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Nina Horta

Perfil Nina Horta é empresária, escritora e colunista de gastronomia da Folha

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Tira, põe, deixa ficar!

Por Folha
17/10/12 03:00

Temos um cozinheiro novo, simpático, habilidoso com as facas e esforçado. É tão generoso que me deu um celular velho, no qual posso escutar os gritos da Carminha, bem baixinhos, nas festas onde estivermos.

Bem, fui mostrar a ele como saltear uns cubos de peito de frango à chinesa, para ficarem bem macios, e o rapaz quase morreu de ofensa. Juro, quase se demitiu! Começou a desenrolar a história da comida e das técnicas chinesas inventadas. Tudo ali, na hora, como se fosse um mandarim. Já o apelidei de China, e, me parece, depois de ter surtado, ele gostou do meu método de deixar o frango macio.

A primeira pergunta a um candidato a emprego de cozinheiro é se ele sabe cozinhar. Um truque, naturalmente, que aprendemos com o tempo. Se ele diz que “sim”, nem precisa perguntar mais nada. É mudar para o próximo da fila. O bom cozinheiro sabe que nada sabe.  A cozinha é um poço muito profundo.

Ai, que saudade, de bater um bom papo sobre comida, olhando o mesmo livro, serena, sem rivalidades, sem modas, sem pequenas mesquinharias de lado a lado, lendo por prazer, achando graça.  E, por incrível que pareça, você só consegue fazer isso com um amigo, ou bom cozinheiro, ou alguém que vai se tornar uma grande cozinheiro.

Os pequenos lutam por seus espaços como cães de fila, parece que precisam saber de tudo, não dão o braço a torcer. A comida deles está sempre certa, é sempre melhor. Que canseira. A comida vai ficando, assim, como um estádio de futebol, com várias torcidas uniformizadas e até com hooligans, cruz-credo!

Já pensaram que alegria seria ter um laboratório como o do Rodrigo Oliveira, do Mocotó, e do Ferran Adrià? Lugar de acertar, mas de errar também, longe das vistas dos outros. Se eu tivesse um cantinho desses poria o nome de cozinha Caxangá. “Escravos de Jó jogavam caxangá. Tira, põe, deixa ficar! Guerreiros com guerreiros fazem zig, zig, zá!” Sonho de todo mundo que quer aprender, uma cozinha experimental, sem egos, sem palmas, sem choro nem ranger de dentes, sem soberba, humilde como só ela, perseguindo a perfeição, desanuviando o ambiente, dando risada de si mesma.

Adorei a explicação de um dos mais apreciados cozinheiros o mundo, Thomas Keller. Pensou e pensou como chegara àquele perfeccionismo culinário. Respondeu, sem fazer gênero: “Quer saber? Culpa da minha mãe. Não éramos ricos, e a minha tarefa em casa era limpar o banheiro. Só. Mas, o que eu brilhava aquele banheiro! Fui me aperfeiçoando, não deixava um canto sem escovar e brilhar. Foi ficando uma joia. E daí em diante tudo que eu pegasse como emprego era feito com a mesma disposição. Acabei na cozinha, mas imagino que qualquer outra coisa que fizesse espelharia aquela primeira tarefa”.

Não tem jeito, temos de negociar as críticas, o trabalho do cozinheiro é sempre avaliado. Se ele é dono do restaurante, os críticos serão os clientes, não tem escapatória.
E para não chorar vamos nos comportar como os cronópios, dançando em roda, sem medo de sermos felizes. Nós, cozinheiros, eternos aprendizes.

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O prêmio Nobel de literatura tem um nome fácil. Mo Yan. Ainda bem.

Por ninahorta
14/10/12 17:43

Mo Yan ganhou o Nobel de literatura. Os chineses chegaram! Li um livro de Mo Yan na sexta e no sábado. Red Sorghum. Sorgo vermelho. Muitos assistiram o filme. É bom? Não vi.

