Fruta feia
02/07/14 02:01Mas o que é uma moda? Uma força que leva para a frente, aumentando o conhecimento do que é boa comida, ou simplesmente alguma coisa que passa e não deixa rastro?
Quem consegue fazer alguma coisa entrar na moda? O que as modas têm em comum? Quem é capaz de adivinhar a moda? Por exemplo, cupcakes, cupcakes, cupcakes.
Juro que, quando uma das primeiras pessoas que abriu uma loja de cupcakes me convidou para ir lá, morri de pena dela.
O que estava passando pela cabeça daquela menina? Cupcakes… Uma coisa antiga, ruim, engordativa, quem se daria ao trabalho de sair de casa para comer um bolinho massudo e doce demais?
A moda começou com o seriado “Sex in the City”, quando Carrie morde um cupcake ao avisar às amigas que estava se apaixonando. Ao rever a cena ninguém acredita que tem menos que 20 segundos!!!
Com o sucesso da série, uma firma de tours de ônibus percorre o caminho das lojas que as três mulheres frequentaram, em Nova York, e passam pelo café Magnolia, lugar do cupcake. As fãs se descabelam, voltam para suas cidades e contam que comeram o famoso cupcake da Carrie. Abrem lojinhas. Logo depois, veio o 11 de Setembro, quando os americanos precisaram de comidas conhecidas, que confortassem, comida de alma. E daí o bolinho pegou de vez.
Quantas coisas como essas passaram por nossas vidas e nossos menus. O fondue, o creme de papaya com cassis, a quiche, o petit gâteau, o amor aos pedaços e, mais próximos, as brigaderias, os bolos que passam de amor aos pedaços, fondants, a naked, a simples…
Do lado salgado, sushi, ceviche…
Leiam “Armas, Germe e Aço”, de Jared Diamond, que diz que a força da civilização eurasiana e o domínio contínuo sobre as civilizações do hemisfério Sul foi devido às modas de comida que começaram nos primórdios da agricultura. Os que tinham o melhor grão tinham mais força, cresciam mais e podiam se dedicar a outras coisas como educação, novas técnicas etc.
Arroz arbóreo, arroz negro, germe de trigo, arroz vermelho, quinua, chia, farro…
Hoje, mais que pratos diferentes, estão na moda os movimentos. A procura de ingredientes exóticos, as plantas alimentícias não convencionais, o que pensávamos que não se podia comer, mas que se pode, matinhos jamais pensados. Mas a mania geral é a do orgânico.
Gostei do movimento Fruta Feia, bem ao estilo português objetivo, sem firulas. A ideia é ir contra o desperdício de frutas e legumes e verduras fora do padrão exigido, feios mesmo. No outro dia, vi na TV um agricultor todo feliz vendendo bananas feias e orgânicas. Havia parado de lidar com seu bananal pois todas as frutas tinham que ter um tamanho certo e, como não conseguia realizar o milagre da padronização, jogava fora mais do que a metade da colheita.
Pois agora planta como sempre havia plantado e consegue seu lucro pois são orgânicas! E feias. O movimento português Fruta Feia é isso. Que compremos o que não deu muito certo, a cenoura torta, a laranja manchada, a couve-flor de folhas amareladas. Mais baratas. Agora, o novo sucesso é a fruta feia.
Fruta feia | Nina Horta – Folha de S.Paulo – Blogs
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. Es luego de esa conciencia que sobrevienen la organizaci
Prezada Nina, Sempre admirei suas cronicas, sempre bem humoradas e inteligentes.
A do cupcake é otima pois penso o mesmo do docinho. Não vejo graça.
Gostaria de saber se a Senhore sabe onde vende farro, o cereal ou o macarrão aqui em São Paulo.
Um grande abraço
Devanice