Saia justa
29/11/12 13:29Trabalho tanto, chego cansada em casa, me resta estudar, ler e ver TV. Gosto de TV, gosto muito, foi o veículo que apareceu na minha geração, como a internet agora, e vocês podem imaginar que ver as caras das pessoas que escutávamos no rádio foi uma revolução maravilhosa e impensável. Eu era pequena e me contavam que isso poderia acontecer,
o que me botava extasiada, de olho parado, pensando e sonhando. Então, vida afora vim curtindo critica e benevolentemente, interessadíssima em tudo que acontece na TV.
Nem tudo. Não consigo assistir programas de auditório e os cômicos de baixa qualidade. Mas, se um dia não houver mais nada para ver, creio que consigo.
Tudo isso, não para falar de comida, mas de um dos meus alimentos preferidos na TV.
O programa “Saia Justa”. Quando ele apareceu, há dez anos, imediatamente empinei as orelhas. Mulheres falando à vontade, sem preconceitos e moralismos sobre o que acham da vida? E não era um programa que “ensinasse”. Não, era o que eu queria. Queria a oportunidade de ver mulheres normais conversando normalmente. Um rasgão , uma fenda por onde eu pudesse espiar o que ia na alma das meninas.
Lembro-me de uma vez em que a Fernanda Young falou sobre traição e brincou, acho que brincou, mas poderia ser verdade. “Não há traição de um homem que não possa ser lavada com o presente de uma jóia.” Era besteira grossa, concordo, mas isso mesmo era o que eu queria escutar. Besteira grossa. Uma mulher moderninha ainda hoje poderia dizer as mesmas coisas que minha bisavó ou tataravó. E uma mulher inteligente como a Fernanda.
Enfim, a fala delas era sobre tudo e sobre todos, conversa de sofá, de mulher para mulher, não eram regras a serem seguidas, eram pensamentos em voz alta para serem mais pensados, revirados, degustados, até a outra semana onde recomeçariam outros assuntos sérios.
Programa difícil de fazer, difícil de conseguir tanta mulher inteligente na Globo. Quando mudava uma eu pensava com meus botões que não conseguiriam outra, não era possível que a Globo tivesse gente tão boa. E atrizes de novelas, e cantoras, e apresentadoras e modelos e políticas e filósofas, todas cândidas, todas dizendo mesmo o que achavam de alguma coisa naquele minuto, todas carregando consigo suas próprias vidas, sua própria educação que íamos descobrindo aos poucos, fazendo delas seres únicos que aprendíamos
a amar como amigas, e em alguns casos a detestar.
Eu não detestei nenhuma, mas sei de telespectadores que se sentiam mais ou menos atingidos pelo jeito, pela fala, por alguma coisa que os tocava fundo e que não queriam enfrentar.
Não sei bem como era a reação dos homens, mas suponho que não seria a melhor. Elas falavam a verdade sobre eles, ou melhor, falavam o que eles não queriam ouvir, apesar de serem todas apaixonadas, apaixonadíssimas, mas tome a verdade.
O trabalho maior era da Mônica Waldwogel, mediadora, estudiosa que só, aliás, incrivelmente bem informada e capaz de sintetizar as opiniões e levar o programa brilhantemente até o final.Parabéns, Moniquinha, você é demais. Até demais demais.
Como é difícil para alguém encontrar sua melhor voz… A Mônica, justamente agora,
se deixara relaxar na condução do programa. Era o time de mulheres com o qual melhor
se entrosara, principalmente Teté Ribeiro, muito solta, que a ajudou a dar uma boa risada
e falar besteiras sem medo de errar, ou melhor sem medo da opinião alheia.
Confesso que tinha o programa como importante na minha vida. Não podia perder, se perdia me irritava muito e ia catar outros horários para assistir. Aliás, o único programa
da TV, (sem contar agora o painel do Waack), que aliava inteligência com interesse e prazer para o telespectador. Qual o mistério, qual a maldade para conosco que passa na cabeça de quem resolve essas coisas? E o telespectador não entende, a gente se sente meio dona das coisas que gosta, como tiveram coragem de mudar sem perguntar? E colocar aquele programa de homens jogando e dando palpites sobre a vida alheia no lugar das minhas meninas? Que passa? Endoidaram?
