ESTREPOLIAS DO ATALA
13/03/12 21:43
Aqui está o menu do jantar de 01 de março de 2012-03-12 D.O.MGustação
(Não faz jus à comida tão boa. É impossível descrever as várias texturas, havia a pele frita dos peixes, as farinhas, os pós, iogurte em pó, o gosto de carvão, a maior delícia. Se não fosse o Atala em quem confio, jamais deixaria que me alimentassem com olho de cão tostado, com rim de cordeiro com priprioca, acharia que havia um louco solto na cozinha. Fazia muito tempo que não comia tão bem. )
Ceviche de agulha com pupunha, rabanete e pó de banana
Chibé/couscous/tabule
Caracol marinho com tangerina e alga.
Legumes com roti de cebola e creme azedo com cebolete
Olho de cão tostado, frito e cru com molho de limão e fígado
Carapau com molho roti, sautée de palmito fresco e cogumelos
Rim de cordeiro, abacaxi e purê de cará com priprioca
Copa lombo de javali, farofa e sorbet de pana
Aligot
Mamão verde, iogurte e bacuri
Abóbora, carvão vegetal e sorvete de tapioca.
Alex Atala durante a aula no festival de gastronomia (Foto: Pedro Triginelli/G1)
Lembro de uma vez que o caseiro de Paraty fez para nós farofa de fígado de peixe. Apavorada, passei para o meu marido que empurrou de novo para meu lado. Fiz uma cara de inocente, “mas, Silvio, você gosta de farinha, de fígado, de peixe!” E ele respondeu entredentes “mas, não gosto de farinhadefígadodepeixe”!
Roubei do blog E-Boca Livre do Carlos Eduardo Dória. Vocês já leram o blog dele? É sempre muito bom. Mas, às quintas tem uma coluna que se chama Leitor de quinta onde ele banca o editor do caderno de comida da Folha e do Estadão. E desce a lenha! É engraçado.
Abaixo é coisa séria. Atenção. Roubei porque não saberia escrever assim.
“… Retratos do Gosto pretende ser uma espécie de holding de pequenos produtores, sob a égide de uma marca alimentícia criada pela Mie Brasil www.miebrasil.com.br , do empresário Gustavo Succi, em sociedade com Alex Atala. Um empreendimento desse facilmente fará gravitar no seu entorno uma série de marcas artesanais dispersas por ai. No processo de associação, o mini arroz é produzido pela empresa “Arroz preto Ruzene Ltda”, que abre mão da marca Ruzene, já bem consolidada em supermercados diferenciados, em favor da marca Retratos do Gosto. A próxima agregação será um produto dos chocolates AMMA.
Esses acontecimentos mostram um movimento vertical em direção aos produtores, mais do que uma associação horizontal, de afinidades entre chefs de cozinha. Coisa já verificada entre europeus, como evidenciam os trabalhos de René Redzepi e Andoni Aduriz – para citar as “vanguardas”.
Como diz a consultoria Baum+Whiteman, as tendências mundiais dos restaurantes para 2012 indicam que “mais e mais chefs sairão à busca por ingredientes locais ‘selvagens’, em contraste com a antiga ênfase nas tecnologias”. Trata-se de um triunfo, ainda que tardio, da pregação incansável do chef Santi Santamaria.
Para se diferenciarem, os chefs terão que mergulhar na cadeia vertical de fornecimentos, desenvolvendo produtores de acordo com seus desejos. Ainda no final de semana, tive oportunidade de conversar com Alberto Landgraf, do Epice, que me relatou a dificuldade quase insuperável que enfrenta para conseguir cambuquira – o prosaico broto da abóbora.
É excessivo esperar que os chefs, além de tocarem a cozinha de um restaurante, se convertam em organizadores da produção, em sitiantes por necessidade. Mas ou eles se ajustam à oferta – o que, segundo Barattino, é mais fácil – ou trilham esse difícil caminho de induzir a produção de algo específico.
É um certo exagero dizer que “o mini arroz é um arroz brasileiro e único no mundo, fruto da natureza do Vale do Paraíba”. Trata-se, sim, de um produto da seleção artificial desenvolvida por agrônomo do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) em colaboração com um empreendedor, Francisco Ruzene, que já produz arrozes diferenciados no Vale do Paraíba.
