DOMINGO DE CARNAVAL
20/02/12 15:48Há 25 anos ou mais me sinto ridícula quando chega o Carnaval. Escrevo sobre ele sem melancolia, mas com vontade que voltem os bailes, os concursos de fantasia, (vocês não imaginam como pode ser engraçado um concurso desses, pelo menos era, no tempo do Clovis Bornay e do Evandro….. Alfinetadas de cá para lá, o peso enorme das fantasias, os nomes esdrúxulos, como são os nomes dos pratos da cozinha de hoje. “Faisão desolado sobre mancha púrpura de jambo branco no Egito antigo” Assim. E haja pena de galinha, de faisão e de todo outro bicho que tivesse pena.
E a fantasia mais original? Era de rolar de rir com “A tartaruga fantasma”, o “Pingüim de pérolas negras”, “A vaca barroca de coroa. “Vida e morte da Renascença ébria, nos desmanches da Idade Média”
E as matinês dançantes dos clubes do interior, as bandas de rua?
Tinha passado de moda. O nosso Carnaval tinha passado de moda.
Eu me sentia como que empurrando aquelas alegorias pesadas na avenida, com medo que não passassem a tempo por debaixo da ponte. Nada fazia voltar o carnaval, festa tão brasileira.
Nesse ano parece que meu esforço e o de milhares de outros carnavalescos não foram em vão. Tem carnaval brotando de todos os lados, das sarjetas, das revistas de moda, da ladeira, do quarteirão. A moda virou, parece que ganhamos. Só me pergunto sobre o confetti e a serpentina, o Rhodo de Ouro nem ouso querer saber.
Pronto, missão cumprida,vou guardar a fantasia e as marchinhas antigas na gaveta, fechar o armário e chega!!!! A muda pegou viçosa e forte, já podemos abandoná-la às chuvas de verão.
Últimos comentários de sábado. A hostess da Globo foi incansável, simpática e hospitaleira, como uma hostess deve ser . Palavra pronta, engraçada sem ser demais, e sem aquele lenga-lenga de “Pretinho da Portela filho de Nenê da Sacarrolha, brilha na passarela há 17 anos, junto com a porta-bandeira Milu do Sovaco, neta de Adolfinho da Viola.”.
Jornalistas de TV de última hora que não sabem o que é Carnaval, só usam o gancho do carro de alegorias encalhado que não vai passar e prejudicar a escola, e será que vai dar tempo da escola atravessar a avenida? Parem com isso. O drama é outro. É para desestressar, o gancho é alegria e não previsão de catástrofes. E se a escola encalhar? Problema deles. No ano que vem tem mais. O mais divertido é desfilar, não é uma corrida para chegar a tempo no portão da saída. Conversa-se sobre isso na quarta de cinzas, na apuração, ok? É para fugir, para esquecer das coisas ruins, não é corrida de Fórmula 1, devagar com o pito.
Aviso aos navegantes, estou à procura de outra bandeira. Baleias? Sardinhas? Miss Universo? A cultura da TV? A TV Cultura? Já vou avisando o que não quero. Não quero ser vegetariana com todo respeito, nem protetora de cães e gatos, com todo respeito. Adoraria falar mal de gente que fala sua vida no celular à nossa frente e vou ver se encontro outra farrinha boa (farrinha, não farinha), que esteja desaparecendo em prol dos costumes e do politicamente correto. Talvez implicar com os seios de silicone, todos iguais.
Podemos começar hoje a campanha nova. Já se imaginou, velhinha, cabelos brancos, toda enrugada, no asilo de velhos com aquelas mamas enormes? Vai pegar mal? Sei lá, talvez seja o único consolo….
eu já pensei nesteexcesso de próteses depois da pessoa mortinha da silva, esqueletinhos magros com imensas próteses calipigias ou mamarias…lembra aquela história que prega que a medicina atual gasta mais dinheiro com remédios ara disfunção erétil e próteses do que com pesquisas sobre Alzheimer, o que poderá gerar uma infinidade de velhinhos enxutos e excitados, mas sem lembrar para que serve aquilo tudo…