Não o programa não vai acabar, vai continuar com a Astrid. Gente, a Astrid Fontenelle é ótima, uma garra, um denodo, aquele programa diário que cortaram era um fenômeno de inteligência, rapidez, adaptabilidade aos assuntos. Mas a Astrid não tem nada a ver com a imagem do Saia Justa, é outra praia, e como a Astrid vai achar fôlego para falar por três, ou quatro, porque na verdade, com a Astrid, não é preciso mais ninguém. Ela se encarrega da falar e responder. (Maldade, hein, Astrid, só quero dizer que é outro jogo, esse é da Mônica e ninguém tasca.)
Vou sentir falta de um programa de fazer pensar, com mulheres bonitas, interessantes, inteligentes e muito, com o maior banho de loja, roupas para a gente aprender como se vestir para ficar bonita (coisa de mulher, e que sapato mais lindo, e aquele cabelo ruivinho está precisando de um corte novo e ela vai lá e corta e fica mais linda ainda), mulheres, mulheres como nós todas para o Bem e para o Mal, soltas na vida, querendo acertar.
Ah, se eu pudesse ia lá e prendia esse diretor, ou seja lá que for, que corta, sem me perguntar, o melhor programa de mulheres da TV.
NÃO EXISTE UMA PROCOM DE TV, UM CANAL PARA A GENTE JOGAR PEDRA E RECLAMAR, E FAZER VALER OS NOSSO DIREITOS DE PRAZER E DE ALEGRIA?
Há alguns meses, o Saia inaugurou uma seção para falar sobre blogs desconhecidos. Quando uma produtora me procurou, convidando-me para a estreia do quadro, eu passei a agir como uma criança a quem prometem um presente de Natal, com meses de antecedência. Fiquei boba, mesmo. O Saia vai me perder, porque vai perder os 10 anos de consistência. Não há Astrid que consiga falar para essa mulher descrita no artigo! Saia Justa, remendo mal-ajambrado. Decretaram padrão C como sendo o de qualidade. Pena. Já estou com saudades.
Falou tudo que eu diria se tivesse o dom de escrever. Está aí tudo que penso sobre o Saia, que assisto desde o primeiro e recentemente comecei a gravar para poder rever ou escolher o horário. Adoro Astrid e ela era fantástica no programa de entrevista dela. Mas, o Saia, é a cara da Mônica. Bem, já está tudo dito. Como protesto, não assistirei ao “novo” programa.
Que mico. Pelo visto, a Globo quer perder audiência em São Paulo também na Globosat. Nada contra a Astrid, mas o Saia Justa de que sempre gostei é o programa da Mônica, com a Tetê, &Cia. A Maitê ainda faz falta. Nina você sabe de tudo mesmo, querida.
Só posso lastimar. Mônica é a alma do programa. Sem ela saia justa vai virar somente um pedaço de pano.Nada contra Astrid mas ela é outra praia. Quero a Mônica .
assisto ao saia desde 2002 e sou fã!
concordo que primeira formaçao foi a melhor e a entrada dos homens, desnecessária. no inicio era legal, mas agora parece que perderam o fôlego.
gosto muito da Astrid e vou esperar para dar minha opnião, porque ningém é insubstituível. só espero que o programa não acabe.
Como um dos dois homens que comentaram o seu post, eu acho que a presença masculina no programa trouxe um contraponto interessante, era legal ver Xico Sá enaltecendo o universo feminino sob uma ótica masculina, por ex. Eu não sei se a audiência do programa era essencialmente de mulheres, e acho que o longo dos anos ele teve altos e baixos. Mas considero que mudanças podem se bastante benéficas se não forem vistas com preconceito(não queria usar esta palavra, mas não achei outra…). Forte abraço.
naturally like your web-site however you have to take a look at the spelling on quite a few of your posts. A number of them are rife with spelling issues and I find it very bothersome to inform the reality on the other hand I will definitely come again again.
