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Nina Horta

Perfil Nina Horta é empresária, escritora e colunista de gastronomia da Folha

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Respeite ao menos meus cabelos brancos...

Por ninahorta
18/01/13 23:45

Hoje, dia de aniversário é melhor não se meter a lembrar coisas nem fazer planos. Cortar o cabelo é uma idéia boa. Deixei que branqueasse e as amigas queriam me matar, me jogar num balde de tinta loura, mentir que não me conheciam, Acho que foi por uma dose de implicância, afinal não era contra tingir cabelo, já havia passado fases louras, castanhas, não me importava. A idéia de estar escondendo a velhice, isso sim, mas… escondo a idade como minha mãe e minha avó escondiam. Tenho um preconceito contra a velhice, acho velhos bem insuportáveis pela carga de vida que ainda carregam e pela dificuldade de levá-la adiante.

Voltando ao cabelo, a certa altura enjooei de salão de beleza. Salão de beleza, só a palavra já me implica. Aquela coisa repetitiva, as esperas, fui começando a usar cabeleireiros cada vez mais malucos, (o que nunca foi difícil de achar), que cortavam meu cabelo sem lavar primeiro, que me deixavam molhar gostosamente a blusa sem aquela batinha ridícula que acaba molhando também.
Durante quase a vida inteira cortei com o Jacques, fazia maquiagem nos anos sessenta com a Jeanine e me acostumei com o comportamento deles, extremamente educados. Era a época das mechinhas, horas e horas com aqueles papelotes na cabeça, graças a elas aprendi alemão, ficava ali decorando tempos de verbos, ganhei até uma Bolsa para a Alemanha e se já não fosse casada com filhos teria me tornado uma gorda Frau em Berlim.

O caso é que não dava mais, mesmo, o trânsito, tudo me afastou dos tais salões de beleza e hoje devem fazer uns tantos muitos anos que não vou ao cabeleireiro. Dia de chuva fina, cinza, o dia da cor do cabelo e… . Eu tinha uns nove anos, pequena ainda, quando vi uma tia soltando o cabelo grisalho, com uma cara de Madona machucada, e depois trançando-o numa trança grossa. Ela era bonita, de olhos azuis ou verdes, enfiei na cabeça que quando pudesse faria a mesma coisa. E fiz. Faço um coque para disfarçar que parece um daqueles chapéus do casamento da Kate Middleton, como se chama mesmo, fascinator.

Não tem coisa para deixar a gente com cara de louca do que cabelo comprido, emaranhado e branco. Não tem jeito.

E agora estou esperando a japonesinha mais doida de todos os tempos vir aqui arrancar com tesoura afiada essas madeixas dickensianas, próprias das desdentadas, panos rotos servindo de roupa, mulheres comendo asas de frango no Globe Theater e gritando impropérios para Shakespeare.

Ou mineiramente escondidas naqueles mafuás de fim de mundo da roça, mão atravessada no sorriso, a cabeça louca, louca, torrando os miolos cinzentos na sombra. Muita galinha por perto, uns quiabos, e a borboleta amarela.

A mulher do cabelo está chegando, perdida, quem sabe traz consigo um elixir, faz um corte joãozinho e me deixa linda, linda, como dantes no quartel d´Abrantes?

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A saga de Hobsbawm e sua canja

Por Folha
16/01/13 03:00

Fui colocar a leitura do blog da “minha” Companhia das Letras em dia (www.blogdacompanhia.com.br) –o melhor dos blogs do gênero– quando dou com meu nome justamente no post do patrão, Luiz Schwarcz. Oh, céus! Lembrem-se, sou a cozinheira da editora. O primeiro livro de panelas que saiu de lá foi o “Não é Sopa”, de 1995. A menção, ainda bem, era carinhosa.

A história que Schwarcz conta é que quando Eric Hobsbawm [1917-2012] e sua mulher, Marlene, aproveitavam a estadia no Brasil, o historiador comeu algo que lhe fez mal.

“Após sua palestra no Masp lotado, havíamos programado um jantar em casa. Pedimos a nossa amiga e autora Nina Horta que preparasse uma canja para que Eric pudesse melhorar e manter a viagem a Brasília no dia seguinte, quando seria recebido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.”

E continua: “Nina preparou a melhor canja que já comi… condimentada com lindas ameixas! Mesmo assim, Eric aguentou firme e cedo na manhã seguinte nos encontramos no aeroporto de Congonhas”.