Claro que não é um livro de culinária. Fiquei procurando, por deformação profissional, as comidas. O sorgo, a plantação de sorgo aparece descrita umas 3 vezes em cada página. Quando eu era pequena meu pai contava para eu dormir a história de 3 galinhas perdidas e esfomeadas que a certa altura encontram um pacote de…milho…. do amarelinho. E era tamanha a sensação de fartura ao ouvir as galinhas matando a fome, a barriga estufada, felizes, completas.

Acho que o sorgo que faz o pano de fundo do romance representa alguma coisa, nesse sentido, o grão que serve para tudo, o grão antigo, fálico, vermelho, o patriarcado, a coragem, o esconderijo, o cemitério, aquilo que dá de comer e de beber.

Fui reler Faulkner e Garcia Marques, influências dele. Os dois autores prendem mais a atenção, têm personagens dos quais queremos saber mais. E sinto uma sensação esquisita de ler coisas que aconteceram na China com o estilo de Garcia Marques. Com Cortazar não achei parecido. Será? É um livro bom para quem ainda tem tempo de ler um livro devagar e ler e voltar e aproveitar tudo que está escrito. Eu não tenho mais tempo. E gostei de ter lido isso, fico muito ansiosa quando ganha um prêmio de literatura do qual jamais ouvi falar, imagino que possa estar perdendo um Shakespeare. E ler toda a obra é mais elucidador do um livro só, como fiz.

 

 

 

 

Prêmio Nobel de literatura, um chinês de nome fácil. Mo Yan. Nunca estive tão por fora do assunto, mas não há mal que sempre dure. Leio num dia, Red Sorghum. O Sorgo vermelho, em inglês, um livro pós-Mao.  (Novos assuntos e novos estilos. Escritores começam a questionar a ideologia política imposta por cerca de 30 anos, e tentam examinar com outros olhos sua cultura, história, identidade.)

Um dos autores de maior sucesso na China é Mo Yan, nascido em 1955, e que apareceu em 1980. Influenciado, adivinhem por quem? Gabriel Garcia Márquez, Julio Cortazar, Henryk Sienkiewicz, James Joyce D.H Lawrence, Faulkner e, Lu Xun.

O nome do primeiro livro é A Família do Sorgo Vermelho, um romance passado na pequena cidade onde nasceu. É a história de uma família de camponeses de 1923 a 1976.      Adaptado para o cinema ganhou o Urso de Ouro em 1988, no festival de Berlim.

Narra a resistência chinesa contra os invasores japoneses em 1939, durante a Segunda Guerra mundial. Os protagonistas são pessoas do povo inseridos num romance entre histórico e ficcional e a linha do tempo se move entre passado e presente (para mim um pouco cansativo ter que ficar prestando tanta atenção em quem é quem e quando)“ O herói, que é o bisavô é complexo: trabalhador, assassino, adúltero, bandido e herói nacional lutando contra os invasores japoneses.

O enredo é mais ou menos esse tirado do livro A Subversive Voice in China: The fictional World of Mo Yan  De Shelley Chan.

O Avô Yu Zhanao é um homem bem diferente com um temperamento explosivo. Aos 16 anos, mata o monge que tem um caso com sua mãe viúva e foge da cidade para se tornar um carregador de liteiras. Ao transportar uma noiva (a avó do narrador, no dia de seu casamento,) Yu mata um assaltante que pedia dinheiro aos carregadores e que tentara sequestrar e estuprar a noiva. Três dias depois desvirgina a avó e mata o marido legal dela, mais o sogro.

Mais tarde vive com essa mulher com a qual não é casado. A certa altura, o avô urina num tonel de vinho, um ato de rebelião que ironicamente faz com que o vinho se transforme num vinho de muito melhor qualidade. Mais tarde recruta tropas e transforma-se no celebrado Comandante Yu, que de fato é um bandido líder. Comanda suas tropas pobremente armadas para lutar contra os japoneses sem se submeter nem aos comunistas nem às forças nacionalistas. Nas sua próprias palavras “Quem é bandido? Quem não é bandido? Qualquer um que lute contra os japoneses é um herói nacional.”

Esse tipo de leitura é totalmente novo para os chineses. E de certo modo muda também o modo de ver a literatura chinesa que por acaso tenhamos lido.

