à perfeição e entendem que a perfeição é o único jeito de mandar a mensagem de um cozinheiro. Sem largar a criatividade afiaram o trabalho feito com as mãos.

Dizem eles que com a exatidão da ciência têm mais liberdade para sonhar.

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Para Comer é Preciso Aprender a Dançar

Por ninahorta
26/06/12 15:44

Não foi bem isso que o Andoni disse. No final ele acha que cozinhar, somente não é o bastante.

Para ser criativo é preciso se abrir para todos os mundos. A inspiração não poderia vir somente de outros chefs. A cozinha não pode se alimentar somente de cozinha. Quando entraram em contacto com cientistas, artistas e filósofos, tiveram dificuldade dos dois lados. Precisaram de uma linguagem comum. Hoje, depois de tanta conversa talvez tenham mais dificuldade em conversar com outros chefs que não passaram pelos mesmos perrengues.

No caso deles não vai haver volta.  Só cozinha não é o objetivo. Não adianta apresentar as melhores técnicas nos melhores ingredientes. Não é o bastante falar em cozinha sazonal, ou ingredientes sagrados, o que importa é o gosto. O que encanta a equipe do Mugaritz é o levantar pela manhã sabendo que alguma coisa os espera, alguma coisa da qual não têm noção, mas que pode estar brilhando logo ali na frente para ser inventada.

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Outros Pontos de Vista

Por ninahorta
26/06/12 15:42

Aqui começam as frescuras nas quais não me reconheço muito. Mas, quem sou eu para ir contra o Andoni, tão sabido, elegante, inteligente?

Fez um jantar de comunhão, comandado por dois coreógrafos espanhóis famosos, que dançavam uma peça em que se davam a comer pela audiência. Ainda foram fabricadas hóstias de wafers e nelas se inscreveram as respostas das perguntas feitas aos comensais. “De que vocês são feitos?”. Os clientes tinham que comer a hóstia sem segurá-la, pegando-a de sobre a mesa com a língua e ainda colocaram os cheiros de que as pessoas mais gostavam em vidros, o que significava a essência da alma deles.

Só de ler isso chego a esquecer como é boa a comida do Andoni e tenho vontade de romper relações. Odeio! O máximo que eu conseguiria seria um ataque de riso sem fim.

Chamaram a Cia de Teatro La Fura dels Baús para representarem Titus Andronicus de Shakespeare.  Que depois de muita violência chega ao máximo com um banquete canibalístico que o pessoal do Andoni fez.  Lendo, vocês percebem que ganharam novos insights com essa experiência e me poupam do tal frouxo de riso.

E a música  com  Felipe Ugarte. Foi convidado para o restaurante. Ele se entusiasmou e pediu um menu no qual ele colocaria som. Foi tudo bem, mas tiveram contato com um diretor de cinema que resolveu fazer a releitura da sound track, seja o que isso quer dizer.

Cansei, volto com mais ainda, vocês ficarão mestres no restaurante do Andoni. Até breve.

 

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QUEM QUER BATATA?

Por ninahorta
10/06/12 19:43

 

 

 

Tenho um dificuldade ímpar para lembrar nome de filmes, de livros, de peças, e no caso de séries americanas. Só me lembro de Absolutely Fabulous, porque era absolutely fabulous! Vi alguns capítulos de uma série na TV, inglesa, bem engraçada, contando as viagens de um inglês abobalhado que é patrocinado por amigos a fazer viagens filmadas pelo mundo em troca de uma boa grana e para que eles possam morrer de rir assistindo os filmes. E a total falta de capacidade dele de entender qualquer outra civilização que não seja a própria.     É politicamente incorreto, inglês até a medula, carregando consigo todos os preconceitos, visitando Macchu Pichu, e a Amazônia, o Peru, a América, envolvido em festas típicas e comidas típicas, que é o que mais o assusta. Leva consigo pacotinhos de chips e quando a fome aperta enche-se de salgadinhos crocantes. De vez em quando frente a um caldeirão de cobras e lagartos, ele oferece seus chips que as pessoas aceitam e adoram. E ele se pergunta atônito, “Pois é, se eles gostam das batatinhas por que comer essas nojeiras todas? Vai entender!”