O problema foram as ameixas que, sabidamente, soltam o intestino. Ah, Luiz, mas você não sabe o tanto que ia por trás daquelas ameixas! O último estrangeiro que gostou de canja foi o presidente Theodore Roosevelt e assim mesmo tinha que ser feita com macuco.

Caprichei, como das outras vezes. Geralmente, eu lia o livro inteiro a ser lançado pelo comilão da vez. Consegui atravessar em uma noite o “Não há Silêncio que Não Termine” (ed. Companhia das Letras), da ex-prisioneira das Farc Ingrid Betancourt. Ela sonhava durante toda a prisão com frutas frescas. Preparamos para ela um enorme cesto de frutas brasileiras. E sempre corria o boato de que Chico Buarque gostava de arroz-doce, e caprichávamos na canela formando um C sobre o arroz.

Uma autora chinesa veio com a mãe e ficamos com medo de que a senhora se assustasse com a comida brasileira, mas já estava aqui havia uns três dias, indo sem problemas do charque ao dendê. Acho que caprichamos numa feijoada, mas fomos encontrá-la na UTI da própria casa dos Schwarcz, afinal vencida pela força da nossa culinária.

Voltemos à canja do Hobsbawm. Li a biografia dele, “Tempos Interessantes” (ed. Companhia das Letras). Aprendi que amava escoteiros, jazz e livros. Nem uma palavra sobre comida em tempos de racionamento. Uma comida da Europa Central, de mãe, era o que o sustentaria melhor.

Fiz um “cock-a-leekie”, uma receita de sobrevivência na Europa antiga. Precisava de um galo velho ou um frango capão, 1 kg de carne de segunda, 200 g de ameixas e 1 ½ kg de alho-poró. Fazer um caldo até derreter as carnes e juntar por 15 minutos o alho-poró e as ameixas sem caroço.

Essa sopa escocesa com a qual alimentamos Hobsbawm era para levantar do chão um vencido na guerra. Não foi apesar dela que o historiador se comportou bem com o presidente no dia seguinte. Foi por causa dela. Novo em folha, alimentado por um “cock-a-leekie” de mãe judia de não botar defeito.

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Pondo a leitura de comida em dia

Por ninahorta
13/01/13 18:05

Inacreditáveis férias, poder por a leitura em dia, deitada na cama com a TV ligada. Se aparece um assunto bom, fecha-se o IPAD. Mas os atrasos de leitura são enormes, vamos começar por uma New Yorker de comida de Dezembro. Quem tem tempo para ler a revista inteira toda semana? Constato, numa banheira quente, que para lê-la quase inteira demorei seis horas e um enrugamento total.

Assuntos interessantes, mas não tão novos. O que vale nela é a credibilidade e os artigos bem escritos.

Logo no começo tem um grande anúncio de um livro de culinária best seller que te permite ser um bom cozinheiro em quatro horas. Bom cozinheiro ou bom qualquer coisa, dá só as linhas gerais que se deve obedecer para o sucesso. Por que não?

www.fourhourchef.com por Timothy Ferris.

A matéria da revista só é interessante para vocês que ainda vão a Nova York e que tinham e têm obrigação de ler inglês. (Comecem a estudar hoje, o começo pode emperrar, depois é uma beleza.)

Enquanto isso fiquem sabendo de um barzinho barato que serve comida do sul dos USA. 94 Avenue C. 212 228 2972.

É tanta galinha frita na comida do sul que você corre o risco de enjoar. Não dessa, acredite. É posta na salmoura (?) de chá doce, e a pele está sempre craquelenta com bastante tempero, uma galinha de não se esquecer. E tem peixe frito no fubá, também, e couve e  feijão fradinho. Custa de $6 a $12 dólares a porção, é bem cheio, e é comer e sair. Mas, vale a pena. (De Silvia Killingsworth.)

 

Uma moda modíssima são os restaurantes underground, aqueles que têm um chef que ás vezes resolve cozinhar (geralmente no seu próprio estúdio ou casa) e convida os amigos para uma refeição memorável. Craig Thorton inventou (?) essa novidade em Los Angeles. Só cabem 16 pessoas e o menu é feito completamente na cabeça do chef, não se repete nunca. O nome do “restaurante é Wolves Den e Craig Thornton é o lobo, o Wolf.

Há até um site reservado para esses acontecimentos – fora do circuito normal-para ajudar os chefs a fazer propaganda dos seus convites.(Gusta.com). Começa sempre assim, um menino inteligente mas confuso, que faz estágio em alguns bons restaurantes e Craig fez seu estágio no Per Se e agora que treinar sozinho, criar de sua própria cabeça.

