O nariz
18/09/13 03:00O blogueiro de 1 Nariz, Dênis Pagani (especialista em traduzir fragrâncias em palavras), viajou e me trouxe de presente uma amostra… de cheiro de pai. “Cuir de Russie”, uma fungada só e o pai, ali, inteiro. E ainda me contou das ruas cheirando a tília, em Berlim, nos entristecemos porque na urbana São Paulo poucas são as flores.
Claro que vivemos cercados de cheiros mas só alguns são percebidos diretamente, como quando dizemos: “Que cheiro é esse?”. Muitos e muitos. A casa que de repente fabrica um canto que cheira a mofo, um perfume de guaco que invade o nariz sem se saber onde mora a planta. Lembranças boas e ruins. Péssimas, às vezes, um cocô de gato escondido atrás de um armário, esse o pior que já senti.
Cheiros de corredores de serviço de prédios, na hora do almoço, com um refogado incrivelmente ruim que deve ser feito com o alho cru. Os bifes e o peixe chiam na frigideira e o arroz está pronto.
Infelizmente sou especialista em cheiro de “quase-azedo”. E tenho companhia, minha cunhada e minha filha sabem quando a coisa vai azedar dali a segundos, mas não azedou ainda, como as saladas nos bufês esquecidos dos restaurantes.
Tem um cheiro que sinto no fundo do cérebro, de outras eras, de outras vidas. Cheiro de água doce de rio, cheiro fresco de truta. Puro frescor. Truta fresca.
E o cheiro da orla de Santos, que sobe à cabeça. Um leitor, Luiz Paulo Stockler Portugal, já me explicou exatamente o que era.
“(…) O cheiro de curry ao qual se refere, se não me engano, é cheiro da palmeirinha de sagu Cycas sp., originária do sudeste da Ásia. Costuma ser um cheiro de verão e quase sufoca pela noite. Um perfume selvagem, almiscarado, de trópico.
Minha mãe acertadamente o chamava de ‘cheiro de besouro amassado’ (a planta é polinizada por eles). A palmeirinha, aqui no Brasil cultivada como ornamental, é, na verdade, a origem do sagu verdadeiro, retirado do amido das raízes. (…) É um cheiro muito querido por mim. Cheiro de noite depois do aguaceiro, com ar leve, que muitas vezes se misturava ao cheiro das magnólias amarelas nas ruas de Belo Horizonte. A versão com maresia eu sentia no Rio de Janeiro, na casa da tia-avó na Tijuca, ou nas ruas apertadas de Botafogo com a maresia vinda da lagoa.”
Pois, é. Cheiros e não perfumes. Hoje já cheirei a geleia de laranja que é muito mais forte cheirada do que comida, cheirei a manteiga (um cheirão de leite), o pão (excesso de fermento) e vou cheirar tudinho para o resto da vida, a carne crua, o sal, a cenoura, a alcachofra. A Bic ponta de prata, o iPad, pois se trem tem um cheiro invasor, sacudido, barulhento, faiscante, desengonçado, por que computador não há de ter?
Vou compor temperos como se fossem perfumes, cheirar batata frita, filmes B, reuniões de condomínio, pétalas de flores na salada, reality shows, farinha de cachorro (fubá com torresmo), boninas-vaselina. Cozinheiros, preparai-vos, o nariz é a nova língua.
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Maresia, um cheiro que me abobalha. Fico parado, sentindo…
Nina, o melhor cheiro para mim é o do peixe assado no chão embaixo da fogueira que a vó e as tias usaram para fazer o arroz com pequi e os outros quitutes em Goías. É um cheiro que lembra o quanto ser criança é mágico. E a orla de Santos realmente tem um cheiro, um quê de felicidade. Dia 20 tem corrida não competitiva no Sesc de lá.
Sempre sinto cheiro de curry na árvore da felicidade. O dia em que engarrafarem o cheiro da Orla de Santos, compro de galão.
se vc achar meia o galao comigo?
Cheiro de dama da noite em Santa Tereza, BELÔ. me fez lembrar.
Belô, pelo jeito é cheiroso!
Incrível! Encontrei alguém que também sente o cheiro de “quase azedo”! E que também gosta do perfume que para mim, até descobrir o que era, chamava-se “noites de verão em Guarujá, na infância”. Eu ando até hoje procurando onde tem Cycas por São Paulo, todo verão… Delícia de post, obrigada!
Só achei no quintal de uma cliente. E ela me disse que não sentia o cheiro!
Tenho várias boas memórias: a visual, a gustativa, a auditiva, mas a minha memória olfativa é aquela que mais me traz lembranças do passado! Quantas vezes, caminhando pelas ruas, senti aquele cheiro do perfume que me remete à minha juventude, mais precisamente, ao amor da minha adolescência….É o cheiro de um perfume que não existe mais, penso eu, pois nunca mais o encontrei, mas que, ainda continua na minha memória olfativa. Por isso, o seu texto me foi muito familiar, Nina, e você sabe, como ninguém, traduzir em palavras, os nossos sentimentos. Beijos.
Ai, que saudades eu tenho…Faço ideia!
E para quem se interessar: o 1 nariz fica no endereço http://1nariz.com.br.
Aprendi a responder as perguntas do blog, agora, nesse minuto! E como é fácil! Cruzes! Que vergonha!
Grande Nina! Minha writing hero!
Lá em casa a gente falava que essa Cyca tinha cheiro de pimentão verde, a noite era mesmo gigantesco, engolidor de pessoas.
Ontem ouvi de uma pessoinha que não gosta de vagem porque tem cheiro de gafanhoto. Achei estranho mas talvez tenha mesmo.
Adorei acordar com esse susto!
Tem, vagem tem gosto e cheiro de gafanhoto bem verde!
Nina Horta adoro sua prosa e seu assunto . Preciso como uma necessidade hj comentar sua coluna. Superou se ao meu ver. Delícia de artigo. Obrigada, Nina.
Obrigada a vc, gentilíssima Simone! Essas histórias de nariz é que mexem com todo mundo!