É mais ou menos o que posso recomendar para vocês, do blog – Tanto o livro Red Sorghum, de Mo Yan, como um estudo sobre o autor “A Subversive Voice in China. The fictional World of Mo Yan, de  de Shelley Chan. Podem ser comprados na Amazon, Kindle Books.

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"Desembreguemos" o churrasco

Por Folha
10/10/12 03:00

Já que estamos dependurados no assunto breguice, brega, cafona, continuemos. Há uns 20 anos, fui pesquisar comida kitsch. Depois de muita “jequeira” na veia, cheguei à conclusão de que comida brega não existe. Não existe kitsch na cozinha. Se é bom, escapa do brega.

Pesquisando revistas dos anos 50, em que o mau gosto imperou com festas cor-de-rosa, flores de crepe roxas, babosas pintadas de prateado com bolas de Natal nas pontas, cachos de coquinhos pintados de dourado no Natal (até hoje acho lindo), cascatas de camarão sobre papel-alumínio, cerejas de chuchu com fios de ovos, descobri que, se a comida for gostosa, corta o brega.

Havia na revista “O Cruzeiro” uma página da Helena Sangirardi, se não me engano, que, de tão absurdamente horrenda, transcendia a feiura. Hoje, viraria cult. Tenho uma das fotos da revista, um castelo com o telhado de rosbife sangrento, com direito a anões de jardim em marzipã sentados em cogumelos crus, chão verde de glacê haja!

E se o anão fosse a mais deliciosa massa de amêndoas já provada, o rosbife uma carne de primeira, no ponto? O cercado de Yorkshire pudding e com lampejos de raiz forte?

Bom, teríamos de dizer que era horrendo na apresentação, mas de paladar infinitamente bom, o que o  desclassificaria da condição de brega. Comida só é brega quando é ruim. Vamos a exemplos candentes.

Churrasco na laje. O que é  brega, o churrasco, a laje? Claro que não. Somos nós, de bermuda, suados ao sol do meio-dia e com o fogo próximo, o sol iluminando nossas imperfeições, a cerveja quente, a gritaria, a música alta, as piadas infames. 

Gargalhadas, mulheres trocando a fralda dos bebês remelentos, TV ligada no futebol, farofa e pão de queijo frios para aplacar a fome do churrasco que nem foi posto no fogo, ainda. Pequenas linguiças queimadas, asinhas de frango negras.

Mas, acreditemos, não é o churrasco que é brega. Somos nós. Ele é uma das coisas mais geniais na nossa comida brasileira.

Grelhas, chapas, caldeirões, espetos e o fogo – principalmente – só podem elevar o espírito. São bonitos. O fogo, então, a chama… Lenha, fogo e carne, a mistura que não suporta a pecha de brega por ser nobre e simples, milenar.

Vejam o livro do chef Francis Mallman e do jornalista Peter Kaminski. Fotos incríveis ao pôr do sol. Fogo, muito fogo à beira de lagos da Patagônia. Sete fogos. Churrasco ao estilo argentino.

Quem sabe é o churrasco do meio-dia que é brega? O desconforto do calor, as bermudas amassadas, a música alta, uma secura generalizada que é molhada só pela cerveja quente e pela farofa fria? O pandeiro, a risada alvar, a cachaça pródiga? Ou faz parte?

Churrascos ao fim da tarde nunca seriam caipiras. É uma hora doce, amena, o fogo parece menos agressivo, nós já nos acalmamos, o calor amainou, a lua vai nascendo…

Por sinal, o Francis Mallman conta uma lenda: “Na tradição dos povos originários, o fogo era propriedade dos animais, o pequeno tatu, a ágil lebre patagônica e o feroz puma”. Uma coisa roubada dos deuses só pode ser bonita e boa. “Desembreguemos” o churrasco.

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ENCALHADOS NA CHINA

Por ninahorta
08/10/12 18:28

Encalhados na China! Não perguntem o porquê. Talvez eu já esteja encalhada na China desde os anos 60… Adoro comida chinesa. Antigamente, aqui em Pinheiros era possível comprar desde peixe vivo nadando em aquário como louça e ingredientes. O metrô desandou o Largo de Pinheiros e redondezas, aliás, desandou em matéria de comida japonesa e chinesa, mas nas imediações ainda é possível achar casas especializadas.