Não é fácil, pois geralmente são muito exigentes e bem malucos e muitas vezes o Craig é visto na chuva, quase na hora do jantar colhendo mini folhas de alface na horta afastada de um amigo, coisa que não se pode fazer num restaurante, entendem?

No outro dia a policia deu em cima de dois coreanos, marido e mulher que haviam perdido o emprego e estavam fazendo uma comida fusion em casa. Tacos com recheio coreano. Foram obrigados a fechar, o que veio para o bem, pois, legalizados estão fazendo o maior dos sucessos.(Starry Kitchen)

Bem, voltando ao Craig Thornton é um artigo enorme, eu, para falar a verdade não fiquei com vontade de comer nada do que ele prepara, mas como o sucesso é grande com certeza é tudo muito novo e interessante.

No começo de Setembro Thornton achou um lugar no qual poderia recriar a Wolversmouth, que é como chama sua experiência. Cozinha aberta, mesa comunitária para 24. Planeja uma refeição noturna, de oito a dez pratos, por 110 dólares, mais ou menos. Pretende abrir em janeiro.

 

Outro artigo que é um presente para nós leitores é do muito engraçado Calvin Trillin, que há quase meio século escreve sobre comida num estilo jocoso e interessante. Sua companheira nas expedições culinárias era a mulher Alice, que morreu. Hoje ele fala das filhas e do genro e visita a comida mexicana, terra dos sete moles, como diz ele.

 

 

Coisa que eu não sabia era que o padeiro Poilâne morrera em 2002 de um acidente de helicóptero. (Com certeza esqueci) A história, escrita por Lauren Collins é sobre a filha dele Appolonia Poilâne que tomou as rédeas do negócio. Muito bem escrito e interessante. Muito.

Mas, a reportagem de peso é sobre um restaurante inglês do qual gosto muito. Aliás, não conheço, gosto das receitas e da filosofia. É um perfil – O chef filósofo

As idéias de Yotam  Ottolenghi mudam o jeito de Londres se alimentar, por Jane Kramer.

Começa assim. Em 1997, em Amsterdam, Yotan Otolenghi acabou de escrever o último capítulo de seu mestrado sobre o status ontológico da imagem fotográfica na filosofia analítica e estética. Mandou uma cópia para o pai, em Israel, e literalmente escondido dentro dos papéis um bilhete com o seguinte recado: “Aqui está minha tese. Resolvi dar um tempo na faculdade e fazer um curso de chef de culinária.”  Alguns meses depois ele estava em Londres fazendo massa folhada no Cordon Bleu.

Hoje ele tem a cara feliz de quem deixou para trás a fenomenologia da mente, trocada por berinjelas assadas com tomilho, zatar, sementes de romã e coalhada. No processo tornou-se o rosto público de quatro amigos, que juntos estão mudando o modo pelo qual os ingleses compram comida e comem. Tem alguns restaurantes, (Otolenghi), 3 delis, um buffet.Otolenghi ainda escreve para o Guardian, e escreveu o livro Plenty e agora O Jerusalém, que mistura as raízes árabes e judaicas.

Gostei demais desse livro Plenty, mas, realmente as coisas dele dependem totalmente dos ingredientes, como quase toda a comida boa. Faço uma receita de abóbora ao forno que só fica boa se a abóbora estiver deliciosa. E como vou saber? Mordendo a abóbora crua. Um dia chego lá.

 

 

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Faxina de Ano-Novo

Por Folha
09/01/13 03:00

Parece que é a faxina que vai construir o ano que se segue. Simplesmente saber onde estão as coisas já é um bom começo.

Começamos pelo aparador. Uns três molhos de pimenta que não emplacaram ou acabaram.

Um moedor de sal grosso que não funciona, uns funghi, umas chufas, um caril. Tudo que estava pela metade e velho, fora. E lé com lé, cré com cré. Juntar o que tem parentesco. Temperos brasileiros, temperos indianos, surpresas, vontade de cozinhar.

Acabamos cozinhando, pegamos costelinhas na geladeira e fizemos na crock pot. Crock pot é aquela panela que cozinha sozinha, elétrica, calor mínimo. Você põe tudo lá, sai para trabalhar e quando volta está pronto, sem perigo de queimar. O resultado é o de sempre.

Gosto de sopa. A panela vende o sonho da comida que se faz sozinha. Vou desencanar e guardar embaixo da escada.

