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Nina Horta

Perfil Nina Horta é empresária, escritora e colunista de gastronomia da Folha

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Fome de feijão; feijão de fome

Por folha
26/03/14 03:00

Como é que os primeiros comilões do mundo inventaram suas receitas? Muita paciência para descobrir a alcachofra, suas folhas e coração. O que precipita a adrenalina para descobrir o que é bom de comer? Escuto meu neto, adulto, voando escada abaixo e dizendo com voz grossa. “Estou morrendo de fome, vou fazer uma feijoada!” Pois não é que sem jamais ter feito uma, pegou a panela de pressão, misturou um feijão, umas carnes, um refogadinho de cebola, tomate, salsinha e rapidamente apareceu na mesa algo bem parecido com uma feijoada das boas?
É a fome! É a fome que faz o ser humano inventar. Imagine você de barriga bem cheia dar tratos à bola para criar uma terrine de porco. Jamais! Daí me assanhei por feijões. Lembrei de tanta coisa! Uma aula que dei no primeiro Boa Mesa e que me traumatizou para sempre. Eram acompanhamentos para o feijão de cada dia. Caprichei, com vidros enormes e feijões variados. No meio da exposição, um senhor se levantou e disse que não podia assistir à aula pois não sabia fazer feijão. Para ensinar acompanhamentos eu teria que ensinar primeiro o feijão. Nada mais justo. Rodou a baiana.
Lembrei também de “Tortilla Flat”, de John Steinbeck. Pois no livro os feijões são considerados não só um forro para o estômago, mas sim forro e teto. Naquela época, tornara-se moda em Monterey, na Califórnia, as visitas de enfermeiras da escola às casas dos alunos para verem como andavam as coisas. Alfredo foi chamado para conversar na diretoria, justamente por estar magrinho.
—Alfredo, você come bastante?
—Claro —respondeu Alfredo.
—Qual é seu café da manhã?
—Tortillas e feijão.
—Almoço?
—Tortillas e feijão.
—Jantar?
—Tortillas e feijão.
Não dava para acreditar. O médico resolveu, por interesse científico visitar a casa. A meninada fazia um barulho de ensurdecer. Ele viu a “vieja” ir até o fogão, pegar uma concha de feijão que fervia na panela e jogar no chão de terra. A criançada começou a caçada, um a um, debaixo da cama, nos cantos, nas quinas.
Ao entregar o relatório aos colegas o doutor tinha os olhos esbugalhados. “Fiz todos os exames possíveis. Dentes, pele, sangue, ossos, coordenação motora. São as crianças mais saudáveis do mundo”, gritou, inconformado. “Que animaizinhos, que dentes, nunca vi iguais na vida!”
Outra pergunta que me fazem muito é como chegamos ao prato obrigatório de arroz com feijão no Brasil. É complicado. Não há uma resposta única, há uma mistura delas, coisa que se pode ver na antologia “Rice and Beans. Um Único Prato em uma Centena de Lugares”. Editado por Richard Wilk e Livia Barbosa com um capítulo especialíssimo do Carlos Alberto Dória, que já está traduzido e será publicado em breve.
Credo, está parecendo tese de mestrado, mas, de vez em quando, são necessárias umas notas de pé de página só para não se perder o costume! Ou o pecado!
Vou pedir que me mandem receitas de norte a sul de feijoadas e modos de comer feijão. Puxa, mal falei em feijão e já mandaram o boneco de um livro. Editora Dash. “O Feijão”, tudo arrumadinho, ninguém terá mais dúvidas. Bom, foi-se minha pesquisa, outros fizeram antes. Ainda bem!

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    Oi, bacana mesmo colocar o(s) feijão(ões) neste patamar. Ele é onipresente praticamente em todas as culturas e, ouso dizer, mais “pop” que os cereais. Sou de minas e aqui se come com alho douradinho e louro no dia a dia. Além dos feijões sujos( com porco, gado e etc) quando crianças comíamos aqui o que se chamava “capitão”. Era arroz cozido moído na máquina de moer misturado com grãos de feijão e com tudo mais que uma criança não comeria. Meus pais faziam desta mistura um bolinho que não era frito……assim, passamos a infãncia comendo arroz, feijão, couve, salsa, cebolinha, cenoura e etc…..via “capitão”….rs. Abração.

  8. isa fonseca comentou em 27/03/14 at 10:23

    Muito legal essa crônica; na década de setenta morei com nordestinos numa república e conheci o famoso baião de dois e o famoso feijão de corda. Tudo muito bom. Num dos almoços tivemos a presença do cantor Ednardo — ele mesmo, o do Pavão Misterioso. Tudo inesquecível. E eu como feijão desde criança, com arroz, adoro, não dispenso no dia-a-dia. E para quem não sabe, alô vegetarianos, uma mistura de arroz com feijão dá a proteína necessária que entra no tijolinho da formação da célula, coisa que a proteína da soja, por exemplo, não cumpre no organismo. Falei com quem estuda, pesquisa, entende. Procurem saber mais… Beijo, Nina Horta!

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