Sempre quis usar no buffet as técnicas de cozinha chinesa, ou melhor, a técnica de se cortar tudo em bocadinhos e passar pela frigideira ou wok, muito rapidamente. Carne, aves, peixes, legumes, tudo responde bem a esse tratamento muito fresco que pode ser feito na hora. Cortar em bocadinhos é trabalhoso, deve ser feito tudo na cozinha, e levado picado para a festa. Lá é só saltear.

Não queríamos ficar fazendo comida chinesa, é só o método, .

Já fazemos camarão assim, na hora, (sem picar em cubos, o camarão inteiro, mas olha que não é uma má idéia cortá-lo em cubos com o preço a que anda….)

Acontece que comida de buffet tem seus princípios que não podemos desobedecer. Esse método de saltear em wok não dá caldo, ou dá pouco caldo, e como a comida vai para o réchaud é preciso pensar um jeito para que ela não resseque.  Nosso chef, o Jhay Meneses preparou um molhozinho de soja, delicado, misturado ao molho da marinada, que pode ser usado se a comida começar a ressecar. Vai-se umedecendo aos poucos. Acontece que nessa última festa as pessoas gostaram tanto que não houve necessidade de artimanhas para não secar. Comeram tudo, imediatamente, com bastante arroz.

Deixa eu contar.

Foi um jantar de firma, no Espaço Contemporâneo. O lugar é bonito, se presta a ser redefinido a cada festa e tem boa cozinha. A decoração foi feita pela Adriana Frangione, que é arquiteta, mas que também faz festas. Gosto muito do jeito dela. Sem frescuras, sem excesso de flores, bem simples e adequado. Acho que é sua formação de arquiteta que não a deixa extrapolar. RÁ -3071 1730

Essa era uma festa beneficente, sabe como é, as pessoas compram os convites para um jantar. Logo o jantar não pode ser muito caro que os convites ficariam impossíveis. Mas, tem que ser bom e bonito.

Resolvemos por buffets formados assim: bem no centro um tacho enorme, daqueles de fazer farinha, de cobre, com o arroz em pirâmide alta , todo tachado de alho negro, comprado da Marisa Tiemi Ono, alho que está cada dia mais gostoso, doce, com um azedinho no fundo, e lindo, cortado ao meio mostrando o negrume dos alhos. Falta de vergonha não saber fotografar, não é? Ou ter preguiça de aprender….

De cada lado do arroz iam: uma panela grande e rasa com porco com abacaxi (á moda chinesa) e do outro, frango, também à moda chinesa, com legumes. Os dois muito bem temperados. Não queríamos que fosse temático, eram pratos feitos à moda chinesa, mas com acompanhamentos bem brasileiros, a não ser a couve chinesa que era chinesa mesmo. Mas, o creme de milho, as batatinhas palha, as saladas de grão e as saladas cruas eram muito nossas, brasileiras e contemporâneas.

Sei que todo cozinheiro faz a mesma coisa que faço.  Quando os pratos voltam é aquela corrida para ver o que foi que os clientes não comeram e deixaram, acharam ruim. E delícia das delícias quando os pratos estão todos limpinhos, como se tivessem passado pela máquina de lavar. Viva! Gente boa de comer e de beber!

De sobremesa esquecemos completamente da China, que é bem ruinzinha no assunto. Pelo menos o que eu sei. E o chef Jhay Meneses surtou arrumando lindamente as frutas, tortas de pêra com marzipan, trifles de frutas vermelhas, sorvetes, foi um arraso. O Jhay tem mesmo muito jeito para confeitaria, precisa viajar para algum lugar que tenha o que há de bom de doces e de aulas de doces e com uma língua que se entenda. Sabe que vi doçuras interessantíssimas no México? Pães, então….