Dezenas de gavetas e coisas que vão se acumulando o ano inteiro. Tudo imaginável, para quem gosta de tralhas. Muitas facas, abridores, moedor de pimenta, moedor de noz moscada, medidores sem fim, colheres de pau. E colherinhas de café faltando e outras sobrando e porta-guardanapos de prata e de conchas e porta-talheres mexicanos, lindos, de pedras coloridas.

Algumas coisas que não jogamos fora vão sumindo sozinhas, como as panelas e garfos de fondue. Brilhavam novos e úteis, hoje se escondem. Alguém se lembra de uns baldinhos de gelo de cristal que não serviam para nada e tinham duas orelhas? Sumiram também.

Outras coisas continuam, que ninguém pode viver sem elas, como um triturador de sementes de papoula, uma maquininha de fazer späetzle e um minidefumador –kkkkkkk, como diriam no Facebook. Restos de Natal, velas pela metade, pinhas, dourados. Pense nos apagões, deixe aí.

Em uma das gavetas apareceu uma coleção de santos antigos de papel, de primeira comunhão, de tudo. Jogar fora nem morta, minha filha diz que vai fazer um quadrinho de vidro. Acho que vai ser um quadro de quilômetros.

A batedeira Sunbeam antiga que me conhecia tão bem, éramos uma só coisa, um dia morreu. Foi substituída por aquela moderna, quase profissional, que toma um espaço enorme na cozinha pequena. Minha vida é temer que os acessórios se percam, e uso a batedeira manual da Viking, forte e poderosa. Mas a Sunbeam está lá esperando o dia da ressurreição dos mortos.

O que faz um ser humano desejar ter manteigueiras de vidro, louça da Clarice Cliff, restos de jogos de jantar, coisas sem fim da feira escandinava? Panelas, panelas de todos os jeitos, facas mil, livros à mancheia… Um nó na capacidade prática de fazer o cálculo de quantos objetos são necessários vida afora.

Muitas vezes, quando demorava um tempo para ir a Paraty, quando chegava na casinha, só uma cama, nada de mesa de cabeceira, nem de lâmpada, nada de TV, ficava desacorçoada, assim não dá, que vida louca! No dia seguinte, a manhã esplendorosa, o cheiro de mato e de mar e adeus reclamações. A realização chegava plena, nada mais é necessário além de uma panela, uma cuia, uma colher de pau, um colchão e um mosquiteiro, o resto é gula.

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Biblioteca para viagem

Por Folha
02/01/13 03:00

Livros para as férias. Tem aquele livro de papel que todo mundo diz que é bom e você não conseguiu passar da terceira linha. Em falta de outro, você lê inteiro na viagem de avião. Aconselho “Uma Casa para o sr. Biswas”, do V.S. Naipaul (editora Cia. das Letras).

Vivo falando que cozinheiro não pode ler só livros de receitas. Bem ao contrário, tem que fazer um bom muro de cultura geral para enfrentar depois as variações de modos, de jeitos de comer, de paladares. Aprendi a tomar uísque na mais tenra idade. Havia um detetive chamado “O Santo”. Toda vez que ele tomava um uísque, eu me levantava da leitura no sofá e provava uma colherinha de chá da bebida. Acostumei com o gosto.

Nem sei quais livros indicar. Talvez “A Cidade e as Serras”, de Eça de Queiroz (várias editoras). A mudança da cidade para o campo, o drama do peixe encalhado no elevador até chegar à galinha ensopada que tinha fígado e tinha moela. É de um frescor.

“Madame Bovary”, porque é preciso. Fala pouquíssimo de comida, mas tenho por mim que no fundo ela se suicidou, não por causa das dívidas e dos livros de cavalaria que havia lido, mas por causa do cheiro horrível da sopa de cebolas que o marido tomava todo dia, que empesteava todos os vãos da casa enquanto ela, entediada, beliscava uma amêndoa. E sonhava, depois de ter provado num baile, um sorvete de maraschino com colherinha de prata, tão gelado que lhe doeram os dentes.

Experimente um Proust, comida francesa, salões parisienses, a empregada da tia Léonie, esqueci o nome dela. E como é que um cozinheiro pode sobreviver sem entender o que são as madeleines do autor?

Já que estamos na área dos memorialistas, o brasileiríssimo Pedro Nava escreve bem demais, principalmente sobre a casa da avó, o pomar, as jabuticabas, a abóbora cozida na fogueira com vinho do Porto que ficava como castanha portuguesa. As compotas tão lindas, onde as goiabas parecem o “de-dentro” das orelhas. Orelhas de goiaba. Estou escrevendo longe dos livros e talvez esteja inventando um pouco.

De livros de culinária, só os que realmente ajudam na cozinha. Os da Rita Lobo e da Marcella Hazan. Cozinhar nas férias é muito bom.