Eu entendo. De vez em quando tenho tido desejos daquela batatinha Pringle´s, desejo de grávida, tenho que telefonar para alguém que está na rua e pedir por tudo quanto é sagrado que me tragam um tubinho, da natural. E fico abismada comigo mesma, depois de tantos anos de comida boa, de estudar a comida do mundo, como é possível que eu até manipule as pessoas para consegui comer coisas que não sejam saudáveis?

Aliás, nem sei se não é saudável e se é batata. Ser industrializado não significa ruindade, pode ser bom e pode ser ruim, e se eu não me alimentar somente de batatas fritas, como gostaria, tenho certeza que mal não vai fazer.

Vejo agora num livro “Why we get fat: and what to do about it.” De Gary Taubes. Tem online, na Amazon.Ele diz que esse desejo de sal, de estalidos, de gostosuras, não está na nossa cabeça, é uma necessidade de quem está com a taxa de glicose alta. Leiam o livro, é uma daquelas dietas que vai proibir absolutamente todos os carboidratos, mas todos, mesmo. E inverte as coisas, diz que comemos e temos fome por estarmos gordos, e não o oposto. Faz sentido, leiam que faz sentido.

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TORRESMO SOBERBO

Por ninahorta
08/06/12 22:59

Na entrada de sua Academia Platão escreveu as palavras. “Não entre quem não saiba geometria.” Esnobe? Pouco inclusivo? Eu diria que na escola da cozinha moderna já está escrito: “ Não entre quem não sabe um pouco de física e química.” Aviso para pessoas que como eu, tiveram escola fraca e não entendem como ao apertar um botão a luz se acende, a novela aparece, e as claras batidas endurecem.

O que mais não sei? Estamos no meio de uma revolução das panelas? Conseguimos passar pela última mudança, que foi a nouvelle cuisine. E por essa nova revolução, vamos tentar nos agarrar ou deixar que passe por nós sem lhe darmos atenção? Temos capacidade ou devemos nos afastar delicadamente por não termos os requisitos básicos?

E o que são os requisitos básicos? Aplicar as experiências da cozinha de larga escala, industrial, ao restaurante, ao buffet, à casa. Sous vide, esferificação, nitrogênio líquido, hidrocolóides? Hummmm. Podemos não saber do que se trata, mas não somos burros a ponto de fechar os olhos e esperar pra ver no que é que dá. Temos que atentar como e porque a comida se transforma durante o cozimento. Espessantes, alginatos, xantana e o diabo a quatro.  Será que vamos deixar os cientistas se meterem na cozinha sem nos metermos no laboratório? A cozinha laboratório não é uma coisa tão absurda, há que experimentar, mas para os muito ignorantes seria necessário um cursinho básico de física e química, concordo.

Talvez, por isso tenha me aproximado da cozinha mantendo uma respeitável distância do laboratório, prestando mais atenção na comida e cultura, comida e sociedade, o lugar onde comemos, as ocasiões, as percepções. Chô, proteínas e lipídios,moléculas e polímeros, milose, amino ácidos, carotenóides e tocoferóis e alcalóides. Mas, juro que o que me segurou até agora foi a ignorância, porque tenho plena consciência de que o entendimento do que acontece na panela fará de nós melhores cozinheiros.

O primeiro livro que li sobre o assunto era interessante “But the crackling was superb.” “E o torresmo ficou uma maravilha”. Era daquele pessoal de Oxford, Nicholas Kurti, do Alan Davidson, Harold McGee, todos aqueles cientistas que gostavam de cozinhar, de falar sobre comida, mas que não conseguiram deixar para trás sua formação de cientistas.   E nós, cozinheiros, temos que nos aproveitar da ciência deles e entrar na academia de culinária com um verniz platônico de química e física, para que o nosso ovo frito não tenha par. Que o arroz científico saia igual dia após dia, baseado em fórmulas seguras.

