Pequenas novidades velhas
26/05/12 00:23Cozinheiros, cozinheiros!
É uma pena não podermos acomodar. Fico pensando que desde que me interessei por comida nunca mais pude moderar a curiosidade e ficar parada, refletindo, ou simplesmente na rede sem fazer nada. Já repararam que comida anda por todo lugar? Da rede você vê o abacateiro que pode morrer por causa da primavera que sobe por ele, muito doidona. E não é engraçado que só em Cuba se coma abacate com açúcar? Como terá acontecido isso? Provavelmente tem a ver com países açucareiros… mas a rede balança e a preguiça alcança. E as vacas? Será que ficam melhores paradas ou assim andando devagarzinho mas sempre? E aquela carne Kobe, de boi massageado escutando música?
Depois de mordidos pela cozinha não dá para ficar de lado. Um dia lembro que assisti um filme de três casais que passavam sempre as férias juntos. Um dos homens adora cozinhar. É aquele que em vez de se lembrar das cuecas não esquece das berinjelas e se esquece é capaz de morrer de angústia. Pois ele, no filme, pegou uma wok, pôs alguma coisa dentro que subiu como uma nuvem fofa.
Assisti o filme dezenas de vezes para descobrir que era um wok cheio de óleo quente e o que ele jogava dentro era macarrão de arroz, um pacote desse comuns, que fritava na hora como um mandiopã. É um acompanhamento divertido. E deu o que sujar a cozinha de gordura.
Um dos modos pelos quais fiquei mais sabida no fogão era ir a um restaurante e chegar em casa e tentar dublar a comida. Inclusive macarrão estampado com sálvia e salsinha!Como qualquer outra disciplina e põe disciplina nisso é preciso saber das coisas.
Deve acontecer o mesmo com médicos, fashionistas, (principalmente com fashionistas), as mudanças são céleres, nem aparecem muitos ingredientes novos, mas tudo muda, o jeito de servir, a hora, a cor, o tempo de cozimento. É claro que não sossegamos enquanto a novidade não virar bobeira. E partimos para outra.
Às vezes leva um tempão para descobrirmos coisas antigas, incrustadas na sabedoria das donas de casa, mas que acreditamos ser a maior novidade do mundo. Lembro que trouxe pimenta rosa de Paris, da Fauchon. Depois um amigo caipira disse que aquilo se parecia muito com aroeira. Tentei levar uma muda enorme para Paraty. Uma árvore. O motorista era de lá e minha mãe era do mundo. Com a perspectiva de viajar com a copa da aroeira no nariz, soltou o verbo. “Larga isso aqui, em Paraty deve estar cheio”. E estava.
Hoje em dia por nossa ignorância já devem ter sido cortadas de uma praia cercada por arbustos de aroeira. Construíram lá uma casa normanda! Aquele telhadinho de neve e tudo!
Mas a cozinha é mesmo um lugar muito vivo, vai mudando cada dia, se a gente parar e deixar de ser curioso, de ler, de ver, de experimentar… Primeiro que perde toda a graça, segundo, vai-se o espírito de aventura, de descoberta, de UAU!…
Há certa coisas básicas que não se quer fazer diferente. Um arroz, um feijão, um ovo frito, sobre os quais se sustentam nosso paladar. Queremos é assim, e pronto. Pelo menos um porto seguro há de existir. No meio da batata frita, um farol rodando para todos os lados e pesquisando o mar alto.
Olha a novidade, tudo está virando pó. Pó de iogurte, pó de manga, pó de lingüiça calabresa. Vamos aos pós. Pode ser coisa que não vai emplacar, uma novidade engraçada, mas quem sabe vem e fica, melhorando o gosto da comida de cada dia? Ou nem fica, mas a graça de colocar um fruta para desidratar totalmente e depois moer até que vire pó, e aquele pozinho no risoto vai dar uma graça súbita, vai causar prazer ao cozinheiro e ao que come. Não tem jeito, vamos lá.
NINA eu amo você. Como você escreve bem. Traduz de uma maneira divertida, como alguém que sabe das coisas, o que está por dentro do nosso cotidiano.Admiro a facilidade e o modo como escreve. Passo pela mesma situação e me enjoo de ver tantas novidades criadas pelos chefes. Continuo nos programas da tv e revistas e me encanto , já que nunca fiz um curso bom de culinária,a observar a maneira mais prática no preparo da comida. Mas fico com você e já estou procurando a simplicidade nasreceitas da mamãe e descobrindo coisas maravilhosas.Meu sonho, ainda acredito no sonho sonhado é sonho realizado,é colocar a minha vivência familiar num pequeno histórico com a simplicidade das receitas preparadas por uma família de descendência italiana que vivia a hora das refeições como um momento sagrado. Você tem a ver com tudo isso depois que comprei ” Não é Sopa”. Bj,Maria Agnes
não sou cubana e só como abacate com açúcar e limão por sinal é uma delícia.
Comer abacate com açucar e limão é uma tradição na minha família no café da manhã. porriso fiquei surpresa com a afirmação que só em Cuba se come abacate com açucar.
Schinus molle
E daí, não é? Se nascesse escrito no tronco!
Se é o que estamos falando, e vc tem certeza, pode. Parece uma pimentinha do reino coberta por uma casquinha vermelha. Dá em grandes cachos, ou melhor, no galho inteiro. Muito fragrante e sem ardência. Eu fico conversando com ela horas, nào posso comer. Vou ver o nome científico, acho que é schinus alguma coisa e te digo já. E para comer assim, ao natural, mesmo.
Já volto.