Me lembro de tanta comida boa, em Paraty, inclusive com a casa ainda por acabar, cozinhando em fogões precários e de lenha na casa de mandioca, aquela casinha velha, de taipa, linda, dava até um fundo mais apetitoso para os camarões fritos bem pequenininhos, com casca e tudo. No Rio de Janeiro, tinham o nome de camarão lixo, aqui são sete barbas.

E marrecos cozinhando em panela, amolecendo com gotas de tangerina-do-rio. Tem uma coisa que minha cunhada adorava e fala até hoje, era um peixe vermelho, frito na manteiga e um esparregado ao lado. Tinha levado um livro português e assim se chamavam nele legumes ou verduras batidinhas e cozidas.

Agora, assim, na praia, talvez nem seja preciso ler nada. Comer num bar de ilha, tudo frito, mesmo, com uma caipirinha gelada, uma mandioca derretendo, sei lá se tem livro que ganhe disso.

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Também é Ano Novo no largo da Batata

Por ninahorta
28/12/12 16:59

Adoro velharias achadas no mar, pousadas lá por anos e que de repente vêm à luz.
Louça do Titanic, baús de barcos piratas me fascinam. E coisa debaixo da terra, então… Desde Pompéia. Há uma notícia Na Folha sobre objetos achados na construção do metrô,
ou no projeto que transforma o Largo da Batata numa continuação da Faria Lima.

Sempre morei no Alto de Pinheiros, mas o Largo da Batata não era exatamente o lugar para compras normais. No entanto fazia às vezes de um pequeno bairro da Liberdade,
para mim, recém casada, começando a criar filhos.

Era fascinada pela cultura japonesa e na casa Ono, ai, como me lembro, se comprava de ralador de bonito seco a leques, louças, lustres, panelas. Bem na frente a quitanda da Odete,(Adati Kajibata) a maior e melhor de São Paulo, que me parece ter morrido exatamente por causa das obras do metrô.

E a peixaria que tinha um tanque com peixes vivos. Uma vez um pulou lá de dentro nos meus pés com a japonesa velha e de pernas tortas perseguindo o bicho ajudada por mim.

E a casa Pequena, outro lugar onde se podia comprar absolutamente tudo no setor de miudezas, pregos, cadeiras de ferro, fogões, aquecedores do Rio Grande do Sul, bules enormes, torneiras, canos, fertilizante, um paraíso sem preconceitos. E a cerzideira anã,
no topo de uma escadinha escura, cerzindo, cerzindo…

Pois não é que uma notícia da Folha me assanhou. Foram descobertos 30.000 objetos do século 19 no largo da Batata!Logo no começo dos trabalhos apareceram “xícaras, canecas, sopeiras e outras louças, garrafas e potes de cerâmica do século 19, vindos principalmente da Inglaterra.” Ah, se vocês vissem a tigelinha dessas de tomar café com leite na França, pintada de flores cor-de-rosa, eu era capaz de matar o escavador para ficar com ela.
E vidros, tinteiros…

É bom não pensar muito, ou pensar bastante no tempo que passa… Ano Novo. Soterradas as garrafas, o bar, o cachimbo, a aldeia indígena, as casas sobre palafitas, os viajantes, o rio Pinheiros, as estalagens… tão depressa, depressa… e um pedaço de nós mesmos, de óculos gatinho ou minissaia…

Será que é preciso realmente virar uma continuação da Faria Lima com prédios de escritório? Quem mandou?Aqueles prédios frios que barram as pessoas na porta, tiram foto, desconfiam de você, que passa pelo vexame e pela catraca e acaba numa salinha sem janela com uma escrivaninha aero-dinâmica? Para roubar o quê? O que possivelmente pode interessar alguém naquele cubículo refrigerado? Preferia as carpas saltando pelas calçadas.   Não estou romantizando. O Largo da Batata era horrendo, mas pelo jeito horrendo vai continuar.

Bem feito, passam os tempos, passa a vida, mas os pernilongos do bairro continuam firmes, vorazes, há centenas de anos, pousaram nos índios, nos viajantes, nas crinas dos cavalos,
e continuam se espremendo pelas telas que protegem as janelas e rindo fino de quem pretende expulsá-los um dia. Pelo menos há alguém que proteste.

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Jhay Meneses/símbolo dos jovens cozinheiros brasileiros

Por ninahorta
26/12/12 14:49
Foto do Jhay Meneses dando uma aula de acompanhamentos natalinos no Shopping Iguatem JK
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Chef para não botar defeito

Por Folha
26/12/12 03:00

Além de pular as sete ondinhas é bom ver quem te deu a base e a estrutura do ano que passou, quem te fez feliz na profissão.