E que saibamos conversar sobre o crocante como cozinheiros de laboratório, sabendo que o bom torresmo não depende do porco mas de nós mesmos. Ou talvez do porco, mas sempre com um juízo científico sobre as qualidades do suíno.

E o melhor mesmo vai ser quando o jargão científico desaparecer e tivermos esquecido os nomes. Quando ao saborear um bom queijo, bolado no laboratório, ninguém, nem o fabricante, nem o vendedor nem o cliente fale sobre interações moleculares entre as proteínas da caseina e o cálcio, e sim, mineiramente, uai, que trem bom.

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COMER COM A MÃO

Por ninahorta
06/06/12 02:19

Mamma mia, acho que seria mais fácil inventar uma pessoa com três braços do que um jeito de comer e beber ao mesmo tempo, em pé. Fiquei uns três dias pesquisando comida que se pode comer de uma mordida só. Fui a listas completas de buffets ou caterers dos USA, Londres, e não existe absolutamente nada de novo sob o sol. Nada. Reparem que todos os buffets do mundo estão servindo a mesma coisa.(Fiz uma lista logo abaixo)Nem o modo de servir varia, é inacreditável como temos um fio condutor que se espalha e moda é moda, só se come a mesma coisa e do mesmo jeito.

Por mim eu serviria uns três pratos bonitos de entrada, esqueceria dessa história de canapés. Cada prato vale por uns dez canapés o que evitaria aquela passação de copeiras o tempo inteiro. Fico reparando, a pessoa diz “não” para a mesma copeira dez vezes e ela se acha na obrigação de continuar oferecendo cada vez que passa. “Vai que dessa vez consigo vender essa trouxinha de alho poró!”

E com cada canapé oferecem um guardanapo. Será que uma pessoa precisa de dez guardanapos por festa? Parece novela da Globo, onde os atores cada vez que comem alguma coisa, limpam os lábios delicadamente no guardanapo. Precisa? Tenho tanta implicância de gente que pega as coisas (um pastelzinho, um sanduíche, uma bolota de marzipan) com guardanapo…. Será que em casa é assim também? É chic? Eu não acho, quer saber, acho a coisa mais brega pegar tudo com guardanapo.

Sei que estou exagerando, as pessoas curtem um paninho, eu acho fingido porque não comemos assim em casa, pegamos o pão com a mão, uma fruta, tudo sem precisar de um quadradinho de linho. E se precisamos de um, tudo bem, mas de doze? Bom, desviei da conversa que era sobre a mesmíssima comida. Voltemos. Que poder é esse dos fornecedores, do marketing, que de repente só vendem salmão, vitela, cuscuz marroquino, verdes nobres, verdes-bebê, (por sinal onde comprar o novo ídolo, baby palmito?)

Fui ao Atala com uma amiga e ela só suspirava “Eu estaria rica se pudesse servir esses ingredientes no buffet!” Eram as mini porções deliciosas de um rabicó de peixe frito, com uma mini farofa, ou três dados de beterraba. Ah, banqueteirinha, isso é para quem pode, chefs comuns têm que servir queijo Brie quente, vitela com gnocchi de funghi, massa recheada com molho. Nem rosbife, que precisa de faca.

Vou entrar agora em sites de busca japoneses, croatas, de Galápagos para ver o que servem os buffets e de que jeito. Prometo, a cada novidade, escrever um artigo.

O mundo inteiro tem esse problema e o resolve cada um a seu jeito. Os Estados Unidos, servem coxinhas de frango, costelinhas agri doces, milho para serem comidas com a  mão, coisa que aqui não é permitido, as mulheres teriam que usar 12 guardanapos de cada vez para não esparramar o baton.

Outros inventam bandejas com um buraco para o copo, mas sempre bem feias. A última novidade que vi é um prato-anel, preso no dedo. Como gesticulamos muito ao falar acho que aqui não vai dar certo. Opa, a farofa voando pro vizinho!

