Hoje estamos falando de chefs celebridades
21/03/12 00:45Hoje estamos falando de chefs celebridades. Parece que a celebridade vem dentro da pessoa desde que nasceu. Precisa ter atributos para conseguir alguma coisa, e sorte, também. De vez em quando vejo um ator da Globo, daqueles que a maioria despreza por tudo, por ser da TV, por ser da Globo, por não ter estudado teatro, nem TV, nem nada.
E um dia num programa de entrevistas aparece aquela mosquinha dançando, ou cantando, ou os dois. Ou montada (o) num cavalo bravo, cantando, dançando e jogando pólo. E na vida particular toma conta de uma horta orgânica e comanda uma ONG que ajuda os índios! Àtoa, àtoa, não é que alcançaram uma certa celebridade, motivada também por nós que temos necessidade de heróis. Quem não tem? Andam fazendo falta os heróis.
Escrever em jornal, por exemplo, é uma coisa que te faz subir num incômodo pedestal.
“A senhora é meu ícone!”
“Ícone? Por quê?
“Ah, a senhora não é ícone? Tá.”
Os cozinheiros, felizes pela onda de sucesso, raramente se conformam só com a cozinha. Querem deixar por escrito o que fizeram. Gostam-se escritos, diz um amigo meu.
Começou faz tempo, não vou me estender por aqui, mas o Ferran mais tomava nota do que cozinhava, aliás, acho que era outro da equipe que tomava notas. Nunca se viu livros mais detalhados, mais confusos e mais chatos e mais pesados.Talvez sejam necessários um dia para o estudo de pesquisadores. Com certeza serão.
O que observo na minha vida já bem grande, é que poucos livros duram. Se cada um de nós botar a mão na consciência não achará mais do que dez deles que não se pode jogar fora, passados vinte, trinta anos. As fotos envelhecem, as receitas não têm mais sentido, serve para os historiadores, nada mais. O que já é muito.
E isso seria desculpa para cada um não escrever mais nada? Claro que não. Comida é nutrição, sobrevivência, mas é também,alegria, divertimento, descoberta. Cada um que leia o livro que mais gosta, que se apegue às páginas de sua primeira emoção na cozinha, daquela receita de omelete que deu certo, que ficou úmida por dentro, enrugadinha por fora.
Do primeiro sociólogo, antropólogo que ensinou sobre o assado, o cru e o cozido. Vale tudo.
A TV também nos diverte. Os enormes seios de Nigella, lambendo os dedos sujos de chocolate. A insouciance (desculpem) do Jamie, aquele menino esperto. E Ana Maria Braga que todos adoram chamar de brega e que tem uma penetração nesse Brasil afora que não dá para acreditar. Batalho com comida há vinte e tantos anos, bastou ir ao programa dela umas cinco vezes que me conheceram em pirambeiras de Paraty, onde a TV deve ser a pilha, nem sei, em hospitais de São Paulo, em cantos de qualquer rua.
E sabem que a mulher entende um bocado de cozinha? É extremamente atenta, curiosa, uma profissional exemplar. Melhor pensar duas vezes antes de falar mal dela.
Eu adoraria ter aquele canal americano que fala em cozinha o dia inteiro. A qualquer hora é só ligar e tem alguém ensinando qualquer coisa. Bom pra dormir, também.
E aqui reapareceu o Olivier, o francês que passeia pelo Brasil, e o francês que não passeia mas fala “Que marravilha!”. Um bordão já vale ouro, minha gente.
Enfim, o cozinheiro tem mesmo é que se virar. In mezzo del camin dessa vida, é tratar de escrever, de cozinhar, de fazer qualquer coisa, mas fazer. A ordem do dia é ação. Se quisermos sucesso, há que ir atrás. Ele dificilmente terá a delicadeza de bater na porta e perguntar se pode entrar.
Nina,parabéns!
Sensacional!
Oi, Euler, obrigada! Não estava respondendo por não saber como lidar com essa droga! Volte sempre. Beijos. Nina
Obrigada, Euler, por favor, volte sempre.
Nina, eu quero é ser como você quando eu crescer. No “Não é Sopa” você nos presenteia com deliciosas crônicas. Aqui em casa, quando a coisa está feia e alguém chateado, corremos para cozinha para preparar “comida de alma”. É show. Grata por dividir seus conhecimentos com os simples mortais.
Ah, Sandra, vc me deixa corada. E faz muito tempo que não fico vermelha!!!! Volte, por favor!
Nina, outro dia minha prima de 6 anos estava fazendo um bolo comigo e disse “quando crescer quero ser como a Nigella”. Na idade dela eu queria ser paquita, e dançar, cantar, estar perto da Xuxa e na TV. A irmã dela quer ser a Miley Cyrus (que não é muito distante de ser paquita), mas ela quer ser a Nigella. Não é engraçado? Mudam-se os ícones mesmo…
Oi, Marina, estou aprendendo a responder…. Atrasado. E na minha idade quero dormir, só dormir!!!!! Beijo. nina