Caracas, como assim? Nao quero isso!!!!! Mas se for realmente isso que vai acontecer, Nossa Querida Monica, invente outro, agora com muita experiencia! Mas seja breve pq ja sinto saudade do Saia. Beijo!
Então eh isso? A Monica foi tirada???
Concordo com tudo o que você disse, Nina. Assisto o programa desde o começo. Acho que a primeira formação foi a melhor. Mas, de fato, vejo que a Mônica está bem mais solta agora. Ela é a alma do programa e eu me identifico particularmente com os comentários que ela faz. A saída dela seria o fim do Saia Justa. Pelo menos para mim.
Querida Nina,
Fiquei comovida com seu texto e agradeço profundamente a generosidade e o carinho com que tratou o nosso Saia e a minha participação no programa. Sempre recebi com grande alegria e orgulho suas atentas observações – de vez em quando um puxão de orelhas, um comentário ao tema, tantas sugestões inteligentes. Nosso objetivo sempre foi esse: expandir a conversa, ampliar o debate. Encontrar a fórmula de trazer para a TV temas aparentemente incompatíveis com sua estética, ajustar a ótica feminina sobre eles, encontrar novas ‘pegadas’ para velhos assuntos. Sempre atentas para não fechar questão sobre nada, nem ter a presunção de saber as respostas para as infinitas perguntas que as mulheres se fazem neste vasto novo mundo. Nele encontramos demandas e exigências tremendas às quais temos de nos ajustar para cumprir os variados papéis que nos cabem.
Lendo os comentários ao seu post, ganhei o dia. Ganhei o fim de semana todo! E também o ano de 2013 inteiro, por que não?
Abraçaço, como acaba de inventar o Caetano,
Mônica
Um dos melhores programas da atualidade. Uma sacanagem tirarem a Monica Valdvogel. Concordo integralmente com a Nina. Perdeu a graça…deu vontade de chorar.
tirem os homens , chamem a marcia tilburi,a fernanda yang, a tetê e deixem sob o comando da monica .
simples assim . M.C.
Adorei!
Recebi a notícia também com muito pesar, sou inconformada com essa saída da Monica, que quem criou o programa, é uma idéia dela, ai simplesmente vem alguém e diz que você não vai mais fazer????????????? Como assim????deveriam aceitar as sugestões do público, como fazem nas novelas, nós somos ignorados, como sempre a falta de respeito com o espectador, sem dizer com a Monica, lamentável.
Concordo plenamente com a Nina Horta. Assisto ao programa desde o início e, pra mim, ele vai acabar sem a Mõnica.
putz, eu pensei que ia falar sobre algum programa que faz pensar em coisas realmente importantes.
Já enviei e-mail através do site do Saia Justa. Estou inconformada com a saída da Mônica. Com outras palavras, eu disse que Saia sem Mônica será como seleção sem Neymar, MPB sem Chico (amado de Mônica, por sinal), STF sem Ayres Britto (uma pena!) e assim vai….. PROCON pra Direção do Programa
Iambém vou sentir falta do Saia Justa. Adorei o texto, os comentários, e reproduzo a visão brilhante deste parágrafo:
Vou sentir falta de um programa de fazer pensar, com mulheres bonitas, interessantes, inteligentes e muito, com o maior banho de loja, roupas para a gente aprender como se vestir para ficar bonita (coisa de mulher, e que sapato mais lindo, e aquele cabelo ruivinho está precisando de um corte novo e ela vai lá e corta e fica mais linda ainda), mulheres, mulheres como nós todas para o Bem e para o Mal, soltas na vida, querendo acertar.
Não é mesmo verdade?
Um programa onde são discutidos temas que fazem pensar, discutem a vida e onde mulheres falam o que pensam, definitivamente fazer pensar não é o perfil da globo.