Abaixo a lista de blogs de NY, da revista New Yorker. Nada de novo no front!

Todos os buffets de Nova York, de acordo com a revista New York.  E temos aqui o catering do Four Seasons, do Glorious Food, do Daniel Boulud. Tirei algumas poucas idéias e já nem me lembro quais são, mas é impressionante a mesmice.

Uma tendência é servir em pratos ou cumbucas descartáveis. Não agüento esperar que os nossos descartáveis fiquem bonitos o bastante para fazermos a mesma coisa.

 abigailkirsch.com

http://acquolinacatering.com/

arthuravenue.com

barraudcaterers.com

bluesmoke.com

callahancatering.com

canardinc.com

restaurantassociates.com

tocquevillerestaurant.com

palmhouse.com

chinatownbrasserie.com

cleaverco.com

cocktailcaterers.com

cravecateringny.com

creativeconceptsnyc.com

creativeedgeparties.com

devinyc.com

dishfoodnyc.com

elegantaffairscaterers.com

hamptonsexquisitefood.com

fattycue.com

feastandfetes.com

foodinmotionevents.com

whenfoodmatters.com

fourseasonscaterer.com

gloriousfood.com

greatperformances.com

andmarc-restaurant.com

lemoulincatering.com

thelittleowlnyc.com

mannacatering.com

marceybrownstein.com

markfahrer.com

marygiuliani.com

mscnyc.com

naturallydelicious.com

novacateringco.com

pckcatering.com

piesnthighs.com

pinchfooddesign.com

radishnyc.com

 theragingskillet.com

realfoodcatering.net

redtablecatering.com

robbinswolfe.com

robertaspizza.com

ryanbrowncatering.com

saffron59.com

seasonsnyc.com

shirazevents.com

sipsandbitesnyc.com

sonnier-castle.com

special-attention.com

spoonbreadinc.com

sterlingaffair.com

sweetbasilcatering.com

sylviasrestaurant.com

tastingsnyc.com

thomaspreti.com

tipofthetonguenyc.com

tomorlandoevents.com

theuppercrustny.com

zarela.com

 

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ONDE FOI PARAR O ALHO?

Por ninahorta
03/06/12 01:04

Bom, já que estou obcecada por alho, vamos falar mais um pouco sobre a comida provençal. Os livros sobre a Provence se aproveitam da beleza do lugar e haja fotos bonitas e sedutoras. Muito tomilho, alecrim, sálvia. O presente de grego que os provençais receberam foram as massas, as alcachofras e as amendoeiras.
E a beleza das laranjas e limões, das camélias coloridas, da mimosa, dos girassóis. Mel, azeitonas, o queijo.
Mas ao falar de cheiro temos que pensar que o maior cheiro é o de alho.

E as azeitonas se dão bem, prateadas, e o azeite virgem delas é que prepara tudo.E quem não se aproveitou da luminosidade da terra? Matisse, Cezanne, Van Gogh, Renoir. Explodiram em cores nas primaveras provençais.
Berinjelas, os figos, os melões, e a passarinhada…
Sem falar em Marselha e os peixes frescos e a bouillabaisse. E tem muita sopa de peixe, por causa dos peixinhos espinhudos, mais fáceis de aproveitar assim. Ratatouille, brandade de bacalhau, tudo traz água na boca. E se que bancar o cozinheiro provençal, nem precisa de receita, vá fazendo a salada niçoise na qual vai de tudo um pouco. Repolho, alfaces, ovos, atum, ovo cozido, azeitona preta tomate e tudo o mais que passar pela nossa cabeça de cozinheiros atordoados, como Tartarin de Tarascon. (Tartarin de Tarascon é o nome de um livro e de personagem de Alphonse Daudet, muito publicado no século passado e esquecido neste. Qualquer dia a CosacNaify nos dá o privilégio de relê-lo.)


A salada niçoise é servida com azeite, tomate, anchovas, azeitonas, e alho, muito alho, com certeza.
E o sanduíche mais gostoso do mundo, o pan bagnat? Pão com bastante azeite, tomate, pimentão, azeitonas e cebola em rodelas. Hum. E cadê o alho?