Obrigada, Maria Eugênia, mais que ilustradora, pincel que dá graça ao que se escreve. Luiza e Priscila, atentas às laudas, dias de entrega, letras e letrinhas. Obrigada.

Obrigada maior ao chef Jhay Meneses que vai à frente, cozinha, toma conta de uma brigada inteira e ainda permite que outros recebam os elogios pelo que faz. Ah, que vida apertada essa de cozinheiro.

Símbolo de todos os rapazes que escolheram a cozinha, chef Jhay, que com caras e bocas chegou a mais um ano com um repertório perfeito de comidas boas. Sem se acomodar.

Acho incrível que um menino criado em Ilhéus, longe de tudo que fosse chamado de gourmet, mas com o quintal cheio de árvores, é verdade, vendo a mãe cozinhar a comidinha de todo dia, tenha chegado, sozinho, a tomar conta de uma cozinha complicada. E bem no fundo, norteando o trabalho mais bruto, uma profunda noção do que é bonito, essa qualidade, sim, que me faz admirá-lo mais que tudo.

Desenha bem, seu lado mais forte é o da pâtisserie da qual tem que se privar pois o sal ganha do açúcar em muitas ocasiões.

Como quase todo cozinheiro é ciumento de sua cozinha ao extremo, quer que tudo e todos estejam exatamente do jeito que ELE quer, falta um pouco de tolerância para com a opinião do outro que também quer que a cozinha se pareça com ELA. Dois bicudos que se beijam.

Era de se esperar que só cozinhasse com flor-de-dendê, brilhasse em acarajés e quiabos. São Paulo não deixou, teve que se globalizar em peitos de pato, tempuras, cordeiros, alho-poró e alho negro. Inventar cardápios, como uma coleção de moda, meio jovem, ousada, novidadeira, mas tendo como fundo toda a experiência dos anos que passaram.

Tudo com equilíbrio, brasileiro total, ora com sotaque peruano, ora chileno, tailandês, indiano e o que mais lhe for pedido. Ah, pois na profissão existem as modas e as tendências como em todo o resto.

Custa um pouco a se render a uma tendência nova, o que é bom. Cozinha e recozinha na cabeça o que aprendeu e de repente aparece com um prato novo que saiu daquelas misturas todas, mas é dele.

Sua brigada come tão bem quanto os clientes. Defende quase todos como irmãos. Se lhe faltarem ao respeito não pensa duas vezes, manda embora.

Tem viajado e aproveita cada instante de comilança para aprender. Vai a restaurantes e traz de volta novidades, mas sempre encapadas na sua experiência de menino brasileiro num quintal de pitangas e carambolas ou numa fazenda de cacau baiano. A madrinha tinha terras, fazia os grandes casamentos da família em casa, ornamentava bolos, deixava que ele mexesse em panelas e tesouras e pincéis. Um coque aqui, outro acolá, nada que doesse, menino levado!

Estou saudando no Jhay Meneses todos esses brasileiros que se fizeram na base da inteligência, sensibilidade, garra e força de vontade, que escolheram a cozinha, namorada dengosa de chicote na mão. Parabéns Jhay, feliz Ano-Novo!

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O tempo passa mas na raça eu chego lá. Ou, É aqui nessa praça que tudo vai ter que pintar.

Por ninahorta
24/12/12 15:06

Regozijemos-nos, os ainda vivos.

Nesse ano que passou quase todos fizeram setenta anos, e os outros morreram. Muitos sobreviveram ao fim do mundo que não findou.

O Oriente Médio quase ficou sem pedras de tantas que foram lançadas de cá para lá como se não houvesse divertimento maior. Parece que não podem passar sem essa brincadeira de matança. Até as crianças se escondem atrás de muros e toca pedra. Desconfio que a guerra seja o prazer dos homens.

Anunciou-se a morte do livro e jamais lemos tanto sobre livros. Jamais!

Avenida Brasil espantou os males, apesar das crises por todos os lados..

O assunto Comida cresceu, cresceu e tomou conta de tudo. Conseguimos assistir no mesmo dia a dez programas de chefs, onde não se vê realmente o que se cozinha, mas quem compete melhor.

