finger food
03/04/12 00:19Foto e produção Márcia Mesquita
A coisa mais cheia de modinha é comida. Está na moda o finger food. Moda na boca das pessoas que mandam email pedindo festas. O que é finger food para uma geração inteira? Não sei. A palavra é inglesa e traz confusões no Brasil. Para se comer com os dedos. Ou com a mão, em português. Já contei da minha tia velhinha pintando só uma unha, a do indicador para ir a uma festa de criança.
-“Mas o que é isso, tia?”
-É a unha de pegar docinho”, replicou ela, encabulada.
Então, as pessoas querem finger food. Pois os convidados estão geralmente mal acomodados e querem beber e comer. O que ficaria resolvido, com um copo numa das mãos e o canapé na outra. Não adianta pedir finger food na mesa. Só numa festa muito pequena. O pão da base vai se encharcando, os cones se desenroscam, e tudo precisa ser trocado de quinze em quinze minutos.
Por azar não dá muito para inventar canapés. Estão todos inventados. Logo no começo do buffet, ainda completamente desconhecido, alguém da Globo telefonou pedindo um coquetel incrementado para umas oitenta pessoas. A emoção foi tão grande que inventei todos os canapés, queijos, crudités, molhinhos, naquele dia. Todos.
Vocês já repararam quanto é difícil um canapé novo? Pode-se trocar a cesta de um para o recheio de outro, misturar, mas ter uma idéia boa de verdade é quase impossível. Ao longo de uma vida conseguimos umas três novidades, o resto já brilhava no azul do firmamento há muito tempo.
E como sou enganada pelos livros! Sai um novo afirmando que os achados são infinitos. Compro. Igualzinho o nosso coquetel da Globo sem tirar nem por. Não entendo como têm coragem de enganar a gente daquele jeito.
Acontece, também, que nos Estados Unidos, onde os coquetéis são mais comuns, não é necessário que o fingerfood seja tão pequeno quanto o nosso.Comem asas de galinha, costelinhas agridoces, o que ajuda muito.
Eu enjoei de canapés. Gosto muito de uma ou outra cestinha recheada, mas preferiria muitas vezes que fossem passados pratinhos pequenos, no máximo três, com uma entrada. As três entradas juntas valem por 30 canapés e satisfazem mais, e não misturam em menos de uma hora todos os ingredientes dentro de seu surpreso estômago.
Acaba-se tendo que fazer os tais de canapés (pedacinho de pão com os ingredientes por cima), ou qualquer bocado que se consiga enfiar inteiro na boca, pois é um tradição muito forte.
Atualmente temos preferido uma mesa posta, um buffet de entradas, que substituem o coquetel. Pode ficar até o fim da festa.
Passam-se, enquanto isso, os pratos feitos.
Outro problema. O prato feito era o PF de cada dia e tinha uma conotação de pobreza, de marmita. Num casamento não se oferecia prato feito. Só que tudo mudou, minhas meninas. Reparem nos restaurantes. Quanto mais careiro e famoso mais prato feito tem. São os pratos com design de autores, feitos com luvas, com pinças, com a mão mesmo. O PF hoje em dia é o único, é o grãfino, esqueçam-se do sopão, do bar barato. Hoje nada mais nada menos de que Ferran Adrià, Atala, Helena Rizzo, só servem prato feito, capito?
Apareceram as cumbucas, os pratinhos, as taças. Implico um pouco, mas nem sei o porquê. É muito racional, fica gostoso de comer com garfinho pequenos, elimina a base de sustentação que é o canapé.Só que não dá para beber e comer ao mesmo tempo, com as duas mãos ocupadas. Não dá para parar de beber um pouco só e comer? Deveria dar.
Outro problema são as filas, todo mundo odeia as filas de casamentos.Um buffet para 50 a 80 pessoas conforme o serviço. Dá fila assim mesmo. Por que todos precisam se levantar à mesma hora? Acho que é medo da comida acabar (não tem perigo), ou divertido, mesmo. Na fila você se encontra com todos, trocam nostalgias, futuros, dá uma boa pernada de conversa no buffet.
E fila, ainda por cima, é imprevisível. Fizemos um jantar brasileiro numa fazenda para 15 convidados. A dona da casa pediu comida desde o Norte até o Sul, para que os gringos tivessem uma panorâmica do Brasil. Pois não é que sentados numa mesa só, levantaram-se juntos e fizeram uma filinha na beirada da mesa? Não tem jeito.
O que ajuda a amenizar este problema,é a mesa de entradas posta desde o começo da festa. A pessoa entra e já vê suas coisas preferidas, à vontade, numa daquelas mesas. Já diminui a ansiedade.
parabens nina, sou seu fa escondidinho aqui no interior de minas esperando toda manha de quarta a sua coluna, como se espera um bom blo de fuba nas tardes amenas do nosso interior . bjs
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Em tempo, Ferran Adriá já fechou seu El Bulli…..
Abilio, vc ousa pensar que eu não sei disso? Até no seu bar de tapas é tudo servido em prato feito, acabou-se o que era doce,a moda pegou de vez. Mas, ao falar no Ferran como se ele estivesse no El Bulli, inventando seus pratos, posso levar o leitor a pensar que o restaurante ainda esteja funcionando. Desculpas. Apareça sempre, gosto de leitores muito atentos, e obrigada.