Sem dúvida, da colaboração entre pesquisadores e produtores pode sair muita coisa boa, e infelizmente as políticas públicas não investem muito nessa direção. Dai ser extraordinário que um produtor se disponha a suprir parte dos investimentos que o governo não faz. Ainda assim, o IAC acaba de anunciar uma nova variedade de mandioca, mais saborosa e nutritiva, que em breve irá a mercado. Esta mandioca é fruto de 20 anos de pesquisas, isto é, de cruzamentos de variedades e seleção.
Mas a gastronomia é uma indústria essencialmente novidadeira e competitiva. Ninguém quer ser igual a ninguém. Mais e mais requererá produtos singulares, como mostrou a recente “corrida amazônica”. Primeiro foi o feijão “manteiguinha de Santarém”, depois a farinha de mandioca de Uarini, que chefs rebatizaram por aqui de “ovinha”, e assim por diante. E há, ainda, as pimentas dos índios baniwa, e outras coisas que ainda não aconteceram plenamente (como o queijo Canastra, de Minas Gerais). Produtos nos quais se misturam a natureza e o engenho humano. Como agora, nesse mini arroz feito pela seleção artificial por agrônomo já falecido, do Instituto Agronômico de Campinas.
Pela característica competitiva da gastronomia, sou um tanto cético em relação à iniciativa Retratos do Gosto que, além de uma empresa, aponta para “um movimento de chefs unidos em prol de pequenos produtores e alimentos melhores, remunerados de forma mais justa e digna”. Não vejo impulsos fortes e capazes de solidarizar os chefs, salvo para o enfrentamento de ameaças coletivas – como a classificação dos hotéis para o período da Copa e a posição subalterna em que o governo colocou a culinária brasileira. Mas espero estar enganado.
Já os “naturebas” talvez ainda se horrorizem com a seleção artificial, esse engenho humano que acompanha a evolução da nossa espécie há mais de 10 mil anos e acabou dando na transgenia.
Mas o fundamental é essa relação vertical nova que solidariza os elos da cadeia alimentar para que resulte em coisas úteis para nós. Houve época em que se selecionava tomates pelo formato, para que coubessem mais unidades numa caixa. Agora, com a demanda dos chefs, há que se privilegiar aspectos gustativos e estéticos no prato. É um avanço, sem dúvida. Portanto, é torcer para que essa moda dure o suficiente para imprimir diretriz duradoura para a produção. “
Ahahahaha. Adorei quando você diz: …”jamais deixaria que me alimentassem com olho de cão tostado, com rim de cordeiro com priprioca, acharia que havia um louco solto na cozinha.”
Acho que caracol marinho assusta mais. Eu mesma, só tomei coragem para comer um numa noite em que exagerei na bebida, em uma cervejaria artesanal.
Marisa, só agora acho que aprendi a responder. Tem um limite para burrice, mas a minha se esqueceu desse pormenor. Beijos, tenho saudade de vc como se te conhecesse. Credo, falar uma coisa dessas para alguém de cultura japonesa acho que pode ser até de mau gosto. O Carlos Siffert, meu amigo quando falava demais pedia desculpas e perguntava se não estava oversharing.
Minha família é mineira, logo criada longe do mar. E não trago no DNA uma loucura por peixes ou crustáceos.Mas, lá em Paraty percebo que no Brasilnão gostam muito de fundo de rede. Com certeza é coisa de gente que não passou fome, porque quem passou come de tudo.
Volte, volte!!!!
Li uma crônica sua falando sobre deliciosos mangaritos, lá no quintal da mãe tem uma batatinha chamada caramoela, pois tem o formato da mesma, as aves do céu que plantaram, nos só coletamos, verdade seja dita não é muito saborosa, mas tem oespírito de comida de coleta, também os pés de dente de leão conhecido na região como serralha, dá um refogadinho delicioso, é isto…
Já fui ao D.O.M., gostei…O Alex, foi um dos profissionais dos quais, conseguiu nos mostrar ao mundo.
Mas ter em seu cardápio, Raia…me parece um pouco absurdo…(sim sou uma Eco-chata!)
E agora, desculpe a ignorância, olho de cão???
Alguém pode me explicar o que seria…? Ou seria, mesmo um retrocesso no tempo???
Como sopa de tartaruga, mesmo que seja de cativeiros…não justifica.
Não precisamos disso, para termos prazer na mesa. Me desculpe!!!!
Olho de cão é um peixinho vagabundo e gostoso. Respondi vc no comentário da Luiza, ora que confusão. Volte, volte!