Desconfio que em vez de ficarmos cada dia mais ligados à terra, ao cultivo de hortas, vamos tampar o fogão e comer fora. Não dá mais tempo, precisamos ler e assistir os programas de TV sobre comida, a que horas vamos cozinhar? Não estou fazendo graça, essa história de hortas comunitárias, de hortas em colégios, não sei não. A que horas as crianças vão aprender a ler, para futuramente lerem os cadernos de comida, se a horta é uma coisa que demanda cuidados diários e bastante conhecimento empírico? Por que o meu coentro não cresce? Por que a sálvia morre imediatamente? Que bichinhos horríveis são esses que comeram a couve? Para que uma horta sobreviva às intempéries e outros processos normais da natureza precisa de um técnico agricultor ao lado de cada horta escolar. Ou não vai durar mais que uma semana de seca ou de chuvas.

Adoramos restaurantes, que cada dia fiquem mais baratos e que os chefs se esmerem em seus oferecimentos. Estaremos de olho na TV, ou na revistas, ou nos livros, ou nos guias, prontos a parabenizá-los contanto que não tenhamos que lavar a louça em casa. Vade retro, pia cheia de pratos.

Em vez de inventarem novos joguinhos e distrações poderiam começar a inventar umas geringonças que nos ajudassem na cozinha e na limpeza da casa. Móveis e geladeira e fogões completamente auto limpantes que trocassem mensagens conosco pelo facebook. “Acabei de fazer uma sopa de cogumelos para você. A que horas devo esquentá-la?”

A tendência dos restaurantes será dar liberdade ao cliente, que pode entrar lá quase de pijama, e pedir uma comida reconfortante ao qual já está acostumado, sempre no mesmo padrão. Uma massa bem feita, num prato fundo, um copo de vinho, uma fruta quente na sobremesa. As pessoas à sua volta meio que se repetem, mas não há necessidade de saudá-las afetadamente com um “querida!” só um aceno de cabeça vai dizer. “Estou contente que você também tenha vindo, veja a cara do meu bife a milanesa e pode comer a mesma coisa porque está seco e macio.”

Esse medo de estar sozinho que nos permeia... é bom pensar nisso com bastante afinco. Há algum mal intrínseco na sozinhez? Quem está sadiamente sozinho (sem arquitetar uma assalto ao trem pagador ou ao cinema da esquina) é porque quer, há tantas e tantas oportunidades no mundo de hoje para se beber junto, comer junto, dormir junto.   Deixemos os sozinhos em paz, nada de bullying, acho que se pode amar a humanidade inteira deitado na sua cama com os pés para cima.      Já não trabalhamos o dia inteiro cercados de gente, de gente amiga, de gente de quem se precisa ficar amigo, de gente no trânsito, de gente nos aeroportos? É saber a hora de se recatar, se resgatar, se encontrar para agüentar a quantidade de amigos que o mundo de hoje oferece.

Mentira que o mundo virtual esteja separando, ocultando as pessoas. Mentira. Sabemos mais de tudo, de todos através dos novos meios de comunicação. Por que escrever é pior que telefonar? Não será um preconceito? A escrita é uma voz como qualquer outra. Não acredito que achem que a internet está piorando a escrita, quantas provas tenho de quase analfabetos começando a se comunicar por escrito, que importam os erros de ortografia, (que são proporcionalmente poucos), é assim, comunicando que se aprende a escrever. Ela te manda um felis natal e anonovo e vc só responde com outro feliz Natal e pronto, o outro lado já aprendeu, sem professor e sem nota.

Vamos lá, cada um que invente a sua tendência e vamos remando!!!Mete o cotovelo e vai abrindo caminho, pega o meu cabelo pra não se perder e terminar sozinho.

Caetano, 70


 

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Siga aquele pernil!!!!!!

Por ninahorta
19/12/12 12:02

Onde está o resto do meu pernil? Provavelmente podre, na geladeira.

 

Os restos de comida que sobram de uma festa são um problema grande para nós, bufeteiros, Os clientes, geralmente estão ansiosos ao encomendar um jantar e pedem comida demais. Não há como deixá-la na geladeira ou freezer até o minuto de começar a festa. Tem que ser preparada, colocada nas travessas de modo atraente, posta na mesa. As reposições estão nas panelas ou também já dispostas, não sobre gelo, mas prontas para serem levadas à mesa.

Saladas, frutos do mar, carnes, massas. Camarões frios colocamos em vasilha sobre gelo, mas o restante da comida pede calor.