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É O AMORRRRRRRRR....... (MANI e D.O.M)

Por ninahorta
03/10/12 17:10

Fui convidada para ir ao Manioca, mas não sabia bem o que aconteceria lá. Afinal era um jantar oferecido para a rede de amigos da Helena Rizzo e do Alex Atalla. Amigos-clientes, amigos-amigos, amigos-fornecedores, amigos-imprensa. Só que todo mundo amigo, mesmo, gente que torce por eles e por quem eles torcem.

Foi muito bom, uma gentileza difícil de ser retribuída. Na saída brindes de sacolas de palha com alfaces, endívias, explodindo em verde fresco e mais e mais….

 

O cardápio para 100 pessoas era dos restaurantes deles, o D.O.M e o Mani. Aquelas minúsculas surpresas extremamente trabalhadas e bem sucedidas. Quem diria que jabuticaba daria uma sopinha gelada salgada, quase etérea, rosada, com o gosto que mais gosto no mundo?

E sou tão boba que comi um desfiado de costela de boi com um osso buco por fora. Depois que comi a carne fiquei mexendo com o osso, eu sabia que ainda havia alguma coisinha de comer naquele osso… Claro que não era osso nenhum, era uma mandioca cortada como um osso, com cor de osso, com cara de osso, deliciosa. A tal de mandioca de ouro, nova, de um dos fornecedores.

Vou contar o menu, mas já falei sobre os dois (Atala e Helena) aqui mesmo.  Nunca falo do Daniel, grande cozinheiro por trás de uma grande mulher, pois ele detesta sair da cozinha. Faz bem. “Déjame tranquilo” diz ele.

 

Menu

 

Cestinha com

Pão de milho, lascas de polvilho, coalhada seca, requeijão, queijo de cabra com pimenta-rosa, manteiga.

 

Sopa fria de jaboticabas

 

Chibé vegetariano harmonizado com Champagne Perrier Jouët Grand Brut.(Uma delícia, mas é por essas e por outras que os foodies são ridicularizados. Pensemos num dia de calor absurdo. O índio mergulha a cuia na água sombreada, muito fresca e limpa. Depois mistura com um pouco da sua melhor farinha. Mata a sede e a fome, a farinha cresce no estômago, a água refresca. Já pensaram esse chibé harmonizado com champagne Perrie Jouët? Ah, somos muito doidos, mesmo)

 

Ovo perfecto com espuma de pupunha

 

Arroz com cabeça de garoupa harmonizado com Chablis Forgeot 2011- Borgogne, França.

 

Costela de boi com mandioca ouro e consomê de banana, harmonizado com Rosso Altesino, 2009, Toscana, Itália.

 

, Pudim de queijo da Serra da Canastra com doce de leite cru sequilho de araruta e sorbet de goiaba. harmonizados com Magie d´Automne, 2010 Château Moulin Caresse Sud-Ouest

 

ENDEREÇOS

Viva, está chegando a hora em que todos partilharão as suas receitas, seus fornecedores, suas técnicas. Não quero morrer antes disso! Vamos a alguns colaboradores do Atala e do Daniel Redondo e da Helena Rizzo.

 

Fazenda Cachoeirinha-coalhada seca-

Monica Rosales Caprilin 11 99 18 52 121

 

Fazenda da Toca – ovos, frutas, e laticínios

19 35 75 12 11

 

Sitio Pedra Grande-queijo de cabra-

-queijo de cabra- Nelson Areco 11 9962 47 248

 

Fazenda Pedra Prata – jabuticabas

Marcos Soares 11 97155 30 78

 

Fazenda Agrossera – queijo Serra da Canastra –

João Carlos Leite 037 88 29 00 76

 

Fazenda Bom Sucesso-araruta

Pedro Augusto Borges Comi 71 9913 55 354

 

Fazenda do Seu Luiz – hortaliças-

Luiz Yano 11 996015995

 

 

 

 

E ainda por cima nos aconselharam um livro chamado “Firms of Endearment,” How World Class Companies Profit from Passion and Purpose

Autores:

Rajendra S. Sisodia

David B Wolfe

Jageish N Sheth

Tem na Amazon e pode ser baixado no IPAD

 

Excerto:

(Líderes de negócios, como exemplos de liderança consciente)

Esses executivos tendo uma visão de serviço que engloba todos os parceiros: clientes, empregados, fornecedores, sócios, as comunidades nas quais operam e é claro, os investidores……..

