PENSE NO GARFO!!!!!!
23/09/14 17:50Vocês sabem que estes posts não querem vender livros, querem só contar de todos que estão saindo mundo afora para ficarmos por dentro das novidades. Infelizmente as novidades realmente andam pelo mundo afora e o único jeito de aprender sobre elas é lendo.
Deixei de comentar um, nem sei o porquê, deixei para ler depois e era bom, bom demais.
Já foi traduzido.Não li a tradução, mas deve ser boa, é um livro sem problemas.
Começa contando sobre a colher de pau, faz a apologia dela. Colher de pau é aquela coisa que nós cozinheiros ganhamos todo fim de ano, de brinde. Uma coisa baratinha e simbólica, odeio ganhar colher de pau, acho muito sem criatividade. Se a pessoa que desse escolhesse a colher, visse a sua utilidade, o seu formato, o seu peso, o seu jeitão, tudo bem. Mas, não. É dada como um símbolo amarrado com fitinha vermelha.
A autora escreve a história do fazer, do cozinhar, através dos utensílios. E não é boba, rasa, nem acadêmica cheia de jargão. Escreve como gente, para gente e ainda por cima é irônica e engraçada.
Vejam os assuntos:
Panela e a panela de arroz.
A faca e a mezzaluna.
O fogo e a torradeira
As medidas e o medidor de tempo
Moedor e moedor de noz moscada
Comer e pinças
Gelo e fôrmas
Cozinha e café
Bibliografia – Bibliografia é ótima, poucos livros relacionados ao assunto e todos bons.
E dedica à mãe, assim, simples.
Não traz nenhuma novidade sobre a qual já não tenhamos falado, mas de certo modo as reúne num livro bem escrito com o qual simpatizamos e nos reconhecemos, imediatamente. Ela não deixa de lado o seu cotidiano, a sua faca preciosa, seu ralador de queijo, mas consegue nos passar a história deles sem excesso de detalhes, com uma perspectiva interessante que nos faz entender e rir ao mesmo tempo. Quer coisa melhor?
A fala é sobre comida, mas através dos utensílios. Se Shakespeare tomava café da manhã e comia torradas com manteiga, por causa desses mesmos utensílios tanto a torrada como a manteiga seriam completamente diferentes. Não será por isso que é difícil ou impossível recriar receitas antigas? E vai nos levando num passeio realmente interessante nos mostrando a tecnologia que vai por trás de cada coisa que comemos. E o engraçado é que esses utensílios, a maioria deles, tem o lado bom e o ruim. Até a geladeira, (como poderíamos viver sem ela?) piorou um pouco o gosto da comida fresca. Só que valeu a pena.
Não é destas românticas a suspirar pelo fogão a lenha e seus cheiros e sua comida. Coisa que comungo com ela, só levantar de manhã para ir atrás da lenha, acender aquele fogo verde, mantê-lo aceso, já me deixa sem palavras para explicar como as mulheres sobreviveram a essa faina.
Afinal, o que fomos durante tanto tempo e continuamos sendo – domadores- das coisas que tornavam a vida muito difícil. E nada como a fome para nos transformar nos animais mais criativos do mundo.
Foi só eu falar que só estava lendo livros médios, perfeitamente dispensáveis e apareceu esse para ter na cabeceira.
Bom, irônico, fácil de ler, alegre, recomendo com 5 estrelas.
“Pense no Garfo!” (Zahar, 344 págs, R$ 54,90), de Bee Wilson.
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