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Pequenas novidades velhas

Por ninahorta
26/05/12 00:23

Wikipedia.Yuzu

Cozinheiros, cozinheiros!

É uma pena não podermos acomodar. Fico pensando que desde que me interessei por comida nunca mais pude moderar a curiosidade e ficar parada, refletindo, ou simplesmente na rede sem fazer nada. Já repararam que comida anda por todo lugar? Da rede você vê o abacateiro que pode morrer por causa da primavera que sobe por ele, muito doidona. E não é engraçado que só em Cuba se coma abacate com açúcar? Como terá acontecido isso? Provavelmente tem a ver com países açucareiros… mas a rede balança e a preguiça alcança.   E as vacas? Será que ficam melhores paradas ou assim andando devagarzinho mas sempre? E aquela carne Kobe, de boi massageado escutando música?

Depois de mordidos pela cozinha não dá para ficar de lado. Um dia lembro que assisti um filme de três casais que passavam sempre as férias juntos. Um dos homens adora cozinhar. É aquele que em vez de se lembrar das cuecas não esquece das berinjelas e se esquece é capaz de morrer de angústia. Pois ele, no filme, pegou uma wok, pôs alguma coisa dentro que subiu como uma nuvem fofa.

Crispy Noodles

Assisti o filme dezenas de vezes para descobrir que era um wok cheio de óleo quente e o que ele jogava dentro era macarrão de arroz, um pacote desse comuns, que fritava na hora como um mandiopã. É um acompanhamento divertido. E deu o que sujar a cozinha de gordura.

Um dos modos pelos quais fiquei mais sabida no fogão era ir a um restaurante e chegar em casa e tentar dublar a comida. Inclusive macarrão estampado com sálvia e salsinha!Como qualquer outra disciplina e põe disciplina nisso é preciso saber das coisas.

Deve acontecer o mesmo com médicos, fashionistas, (principalmente com fashionistas), as mudanças são céleres, nem aparecem muitos ingredientes novos, mas tudo muda, o jeito de servir, a hora, a cor, o tempo de cozimento. É claro que não sossegamos enquanto a novidade não virar bobeira. E partimos para outra.

Às vezes leva um tempão para descobrirmos coisas antigas, incrustadas na sabedoria das donas de casa, mas que acreditamos ser a maior novidade do mundo. Lembro que trouxe pimenta rosa de Paris, da Fauchon. Depois um amigo caipira disse que aquilo se parecia muito com aroeira. Tentei levar uma muda enorme para Paraty. Uma árvore. O motorista era de lá e minha mãe era do mundo. Com a perspectiva de viajar com a copa da aroeira no nariz, soltou o verbo. “Larga isso aqui, em Paraty deve estar cheio”. E estava.


Hoje em dia por nossa ignorância já devem ter sido cortadas de uma praia cercada por arbustos de aroeira. Construíram lá uma casa normanda! Aquele telhadinho de neve e tudo!

Mas a cozinha é mesmo um lugar muito vivo, vai mudando cada dia, se a gente parar e deixar de ser curioso, de ler, de ver, de experimentar… Primeiro que perde toda a graça, segundo, vai-se o espírito de aventura, de descoberta, de UAU!…

Há certa coisas básicas que não se quer fazer diferente. Um arroz, um feijão, um ovo frito, sobre os quais se sustentam nosso paladar. Queremos é assim, e pronto. Pelo menos um porto seguro há de existir. No meio da batata frita, um farol rodando para todos os lados e pesquisando o mar alto.

Olha a novidade, tudo está virando pó. Pó de iogurte, pó de manga, pó de lingüiça calabresa. Vamos aos pós. Pode ser coisa que não vai emplacar, uma novidade engraçada, mas quem sabe vem e fica, melhorando o gosto da comida de cada dia? Ou nem fica, mas a graça de colocar um fruta para desidratar totalmente e depois moer até que vire pó, e aquele pozinho no risoto vai dar uma graça súbita, vai causar prazer ao cozinheiro e ao que come. Não tem jeito, vamos lá.