Nessa semana tivemos uma festa que começava às 3 horas da tarde. Verãozão úmido e abafado. Devemos chegar ao lugar 4 horas antes. Logo, tudo está pronto, ou quase pronto às 11 h da manhã, quando não, mais cedo. Verão de chuvas, cozinha armada no corredor, teto de plástico. Há duas opções. Ficar na câmara fria do caminhãozinho até as 3 horas, o que é quase impossível pois ainda precisa levar os últimos retoques. Por exemplo, um pernil de carne. Já está assado, mas não pode estar gelado e inteiro às 3 horas. Tem que ser cortado, posto no molho, montado, enfeitado e levado à mesa.

Quanto tempo ficará na mesa? Das 6h às às 21 horas, por exemplo. Como está no réchaud, molho fervendo, nada acontece, mas a reposição já tem que estar alerta para cumprir sua função que é repor, sem deixar um convidado esperando por ela de guardanapo e talheres na mão.

Vamos aos exemplos:– Sanduichinhos mínimos de pepino, sucos. (No fim da noite os sanduichinhos que sobraram já estão secos, já reviram as pontas para cima.) São seguidos por pasteizinhos de queijo. Comem bastante e ninguém quer mais. (Como empilhar pastéis crus em vasilhas pequenas da dona da casa, sem forrar de farinha de trigo, sem colocá-los em camadas ? No dia seguinte estarão grudados e impossíveis de serem aproveitados.)

O tiradito de peixe é feito na hora, cortado e temperado e posto em cálices. Não querem mais comer? (Devolver ao dono da casa um pedaço da salmão cru?)

Ah, e as trouxinhas de papoula. São como uma renda, quebram só de olhar. São recheadas de queijo de cabra no minuto de serem servidas. Duram 15 minutos sem murchar. (Como devolver um monte de cestinhas murchas e quebradas com uma manga cheia de creme de queijo de cabra para o dono da casa rechear as  tais murchinhas?)

Pequenas brandades de bacalhau enformadas com batatinha palha por cima. (Vai sobrar aquela pasta de bacalhau dentro de um tupperware que a casa forneceu. Nada mais sem graça no dia seguinte, sem a batatinha palha, etc e tal.)

Salada de folhas? Colocamos em sacos, salada de grãos, devolvemos em tupperwares, e os frutos do mar? Esses são delicados, há uma pequena quantidade crua, para exatamente não se deixar excesso já cozido. Só que o melhor a fazer, mesmo estando sobre gelo durante quase 20 horas é jogá-los fora como segurança.

Pão, restos de um pernil? Purês de banana, sorvetes?As empregadas da casa fazem esse serviço de pegar os restos, guardá-los à medida que sobram ie, durante a festa inteira, ou  comê-los ali na hora, colocar o que sobrou na geladeira. Mas, quando elas não existem? (Muitas pessoas pedem que pelo amor de Deus, no dia seguinte não querem rastros de festa, que se dê ou se jogue fora as sobras.)

Ficamos sempre aflitos, quando numa festa faltam convidados, o que é mais do que comum.  Vai só a metade. O dono da festa vai querer saber onde foi parar a outra metade que não foi comida. A resposta é que a maioria dos restos estará no lixo.

No começo do buffet tentávamos salvar restos para creches, escolas. É proibido e perigoso e as crianças odeiam ceviches e sopas geladas e carnes estranhas e curries..        Quando víamos aquele desperdício doía o coração. Como jogar fora comida boa? Pode estar boa naquele minuto, ainda, mas se levada para casa, pelos garçons e copeiras, por exemplo, vai pegar dois ônibus e um trem, e eles próprios já sabem disso, são os primeiros a jogar no lixo travessas inteiras de massa, carnes, aves, uma loucura.

E no dia seguinte? Temos que enfrentar, muitas vezes as perguntas do dono e dona da casa que pouco comeram e queriam fazer uma boquinha. Paira sobre nós a suspeita. Fugiram com os restos da comida pois se só a metade dos convidados compareceu.

No casamento da minha filha lembro que a Gladys fez uma coisa interessante. Levou tudo embora, como precisava fazer e mandou de almoço um rosbife e uma mousse bem fresquinhos. Legal, a solução.

Sem esquecer que as geladeiras das casas não sustentam tanta comida, geladeira feita para no máximo dez pessoas precisa naquela noite resfriar pelo menos a comida de vinte, que sobrou, além do que já havia dentro dela. E não dá conta do recado, principalmente se as coisas colocadas lá ainda estavam mornas.  Só sei que comida de festa, no dia seguinte, além de ser ruim, faz mal e é a maior das chateações.

O certo é fazer um contrato por escrito explicando tudo isso, e sair da festa de mãos e geladeira alheia abanando, pois o aproveitamento pode trazer problemas para todos.

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