As agruras de um buffet
19/05/13 16:06Tá bom, vou continuar falando sobre buffets porque pediram, mas no último post entraram pouquíssimas pessoas. Acho que não faz mal, fica aqui para consulta.
Quem entra para o negócio de buffets pode estar querendo ganhar muito dinheiro ou viver uma vida de aventuras. Geralmente, consegue só o segundo item, mas já é alguma coisa.
Lembrem-se que estamos falando em buffets sem teto, aqueles que vão aos lugares das festas, posição bem mais difícil do que o dono de um bonito e confortável espaço, sempre igual.
Só para rir um pouco vamos nos lembrar por emoções que o buffet sem teto passa.
Em primeiro lugar o buffet pode ser chamado por todo tipo de pessoa. A menina que ainda não tem namorado e quer fazer a experimentação da comida para o seu eventual casamento.
A firma que pede a festa pela secretária que não tem noção do que é uma festa e acha o patrão um deus. Se ele pediu, por engano, empadinha de ostras ela não arreda da idéia das ostras e da empada até o minuto em que o próprio patrão diz que foi erro de digitação.
O cliente médio, que não quer nada muito caro, nem muito barato, mas uma festa com comida gostosa e sem muito aparato.
O cliente riquíssimo que precisa ter tudo do melhor e que seleciona cada palito antes de fechar o negócio.
Com o tempo o banqueteiro vai formar sua clientela de acordo com o que gosta e sabe fazer melhor. Alguns se especializam em casamentos, outros em jantares, e assim vão afiando suas capacidades de controlar as bombas, as minas explosivas que cada situação pode conter.
Até já falamos nelas. O trânsito e a ponte que caiu entre a cozinha e a festa. É de enlouquecer. Tínhamos uma cozinheira muito sábia que dizia “Se estamos presos os convidados também estão. Não há razão para pânico.
Chegando ao melhor prédio da cidade para a festa mais badalada do dia percebe-se que o elevador está ocupado para outra festa e que não ficará livre até meia hora antes do horário do jantar. Quantas vezes vi meus funcionários subindo escadas com todo o material por causa de mal entendidos desse tipo.
Ou que os caminhões foram proibidos de chegar até a porta da cozinha da fazenda e devem para a um quilômetro de distância para não amassarem a grama que foi plantada no dia anterior.
Os dois caminhões partem com os endereços errados. O de Campinhas vai para Alphaville e vice versa.
O rapaz que se ofereceu para levar os docinhos e o bolo no seu carro para que nada acontecesse despenca numa ravina. (Mas, tão simpático que desaba agarrado ao bolo e não acontece nada.)
A festa que vai mostrar a comida de Recife para 500 convidados. Ao chegar na cozinha vê-se que está fechada e que não abre para visitantes. No caso conhecer o presidente da instituição é uma sorte sem feitio.
Essa é muito comum, mas graças a Deus nunca nos aconteceu. Chegar com a festa completa exatamente uma semana antes da festa.
O festeiro precisa se acostumar com a ideia de que tudo que acontecer na festa foi culpa dele. Acontece que os outros fornecedores como os floristas, os que constroem a tenda, o homem do gelo, etc etc, vão embora, e os festeiros ficam até o último segundo do fim. Sobra para eles.. Depois de toda a louça contada, assinada, separada, somem 200 garfos durante a noite. Quem foram os culpados? O buffet….
Coisas em que ninguém pensa:
Que as poéticas festas fora da cidade podem trazer problemas insolúveis, como:
Tempestade, com a avó sendo arrastada pela correnteza no riacho, ao tentar descer do carro.
Calor insuportável que faz murchar as flores e que vai assar o pessoal da cozinha antes que o peru esteja assado.
Erro humano – ex- todo o talher deixado na cidade e a hora do casamento chegando. Tudo arrumado, mesas postas, convidados com fome… e o talher vem vindo de Fusca velho…. Só a juíza pode salvar chegando com 3 horas de atraso. E chega. Mas o buffet nunca mais será perdoado por sua atitude antipática. Cada vez que choravam por mais demora da juíza o buffet ria perdidamente de alegria. Afinal sempre juíza e talheres chegam juntos.
Quem escolhe a profissão gosta da idéia de adrenalina, da atenção constante, do bom resultado final apesar das dificuldades. Outros procuram lucros, outros querem ser donos do próprio nariz.
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Três dias, no primeiro a raposa entra e sae do galinheiro e no segundo tb mas no terceiro ela está gorda demais e fica presa na porta, buraco, passagem. É o juízo final.
eh isso ai!!! essas e outras historias sao culpadas pelo meu Rivotril….mas quao grafificante eh…o final da festa..a satisafacao de atingir as metas…bater no caminha lotado de comida e dizer que pode ir…mto recompensador
Nina, como sempre tudo que você escreve tem muito charme e muito de você. Este especialmente é hors concours! Beijos e saudades.
De fato Nina, buffet como negócio é para fortes. Beijos
Aniversário de criança para 150 convidados e 500 espetinhos para assar.. Caí o maior temporal e inunda a churrrasqueira que é de alvenaria…sorte que tive tempo de cobrir a chaminé e terminar a festa, somente com pouco atraso…Mas o melhor foram os amigos que ganhei nesse período inesquecível da minha vida…
Só faltou falar do garçom bêbado, que tomava todos os restinhos de todas as taças e copos de bebidas que recolhia prá lavar!!! Kkkk este aconteceu comigo em uma festa!!!
Beijos, Miriam.
Isso quando da uma cozinha pra gente cozinhar! Sempre somos colocada nos piores lugares é ainda quer milagre!
Beijão Nina, Saudades…
Nina que ótima matéria vc abordou assuntos ótimos e um pouco mais, parabéns !!! Sei bem o que é passar por essas situações.
Como sempre, Nina querida, um delícia ler o que vc escreve. Simples assim….
ps. uma vez fizemos uma festa numa casa na represa de Guarapiranga, a quilômetros de qualquer vendinha de beira de estrada….e esquecemos o sal. E , adivinha,para dar mais emoção o da casa tinha acabado. E o da caseira só foi liberado depois de muita conversa e um contrabando antecipado com todos os docinhos da festa, para ela experimentar… nessa hora ela fez um intervalo na manicure dela, e gentilmente trocou um pote de sal por um prato de doces….
Não êh sopa nem Nina? Ótimo!
nossa, nina, quem vê como “usuário” nem imagina quanta coisa pode acontecer de errado. sempre parece que tudo está sob controle. precisa muito sangue frio, de agente da CIA.
Nina ,quantos anos vc vive nessa aventura ?
Precisa ser muito competente .
formar uma equipe nao deve ser fácil ,com certeza .
Já tive oportunidade de fazer uma festa contigo e estar presente em outras que vc promoveu.
Aliás tudo vc faz muito bem .Abraço
É uma espécie de juízo final, a pessoa diante da comida e da falta dela no caso, o sofrimento, a angústia, a fome, a culpa da juíza, o vício de comer todo dia no almoço.