Pó de leite

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O MUNDO É DIVIDIDO PELO CAFÉ DA MANHÃ

Por ninahorta
18/05/12 15:09

Com o tempo até criei uma hipótese de trabalho. O mundo é dividido entre aqueles que tomam café pela manhã e os que não tomam café da manhã. Logo é bobagem fazer um monte de coisas quando nos pedem café da manhã. Sobra tudo. Aquela metade que toma café não sai de casa sem tomar senão desmaia no meio da rua. Os que não tomam, não tomam mesmo, só vão sentir fome lá pelas 11 horas.

Então encher um buffet de gostosuras às 9 h da manhã é bobagem das boas. Sobra tudo. Melhor um cafezinho, uma laranjada, no máximo um mini, mini sanduíche de presunto e queijo. Quando vou explicar o tamanho do sanduichinho digo “do tamanho de uma unha”
e as pessoas me acham exagerada. É que não posso dizer do tamanho de uma unha da Alcione. Vocês já viram o tamanho da unha da Alcione? É nela que estou pensando quando ofereço o sanduíche.

Então inventaram o brunch que é uma festa muito gostosa, começando com acordar tarde e ir embora almoçar, mas podendo começar com aquelas coisas que você não comeu de manhã. Ovos quentes, um peixe frio, torradas, tostex, rabanadas, sucos, café, chocolates, carnes, tortas, saladas, afinal cabe tudo num brunch. Acontece que apesar de parecer uma refeição simples e informal é mais cara. Por quê? Por causa da louça. Xícaras e copos para todas as bebidas, desde café e chá e chocolate quente a sucos variados e vinhos e gin, e bebidas em geral. Mas fica bonito, mesmo, salgados e doces na mesma mesa, você come o que te der na telha, passa do doce para o salgado, para as frutas, do mingau ao mil folhas, um escândalo.

Temos também o problema da cozinha da casa para acomodar tantos pratos e copos e a lavagem deles. Enfim, temos que convir que um brunch é delicioso mas dá mais trabalho e por conseqüência sai mais caro.

Estou fazendo um cardápio desses para uma festa de aniversário de uma bela casa mas com área de trabalho bem pequena, então tenho que diminuir as variedades. Fui colocando o que a cliente, de descendência européia, mais gostava. Deu nisso.

XXXXX,

Pensando muito no espaço achamos que na entrada poderíamos usar a mesa redonda com as bebidas como chás,café, chocolate, um suco de tomate e as xícaras e copos para a chegada dos convidados. A pessoa vai entrando e já fica com a bebida na mão. Poderíamos oferecer também um sanduichinho de pepino.

Na chegada de todos, a mesa estaria pronta com

Uma salada Caesar

Uma salada de farro, trigo e avelãs (tenho uma receita de farro com galinha, quente, que é uma delícia).

Muito gravlax com creme azedo (que é o que as pessoas gostam mais), um toque de wasabi e ovas.

Salsichas de vitelo na panela de cobre, mostarda Dijon ao lado.

Hash Brown potatoes

Pães variados

Bolo de papoulas com glace de limão.

Bolo americano de cenouras em várias camadas, com uma cenourinha por cima.

Uma mousse de chocolate bem densa e não muito doce- chantilly ao lado

Frutas da estação prontas para serem comidas.

Tudo o que está acima será servido no buffet , mas os garçons passam

Borscht de beterraba com creminho azedo e limão

Sopinha de abóbora com castanhas portuguesas

Pratinhos com uma pilha de quatro panquecas americanas, com maple e frutas vermelhas

Ovinho mexido dentro da casca com torradinha fina

XXXXX, pense que se você nos ceder o mezzanino para o bar ajudaria muito. Imagine só na cozinha toda a comida, mais 300 copos, 300 xícaras , 600 pratos, e muitos outros trezentos! Beijos da Nina.

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