As firmas de Endearment (não sei como traduzir) Líderes que crescem e fazem crescer a firma ao inspirar amor pela visão deles, pelo modo em que trabalham que não visa só o lucro mas o bem estar da sociedade. Cooperação.

 

Fiquei pensando nas firmas que me inspiram amor e vontade de cooperar com elas.

Amazon, livraria Cultura, Casa Santa Luzia,Google,Wikipedia, e há uns dez anos fui às casas Bahia e juro que adorei o atendimento. Em algum estágio da vida adorei a Maria Bonita, roupas., Ebay, bom, agora não me lembro mais, ando anti consumista.

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De quando éramos queridinhos

Por Folha
03/10/12 03:00

Quando me pediram um blog achei que não daria conta por causa da minha ineficiência nas nuvens internautas. Acho demorado e difícil. E onde está o tempo para aprender?

Mas alguma coisa proveitosa saiu. Um assunto novo, permitido pelas pessoas que inventavam o caderno “Comida”. O tema “bufês”.

O crítico de quinta (http://ebocalivre.blogspot.com.br) sugeriu que talvez eu não pudesse fazer isso por ser dona de um. A Folha e eu não achamos o mesmo.  Eu falaria melhor, até, sobre a profissão que era a minha. 

Engraçado que, quando abri o bufê, nos anos 80, éramos os queridinhos da mídia. Saíamos em revistas e jornais. Ninguém imaginava que havia chefs nos restaurantes e que eles mereciam os lauréis.

A mudança foi um trabalho de Laurent Suaudeau, que não sossegou enquanto não levantou do borralho os cozinheiros de restaurantes.

Seja lá o que tenha sido, era para lá de merecido. Os bufês são lugares onde há enorme dificuldade para  fazer uma comida perfeita por causas que todo mundo sabe. Trabalha-se cada dia numa cozinha nova, geralmente pequena, e ainda com os utensílios levados nas costas dos cozinheiros como caracóis.

Os convidados nem sempre têm lugares para se sentar e comem em pufes ou braços de cadeiras. Não podem usar a faca. Logo, a comida precisa ser macia o bastante.
Ou há lugar para todos, mas não há a possibilidade de fazer um belo bife para mil pessoas ao mesmo tempo, e assim vai.

Se é um coquetel, os que bebem reclamam que não comem e os que comem reclamam que não bebem. Há que ter quatro braços para se comer ou beber bem num coquetel. Claro que os bufês criaram a sua própria linguagem de comida, sua própria gramática, tentando ultrapassar seus limites. 

Isso para dizer que a ideia de escrever um pouco, tanto no jornal quanto no blog sobre bufês, foi um recurso para preencher um nicho que andava meio esquecido.  E o objetivo é pesquisar tendências, fazer autocrítica, achar livros sobre o assunto (não existem), contar de festas, em suma, inventar moda.

Mudando de assunto, outro dia falei sobre um livro de comida indo-judaica e não dei o nome porque não é um ótimo livro. Não queria induzir ninguém a comprá-lo.  Mas, como alguns leitores querem saber, ok.

O livro é  o “Indian –Jewish Cooking” de Mavis Hyman. Uma coleção de receitas dos judeus da Índia, especialmente dos que foram para lá há uns 200 anos. A autora é de uma pequena e pouco conhecida comunidade judaica da Índia, uma das que preservaram suas culturas com resultados culinários muito interessantes. 

E como os hindus são geralmente vegetarianos, seus pratos não vão contra as leis dietéticas judaicas. E como resistir aos pães, puris, chapatis, paratas? Depois da independência da Índia, no entanto, muitos judeus saíram de lá para Israel e  mundo afora. As receitas indo-judaicas foram perdendo suas características. 

Mavis Hyman tratou de pegar essas que já vão caindo em extinção, um precioso exemplo de “fusion” muito bem temperada.

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Deixemos o status cair

Por Folha
26/09/12 03:00

Minha bola de cristal anda revoando, brilhando, maluca, histérica, querendo adivinhar o futuro dos bufês, da comida que se compartilha, da comida em casa.

