Pato Gordo em casa
06/03/12 00:32Só ouvimos falar do Heston Blumenthal, do Fat Duck, como um cozinheiro maluco que às vezes acerta e outras erra. O único mal é errar justamente quando vamos ao restaurante dele. Tenho admiração pelo Heston Blumenthal, acho inteligente, extremamente estudioso, corajoso, experimentador, quer coisa melhor para nós que vamos atrás dos grandes pesquisadores, capengando nossas impossibilidades?
Em 2011 recebi seu livro de comidas caseiras. Livros que geralmente não me enganam muito, o caseiro deles é a nossa maior dificuldade, eles se esquecem do que é caseiro, querem que levemos dois dias fazendo um frango assado. Socorro!
Mas, Heston foi surpresa boa. Não pude ir de receita em receita, motivos óbvios, mas só de passar os olhos já me enchi de idéias. Por exemplo, sopa de abóbora que aprendi há uns vinte anos com o Daniel Boulud e que ainda não saiu de moda. O Boulud na finalização da sopa usa uma redução de zimbro com creme de leite que dá um tchan delicioso. Heston vai mais longe, põe sementes de abóbora no fundo da tigela (eu ponho castanhas portuguesas), e gruda na beira da tigela individual de sopa uma mistura batida no processador de avelãs e manjericão e farinha de rosca. Como se fosse um copo de tequila com sal na borda, só que uma borda bem maior, interna. E insiste para que usemos abóboras bem maduras e duas espécies diferentes. Tem outras novidadezinhas, mas só vou usar essas.
E gazpacho de repolho roxo? Coisa mais linda! Tem que ser feito na hora.
E ele lava a ova de salmão para retirar aquela película e faz um molho com molho de soja e mirin para as ovas. Serve sobre blinis, normalmente, mas elas ficam mais frescas, menos salgadas.
Quase todo mundo já deve ter feito bagna cauda numa etapa da sua vida de cozinheiro. Afinal é fácil e muito gostoso. Um dip de azeite, alho e anchovas. Geralmente servido quente com legumes crus. Pois ele dá a idéia de servir frio, como molho de carnes. Bommmmm.
Acho que vamos ter que comprar um daqueles aparelhos de sous-vide. Não tem mais livro que não tenha cozimento em baixa temperatura. Relutei um pouco em comprar por não ser muito prático para buffet, mas vou ter que ter um só para mim. Não sei onde vai caber, por ter uma cozinha mínima, mas com certeza vai pra sala! Com essa moda de cozinha, daqui a pouco nem sala de visita temos mais. Afinal não é divertido para a visita ficar picando cebola, alho, tirando caroço de azeitona? É sim, e ando louca para comparar uma geladeira daquelas maravilhosas e colocar no Rio de Janeiro, na sala, cheia de água de coco e comidinhas. (Lá, a cozinha é menor ainda.)
Copio algumas fotos para vocês terem suas próprias idéias. Outra novidade dos cozinheiros é que estão defumando demais as comidas, com pequenos defumadores (como um revolver), ou então improvisando com feno que não queima a comida e dá bastante fumaça. Ah, Dio Mio, comida, um assunto que não tem fim!