Infelizmente cada vez menos vemos TV.
Meus pesames Rede Globo.
Nina, a Globo decidiu isso aí por conta de grupos que ficaram incomodados com declarações da Mônica, como os ciclistas, entre outros. Na realidade, por falta de sensibilidade (os diretores de programação são homens), embarcaram no politicamente correto e outras bobagens que rondam a modernidade. Aliás, como bem assinalou o colega lá em cima, o programa começou a desandar exatamente com a presença masculina – sem graça, sem conteúdo.
A Mônica inventou o formato e levou um pé na bunda! Quero o programa como antes, com Mônica, sem homens e com gente que pensa!
Nina , também adoro o Saia. Parei de assistir por uns dois anos porque estava achando uma chatice algumas atrizes desmilinguidas por ali. Aliás, acho que a primeira formacao foi a melhor. Também gostava da filosofa Tiburi e gosto da Tete. Fiquei sabendo que foi a Mônica que pediu para sair… Será verdade? Acho a Astrid muito boa, animada, polemica na medida. Vamos ver o que vai dar… Bjs.
Katia
Nina
Concordo com tudo que escreveu, eu adoro o Saia Justa e vejo desde o primeiro.. e fiquei muito triste quando soube que iria acabar.. quer dizer vai continuar em outro formato, mas vamos sentir muito a falta da Monica, inteligente, sagaz, culta.. e de todas e de tudo… que pena, né, mas a vida é assim nada é pra sempre! beijos
Ai, Nina! Vc disse tudo o q estava engasgado em mim! O Saia é meu programa favorito. Fico conversando com elas, concordando, discordando, rindo, aprendendo. Estou me sentindo órfã! Obrigada por expressar a opinião de muitos telespectadores q não têm a presença na mídia q vc tem!
Vai acabar??? Arrasada….
Fui durante anos um telespectador do Saia Justa. Deixei de acompanhá-lo justamente após a sua mais recente reformulação onde foram incluídos os “calças”. Achei aquilo um ultraje! Um programa sobre a visão feminina tendo como debatedores homens, bizarro! Agora com a saída da Mônica, é como se o GNT estivesse jogando uma pá de cal sobre o programa. Amo a Astrid desde os tempos da MTV, acho que ela se encaixa sim no perfil do programa, mas a âncora deveria ser sempre a Mônica. Querem reformular o Saia, que tirem então os homens e tragam de volta a Fernanda e a Betty. Saia Justa sem Mônica é como Xou da Xuxa sem a rainha dos baixinhos.
E tem outra coisa. O programa foi criado por Monica e justo ela é substituída!!!! Como assim???? Qdo. se fala em Saia Justa, lembro sempre da Monica Waldvogel. Concordo totalmente com Nina Horta. Esse pessoal da direção devia é rever os participantes do Conexão Manhantan da Globo News. São uns cri-cris. Pronto falei.
Super concordo, também sou uma telespectadora assídua do saia justa e me sinto tão frustrada com a mudança de “âncora” que nas últimas semanas só tenho pensado nisso! Minhas semanas não serão as mesmas sem as indicações de livro que a Mônica faz ou do jeito incrível que ela tem de ser doce quando fala dos seus proprios sentimentos. Ao mesmo tempo que mata a gente de ri e fala de política como ninguém. Uma pena, to com raiva da gnt, magoada pelo “fim” do meu programa favorito da televisão brasileira. Que a Mônica faça um novo programa e chame a Teté!
parabéns pelo texto!
Gosto da Astrid, mas a Mônica é insuperável. Adoro! Vai fazer falta
Compactuo com as palvras da Nina.
Penso igual à Nina Horta. Saia Justa, para mim, é o melhor programa da TV da atualidade. E vai acabar? E o que eu vou assistir de interessante às quartas feiras à noite? Ficarei órfã de comentários de pessoas inteligentes que têm o que comentar? É mesmo irreversível isso? Que pena!