Acabou-se, acabaram-se junto com as empreguetes que montaram uma banda e saíram pelo mundo, de botas, maquiadas e livres.

Qualquer pequena festa se torna um problema (a festa rica não acabou nem precisa acabar. Mas só a peso de ouro, de muito ouro, do ouro justo).

Então, vai acabar o quê? O exagero descabido. As mesas com saladas de folhas e de grãos, suflês, peixes, aves, acompanhamentos, carnes, massas, comidas para os vegetarianos e alérgicos.

Bola de cristal, como é que o Brasil ainda quer festejar como nos bailes da Ilha Fiscal?
E se não podemos mais levar adiante a arte da hospitalidade, se não temos mais tempo para o brilho e para as louças das Indias, para o fogo das panelas, o calor do cozido, o gelado do champanhe, o dulcíssimo das sobremesas?

Vamos morrer na praia, nós, o povo cordial, por falta de dinheiro e tempo de compartilhar a comida?

A culpa é nossa, festeiros muito cheios de ares e pretensões. Há coisas que não vemos mesmo de olhos muito abertos. Estamos repetindo rituais de 200 anos atrás nessa terra tropical.

Presos a regras, festejos de cortes. Nossos bisavós faziam assim, vamos fazer diferente. Qualquer mudança é sentida como queda de status. Deixemos o status cair, quem já botou pra rachar, aprendeu que é do outro lado, do lado de lá do lado que é do lado de lá…

Vou só fazer umas perguntas inocentes, prometo, para todos nós, inteligentinhos. Em qual revista ou livro estrangeiro ou nacional nos últimos 50 anos, temos visto bandejas de canapés variados? Gente, a última foto de canapé saiu no “Cruzeiro”, revista semanal ilustrada.

O que é um canapé? Uma porçãozinha de pão ou torrada, milimetricamente cortada, tendo em cima um quadrado de foie gras exatamente do mesmo tamanho, coberto por uma gelatina de Sauternes.

Ou uma cestinha de papoula feita na frigideira, posta para moldar na boca de uma garrafa e recheada na hora para não ficar úmida, com uma árvore de cerefólio por cima. E assim vai a litania destas peças do tamanho de uma unha (da Alcione), feitas com cuidado de ourives.

Festeiros, atenção. Acabou. Estamos representando a mesma peça sem perceber que o texto caducou. Os nove canapés vão ser substituídos por uma sopa divina, uma salada nunca dantes tão frescota, e talvez uma colherada de massa.

Já é muito, já é demais. Permitido, um prato principal único. O excesso saiu de moda, virou brega. E quantos garçons? Um.

Agora é self-service, chega de levantar o dedo mindinho e entregar a flüte morna para ser substituída por outra geladinha. Vamos até o bar de um único garçom e sirvamo-nos, sorrindo.

A bola de cristal desconfia que vamos criar juízo, diminuir a comida, não em quantidade, mas em variedade, vamos diminuir a prata, as velas, as flores, os garçons, as copeiras e a frescura. Só nós é que ainda não percebemos que estamos de malas prontas pro Divino.

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Colunas

Por Folha
26/09/12 02:59

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Joseph Anton Memórias

Por ninahorta
26/09/12 01:18

Joseph Anton: Memórias

 

Pois é, as memórias de Salman Rushdie, pela Companhia das Letras caíram bem no nosso colo na hora exata. Porque quase ninguém leu Os Versos Satânicos. Era um tal de começar e parar… e não ler nunca mais. Com o filminho na Internet provocando mortes somos capazes de entender melhor a saga da fatwa, o passar pela vida com medo real de morrer a qualquer hora. Praga da condição humana , mas no caso, com a FBI dormindo na sua garage para te proteger ela se torna mais real e palpável.

Muitas vezes dá vontade de achar que nem tão difícil era morar numa boa casa, ter uma carrão blindado e vários seguranças e as queixas dele parecem pequenas comparadas a qualquer habitante de cidades perigosas.

