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Nina Horta

Perfil Nina Horta é empresária, escritora e colunista de gastronomia da Folha

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Devolvam os guardanapos!

Por Folha
31/10/12 03:00

Todos pensam que François Vatel (1631 – 1671) se suicidou por causa de uns peixes que se atrasaram para uma festa, mas a verdade é bem outra. Deve ter sido por causa dos guardanapos. Acho que todo mundo prefere os de linho, grandes, brancos. E então são os que deveríamos alugar para cada festa. Acontece que os infames  se perdem. Numa sala de oito por oito eles se perdem, somem para sempre. Nem a CIA, nem a Scotland Yard são capazes de adivinhar. Desaparecem no ar.

Há a suspeita de que os convidados, inadvertidamente, põem o paninho no bolso quando vão comer ou beber. A copeira chega com outro, eles pegam de novo, enchem o bolso e só descobrem em casa.

Em casamentos, as mulheres gostam de usá-los para presentear os filhos pequenos que esperam ansiosos em casa. Por isso já é bom ter uma cota de caixas com doces para as pessoas levarem embora.

A reposição é bastante cara. Como fazer o cliente arcar com essa despesa? Explicar o quê, se nem nós sabemos onde foram parar? Acontece nas melhores famílias.

Até vou contar um papelão que fiz quando fui almoçar no Nonno Ruggero. O atendimento é perfeito, logo na entrada alguém bem velhinho já faz uma cara que te conhece, todos sorriem, todos querem ajudar.

Tenho o hábito de colocar o guardanapo no colo e, por ser “gauche”, desastrada, ele cai no chão de cinco em cinco minutos. Então, escondido, amarro a pontinha na cintura para evitar que os garçons passem a noite se agachando debaixo da mesa e trazendo um limpo de volta.

Comemos, bebemos e fomos embora. Todo o staff ria para mim com boca de Mick Jagger. Nos corredores encontrei mais sorrisos, pedi um táxi com o coração embalado, contente por ser tão querida.

Já adivinharam, é claro. Passeei pelo hotel [Fasano] com um guardanapo enorme feito um avental. E só em casa —em casa, nem no táxi—, percebi que o amor por mim era uma risada disfarçada. Não foi fácil voltar no dia seguinte com o guardanapo lavado e passado e cara de tonta.

Acho que, em tempos antigos, era de rigor pegar canapés com o guardanapo. Então, até hoje as copeiras andam com uma salva de prata e oferecem primeiro o guardanapo e depois o canapé. O convidado pega, há de ter alguma utilidade aquele pedacinho de pano oferecido.

Mas foi-se a época distante em que se pegavam as coisas com guardanapo. Só se for uma costela de porco vertendo gordura, mas ninguém serve isso em coquetéis.

Não sei como faço nas festas. É provável que chupe o dedo ou passe a mão na saia, porque raramente preciso de um guardanapo para limpar a boca. (Geralmente, já caiu de tudo um pouco na minha blusa).

Lembram-se de um vídeo em que o George W. Bush cumprimenta uma porção de pessoas do povo e depois limpa a mão na camisa branca do Clinton? Pode ser uma ideia passar a mão na camisa do vizinho. Ou, quem sabe, escrever um recadinho horrível e colocar dentro das dobras,  como naquelas correntes que recebemos. “Se enfiar esse guardanapo no bolso será atropelado dentro de uma semana por uma moto verde…” Hei de solucionar esse problema, mais cedo ou mais tarde. Veremos.

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Comentários

  1. wiedza i życie comentou em 03/11/12 at 21:08

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  3. Katia Seifert comentou em 01/11/12 at 23:17

    Querida Nina!
    Como é bom rir de si mesmo!
    Texto ótimo !
    Obrigada,
    Bj,
    Katia

  4. Dilson Sales comentou em 01/11/12 at 11:18

    Confesso que nunca presenciei, muito menos passou na minha cabeça ver meus amigos, ou até mesmo eu, saindo com o guardanapo no bolso. rs

  5. Ana comentou em 01/11/12 at 7:11

    A solução é rastrear:

    http://travel.usatoday.com/hotels/story/2011/07/Some-hotels-use-RFID-chips-to-keep-linens-from-checking-out/49688484/1

  6. Pingback: Wendy

  7. Sima comentou em 01/11/12 at 1:49

    Utterly pent content, Really enjoyed reading.

  8. Fátima Silveira comentou em 31/10/12 at 20:15

    Olá, Nina, acabei de ler sua crônica que uma querida amiga me enviou. E estou aqui a dar boas gargalhadas. Esta, sem dúvida a minha própria história. Ocorreu num dia em sai com mais tres companheiras de “aventuras e roubadas” para jantar. Depois de tudo consumado, saí do restaurante chic com um guardanapo de linho branco adornando minha cintura. Fui avisada por uma delas antes que adentrasse no táxi que me esperava à porta. E num gesto de pura rebeldia, saquei o guardanapo e o fiz voar até a mesa mais próxima, como quem joga flores para a platéia. Saí sem os aplausos desejados, mas sob os olhares de absoluta aprovação das “amiguinhas” que me aguardavam na saída do restaurante.
    Obrigada pelo belo texto, ele foi inspirado na minha saga. Um grande abraço,
    Fátima Silveira

  9. Maria Paula comentou em 31/10/12 at 16:26

    Um vexame total!!! Mas muito engracado!!!! Adorei sua cronica.
    Abracos, Maria Paula

  10. Larissa Neves Ventura comentou em 31/10/12 at 16:24

    Muito bom o texto… rs Parabéns!

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