Mas, era o sentimento de não ser livre para publicar, não ser livre para falar o que quisesse, liberdades de todo dia, de dar a volta no quarteirão, comprar o jornal na esquina, essas coisas que pelo jeito são importantíssimas, apesar de não nos darmos conta disso.

O livro é bom, li no IPAD sem consciência do tamanho, não consigo calcular sem sentir o livro nas mão, mesmo que me digam quantas páginas têm.

Depois das memórias, muito pessoais, cândidas e pasmem, na terceira pessoa, o que às vezes dificulta a leitura. Por exemplo, ele acaba uma frase falando sobre alguém. Começa a frase seguinte com o pronome “ele”.  Que ele? O sujeito da outra frase? Ou ele próprio?  Com a leitura das memórias resolvi me obrigar a ler Os Versos Satânicos. Já desenfurnei quase todos os livros para me animar a começar.  Haja tempo.

Acho que depois de ter lido os indianos mais modernos os dele ficaram mais fáceis e a tradução é muito boa.

O maior valor do livro, para mim, foi  humanizar um sujeito que tem uma cara antipática e um comportamento levemente pomposo. Ele explica a cara de antipático. Tem um problema nas pálpebras que não se abrem bem o que o faz ter um aspecto soturno. Acreditei, no começo, mas tampei seus olhos com as mãos e ele continua com cara de antipático. Todos os que estiveram com ele na Flip dizem o contrário.

Mas, quem vê cara não vê coração e ele foi o escolhido para representar o homem censurado, a palavra censurada, a boca calada contra a vontade.

Os temas do livro: a sua campanha, suas incertezas, seu desconforto, a luta contra a censura e a promessa de morte.  Ele, como pai, como marido, filho e last but not least indiano. Às vezes soberbo demais, name dropper. Parece cultivar suas amizades, já uma grande virtude. Conheceu uma de suas mulheres através de Liz Calder, uma das editoras da Bloomsbury, que inventou a FLIP.

Achei que valeu a pena ler, principalmente para quem quer entender melhor os conflitos com os muçulmanos. Ele acha, que de certa forma, a atitude tomada contra ele foi o primeiro passo para a destruição das Torres Gêmeas.

Desculpem se esse post é somente para contar que li esse livro, porisso faltei ao blog. Para não dizer que não tem nada a ver com comida, sua última mulher foi Padma Lakshmi, a bonita morena do programa TOP CHEF.

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O DAS CALÇAS OU DOS LIVROS?

Por ninahorta
09/09/12 20:03

Não sei se vocês foram alunos de faculdade nos anos setenta. Um dos grandes problemas era ler e entender Claude Levi-Strauss. Fiquei com isso marcado na alma, um fracasso que não tinha volta.

Lembro-me da encorajadora antropóloga e amiga Thekla Hartmann me infornando “ Nem Levi Strauss nos seus mais lúcidos momentos conseguia se entender”.

Como ele escrevia bem é claro que me encantei com Tristes Tropiques, e a Oleira Ciumenta e tudo dos livros que não tinha fórmulas e desenhos e geometrias. Fui me enroscando sem entender muito de nada, ou melhor nada, de muito.

Por acaso, imaginem, para inventar o uniforme novo das copeiras fui ler Roland Barthes, e dele pulei para Jakobson e Saussure, tudo aos trambolhões, é claro, procurando uma âncora e bati de novo no Levi Strauss numa biografia excelente. Claude Levi Strauss: the poet in the laboratory, de Patrick Wilcken. Não tenham medo, é quase um romance e dá para entender toda a trajetória de Strauss sem que seja preciso nos aprofundarmos  nos mitos nem em suas explicações.

É uma biografia muito franca, que encaixa o antropólogo no seu tempo, e explica claramente a sua viagem intelectual.

Me deu vontade de reler tudo dele, com olhos bons, com tolerância e paciência, sem pavor dos exames de avaliação nem das notas. O que não é fácil, diria o próprio Levi Straus que nunca se enganou com  tamanho da complicação e da sua  contribuição ao pensamento da época.

Anedota – Já na meia idade foi a um restaurante chic e escutou o Maître encarregado das mesas perguntando “O das calças ou dos livros?”

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